Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) com duas mil prefeituras mostra que 44,6% das cidades brasileiras já vacinam pessoas entre 12 e 17 anos. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (17), um dia após o Ministério da Saúde recomendar a suspensão da vacinação para os adolescentes sem comorbidades.
A pesquisa foi realizada entre os dias 13 e 16 de setembro. A vacinação em adolescentes já começou em 44,6% das cidades, enquanto 54,5% imunizam jovens entre 18 e 24 anos. Menos de 1% dos municípios ainda vacinam pessoas acima de 25 anos.
o infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Celso Ferreira Ramos, explicou que essa medida adotada pelo Ministério da Saúde é ‘questionável’, já que os efeitos colaterais costumam ser “muito baixo”. O especialista afirma que o risco do agravamento da doença é maior do que a probabilidade de um efeito adverso da vacina.
“A incidência de efeitos colaterais é baixíssima, embora a vacinação deva ser correta e rigorosamente avaliada. Aliás, o risco/benefício da vacina é altamente favorável, uma vez que o risco da doença COVID-19 na ausência da vacinação e o desenvolvimento de formas graves é maior do que a baixa probabilidade da ocorrência de um evento adverso”, destacou.
O infectologista ressalta que os pais que já vacinaram os filhos adolescentes devem ficar tranquilos e recomenda a vacinação da faixa etária de 12 a 17 anos, de acordo com a disponibilidade do imunizante em seu local de moradia.
Ministério da Saúde recua e tira adolescentes da lista de vacinação
Uma nota informativa do Ministério da Saúde, divulgada nesta quarta-feira (15), recomenda que a vacinação de pessoas com 12 a 17 anos seja interrompida, e que seja mantida apenas a imunização para adolescentes com deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade.
A medida foi anunciada após a morte de um adolescente, de 16 anos, em São Paulo, que recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Porém, a própria pasta ainda não confirmou se a morte do jovem tem ou não relação com a aplicação do imunizante.
O parecer do Ministério é contrário ao emitido pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que defende que a vacinação de todos os adolescentes é segura e necessária. O Conass e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasens) pediram um parecer da Anvisa, que afirmou que vai investigar os motivos da morte do adolescente.
Apesar das recomendações, pelo menos sete cidades do estado do Rio de Janeiro vão manter a vacinação com o imunizante da Pfizer em adolescentes, entre elas a capital fluminense. Entretanto, o governo estadual do Rio afirmou que vai aguardar respostas do Ministério da Saúde sobre o caso, apesar da decisão partir de cada município.
O estado de São Paulo afirmou que não irá seguir a recomendação do governo federal. Em nota, o governo estadual lamentou a decisão do Ministério da Saúde e afirmou que ela vai na contramão de autoridades sanitárias de outros países.