Meia hora depois do disparo, o impactador acertou a borda da cratera levantando uma pluma de destroços do solo, bem como abaixo dele, para serem observados desde o orbitador a uns 100 km de altura. E seus resultados apontaram mesmo a existência de gelo.
Como pode ter gelo na Lua?
A ideia é que o choque de cometas e outros núcleos ricos em gelo trouxe esse material para a Lua, como aconteceu com a Terra também bilhões de anos atrás. Na falta de uma atmosfera, o gelo lunar teria se evaporado assim que a luz do Sol o esquentou. Mas, em regiões como a borda de crateras nos polos da Lua, o Sol nunca ilumina os depósitos de gelo, então eles ainda estão lá.
E o gelo é muito importante, porque é dele que se espera tirar a sustentabilidade de futuras bases lunares. Além de usá-lo para abastecer as estações com água, ao se decompor sua molécula produz-se hidrogênio e oxigênio. Ambos podem ser usados na produção de energia, e o segundo, para renovar a atmosfera dentro das estações.
A Chandrayaan-2 partiu com a missão de estudar as regiões polares no sul da Lua, uma região de difícil acesso, dessa vez pousando um jipe em sua superfície!
O orbitador deve lançar o módulo de pouso Vikram (valor em sânscrito), um pequeno container de 5 metros de comprimento e massa de 1.600 kg (mil quilos só de combustível para o pouso) que carrega o jipe Pragyan (sabedoria em sânscrito).
Jipe Pragyan na rampa de descida do módulo Vikram — Foto: Indian Space Research Organisation – GODL
Depois de pousar, o jipe será liberado para executar suas próprias medidas, já que carrega um instrumento de raios-X e um espectroscópio a laser. O jipe pode alcançar a espetacular velocidade de 1 cm/s durante seus passeios e não possui um mecanismo de proteção à noite lunar que dura 14 dias terrestres. Sua expectativa de vida é de apenas 1 dia lunar, ou 14 dias terrestres…
O Vikram carrega 4 instrumentos que devem medir o ciclo térmico da superfície lunar, medir selenomotos, como são chamados os terremotos lunares e também inclui um painel refletor para medidas de laser.
O painel é uma colaboração com a Nasa que pretende medir não só a distância Terra-Polo Sul Lunar com precisão de centímetros, mas também medir com precisão o movimento de libração lunar.
Desenho da sonda Chandrayaan-2 acoplada ao módulo Vikram — Foto: Divulgação/Indian Space Research Organisation
Este movimento é uma espécie de “bamboleio” que a Lua executa enquanto orbita a Terra, de modo que uma pequena fração de partes que permaneceriam ocultas, devido à sincronização dos movimentos orbitais da Lua, possa ser observada da Terra. Outro objetivo da missão Chandrayaan-2 é verificar a disponibilidade de água no subsolo lunar, avaliando a quantidade que poderia ser explorada futuramente.
A sonda Chandrayaan-2 encontra-se ainda em órbita da Terra, mas em um processo de transferência para a órbita da Lua. Nesse processo, sua órbita vai sendo paulatinamente alargada, de modo que o ponto mais distante dela, chamado de apogeu, entre na região de influência gravitacional da Lua.
Nesse momento a sonda é capturada pela gravidade da Lua e o processo se inverte, sua órbita vai ser encolhida aos poucos. Se tudo correr bem, a inserção em órbita lunar acontece no final de agosto e o pouso da Vikram carregando o Pragyan está programado para o dia 7 de setembro.
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