Começo do século XX, uma grande praga de nome Philoxera devasta as plantações de uvas viníferas por todo mundo, desde a Europa, África do Sul, Austrália, EUA, Uruguai até chegar à Argentina.
Depois de chegar à região de Mendoza surge o grande herói de nossa história, para lutar pelas pessoas que como a gente, adoram saborear os néctares originários das videiras, a altitude e a baixíssima umidade relativa do ar impediu esta terrível praga de possivelmente extinguir a uva vinífera da face da terra.
Do outro lado dos andes os viticultores a todo vapor mantinham a produção para tentar manter vivos nossos sonhos etílicos. Eles sabiam que quando a poeira baixar seriam vitais para reestabelecer a cultura milenar dos parrerais. Assim aconteceu, depois do estrago feito as raízes das plantas chilenas foram transportados aos mais diversos cantos do mundo em uma nobilíssima missão, algo quase bíblico, repovoar o mundo.
A Philoxera atacava as raízes das plantas e essa foi a chave da reconstrução, bancos de sementes que hoje são comuns ali começavam a ser usadas para recriar um mundo tão delicioso, essas sementes foram enxertadas nas raízes chilenas especialmente preparadas para a nobre missão, diversas algumas variedades foram consideradas extintas inclusive, para a nossa felicidade, a nossa dica de hoje.
Perdida no meio de plantação supostamente de Merlot enólogos encontraram alguns folhas que não condiziam com as da supracitada, depois de um estudo mais profundo que incluiu testes de DNA confirmaram, era a hoje famosa Carmenere, isso já era o final dos anos 80 começo dos anos 90, quase um século depois do desastre, então comemore esta feliz descoberta, homenageie nossos heróis tomem um bom Carmenere chileno com talvez um churrasco de carneiro para combinar com seus sabores poderosos é o melhor agradecimento a estes bravos cavaleiros.
Por Ricardo Pisani