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Chega a semana do polêmico leilão da BR-153: Políticos e setores rejeitam exigência de duplicação no TO só em 2041

BR - 153 - Foto: Divulgação

BR – 153 – Foto: Divulgação

 

Maju Cotrim

Lideranças políticas e autoridades do Tocantins iniciaram uma ofensiva para barrar o leilão da BR-153, nesta semana, que marca a primeira de seis grandes concessões de rodovias federais oferecidas ao setor privado pelo governo Jair Bolsonaro até o primeiro trimestre de 2022.

O leilão segue marcado para a quinta-feira, 29 de abril.

A entrega de propostas foi marcada para esta segunda-feira. O governo conta com pelo menos dois interessados – um deles o grupo CCR – no leilão. A abertura dos envelopes e a eventual disputa por viva-voz estão agendadas para o dia 19. O vencedor deverá investir R$ 8,4 bilhões na rodovia, entre os municípios de Anápolis (GO) e Aliança (TO), em um contrato com 35 anos de vigência.

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Representantes da bancada do Estado no Congresso entraram com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) buscando uma medida cautelar contra o leilão. Ao mesmo tempo, pediram impugnação do edital à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que conduz o processo. A Associação Tocantinense de Municípios também se manifestou contra o atual modelo da concessão e estuda formas de suspender a licitação na Justiça.

O argumento central é que mais de 70% do trecho da BR-153 a ser concedido no Tocantins terá obras de duplicação concluídas somente em 2041. Algumas pequenas partes, como o trajeto Alvorada-Talismã, precisarão aguardar 23 anos de contrato. Mesmo assim, o leilão prevê uma tarifa-teto de pedágio de R$ 17,04 para pista dupla e de R$ 12,17 para pista simples (a cada 100 quilômetros em média).

Enquanto isso, alegam que 69,7% do trecho em Goiás será duplicado em até dez anos e apenas 22,6% ficarão para o 20º ano em diante. Os goianos também vão receber mais passarelas (17 contra duas no Tocantins) e dois pontos de descanso para caminhoneiros (nenhum na parte tocantinense), segundo a representação ao TCU.

As federações das indústrias (Fieto) e da agricultura (Faet) do Estado enviaram carta ao TCU reforçando o posicionamento.

Leilão

A BR-153 terá um leilão “híbrido”, no qual vence a disputa quem oferecer o maior desconto sobre a tarifa-teto de pedágio. O deságio, no entanto, está limitado a 16,25% do valor máximo. Se duas ou mais empresas chegarem a esse nível de desconto, o critério de desempate são os lances com a maior outorga.

Entenda o que alega a bancada

A bancada federal tocantinense no Congresso Nacional protocolou na quinta-feira, 15 de abril, uma representação no TCU (Tribunal de Contas da União) pedindo mudanças no Edital de Concessão n° 01/2021 da ANTT (Agência de Transporte Terrestre), que prevê o leilão do trecho da BR-153 entre Alianças (TO) e Anápolis (GO).

Conforme a bancada, o certame, marcado para o próximo dia 29 de abril, tem evidentes e potenciais prejuízos ao Tocantins, com prazos demasiadamente excessivos para a chegada dos benefícios no Estado.

A representação é assinada pelo coordenador da bancada do Tocantins, deputado federal Tiago Dimas (Solidariedade), pelos senadores Kátia Abreu (PP) e Irajá (PSD), e pelos deputados federais Professora Dorinha (DEM), Eli Borges (Solidariedade), Dulce Miranda (MDB), Vicentinho Júnior (PL), Célio Moura (PT) e Osires Damaso (PSC).

Encaminhada ao ministro relato Vital do Rêgo, o documento tem como alvos a ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), dirigida por Alexandre Porto Mendes de Souza, a EPL (Empresa de Planejamento e Logística), presidida por Arthur Luís Pinho de Lima, e o Ministério da Infraestrutura, comandado por Tarcísio Gomes Freitas.

Na representação, os parlamentares pedem que, preferencialmente, sejam feitas as alterações no edital sem mudar a data do leilão. Um dos principais problemas do atual edital está na previsão de investimentos de duplicação: quase 75% do trecho da BR-153 do Tocantins a ser concedido à iniciativa privada só terá a pista duplicada a partir do vigésimo ano. Enquanto isso, em Goiás, quase 70% será duplicado em até dez anos.

“A mens legis é, então, que a eficiência seja um denominador comum para as desestatizações e, por consequência, para as concessões, como é o presente caso. Se não há eficiência em relação ao serviço prestado pelo ente concedente, razão não há para a concessão; se o bem-estar da população não for alcançado, não há motivos para que se proceda à concessão nestes moldes. Sendo um direito dos usuários receber serviço adequado, consubstanciado em justo cronograma de execução de obras, os serôdios prazos previstos para a realização das obras no Estado do Tocantins não devem ser admitidos”, destaca trecho da petição.

Além das discrepâncias para investimentos da duplicação, a representação aponta que os representados não atenderam recomendações da Corte de Contas sobre adequações que equilibrariam o edital, reduzindo prejuízos para o Tocantins.
Outros problemas do edital são em relação a investimentos de melhoria na rodovia, como na instalação de passarelas, rotatórias, interseções, que vão ocorrer em numero muito pequeno na comparação com o Estado vizinho:

– Duas passarelas no Tocantins, contra 16 de Goiás;
– nenhuma rotatória no Tocantins, seis em Goiás;
– Quatro retornos em X no Tocantins, 76 em Goiás;
– Quatro intercessões no Tocantins, 15 em Goiás.

No trecho do Estado, que tem quase 180 quilômetros e vai de Aliança Talismã, dois pontos de pedágio serão instalados e entram em funcionamento em até um ano após a concessão.

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