Caso Romenia: Pai vai ao Suriname para tentar repatriar corpo de tocantinense morta pelo marido
Redação Gazeta do Cerrado
Romenia foi assassinada pela marido em uma vila no Suriname – Foto – Arquivo Pessoal
Lucas Eurilio
O caso Romenia Brito ainda choca moradores do Tocantins e da vila no Suriname, onde a vítima morava há 12 anos com o esposo e dois dos três filhos.
A jovem de 28 anos, natural de Buriti do Tocantins, no Bico do Papagaio, foi assassinada a facadas na frente do filho de 10 anos. O crime aconteceu às margens do rio Lawa, divisa da Guiana Francesa com o Suriname.
O principal suspeito de ter assassinado Romenia é o marido, Aimar Lopes de Souza que foi presos por autoridades locais, na segunda-feira, 23, quando o crime foi descoberto por familiares.
O pai da jovem Romenia viajou para o Suriname nesta quarta-feira, 25, para tentar repatriar o corpo da filha e trazer os netos de 10 e 5 anos.
A passagem foi custeada através de um empréstimo feito pela família da vítima. A passagem de ida ficou no valor de R$ 9 mil, de Belém (PA) até a capital do Suriname, Paramaribo.
Conforme Holanda Brito, irmã da mulher, apenas a diária do necrotério onde o corpo está seria em torno dos 80 dólares.
Os familiares mobilizam as redes sociais para tentar conseguir dinheiro e arcar com todo o translado de repatriação.
Em um e-mail encaminhado pelo Itamaraty para a família de Romenia diz que “É importante observar que não há previsão legal ou orçamentária por parte do governo brasileiro para pagamento das despesas funerárias, nem do enterro, nem do translado corpo/cinzas para o Brasil. Desta forma, antecipamos que a família deverá arcar com tais despesas”.
Romenia compra passagens apenas de vinda
Mensagens divulgadas em primeira mão pelo G1 TO mostram que horas antes de ser assassinada, Romenia contou para para a mãe que tinha comprado passagens apenas de vinda para o Tocantins.
“Eu marquei a passagem, mulher, só que eu comprei a passagem, porque meu passaporte da pra eu comprar, entendeu? Só que eu não comprei de volta, só comprei de ida”
Dias antes do crime, Romenia contou também que estava infeliz com o casamento.
A jovem estava vindo também para comemorar o aniversário do filho que completa 14 anos em dezembro.
Filhos no Suriname
Além de todo o transtorno e gastos caríssimos com o translado do corpo de Romenia, a família dela enfrenta outro problema.
Os filhos da jovem estão na casa de uma vizinha na vila onde ela morava e conforme o Ministério das Relações Exteriores eles só poderão retornar para o Brasil depois que de uma decisão sobre quem vai ficar com a guarda das crianças.
Após dois dias de ter solicitado uma resposta do Itamaraty, o órgão enviou uma nota ao Gazeta do Cerrado informando que está ciente do caso e tem prestado assistência aos familiares.
Nossa equipe tenta contato ainda com a defesa de Aimar Lopes de Sousa e ressalta que o espaço está aberto caso haja interesse em se posicionar.
Veja o que diz o Ministério das Relações Exteriores
O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Paramaribo, está ciente do caso e presta toda a assistência legal e materialmente possível aos familiares, respeitando os tratados internacionais vigentes e a legislação local, conforme estabelecido pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares, o Regimento Interno da Secretaria de Estado das Relações Exteriores e o Manual de Serviço Consular e Jurídico do Itamaraty.
Nos termos do artigo 31 da Lei 12.527/2011 e do artigo 55 do Decreto 7.724/2012, informações pessoais que se referem à intimidade, vida privada, honra e imagem são protegidas por sigilo e não podem ser divulgadas sem “previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem” ”, ou, “caso o titular das informações pessoais esteja morto ou ausente”, não podem ser divulgadas sem o consentimento do cônjuge ou companheiro, dos descendentes ou ascendentes.