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Coluna Cultura do Vinho: O julgamento de Paris

A tradicional e mítica saga dos azarões, o tipo de historia que no cinema sempre nos traz emoção, assim podemos descrever a historia do julgamento de Paris feito em homenagem ao bicentenário da independência americana em 1976, alguns dos mais tradicionais vinhos de Bordeaux e Borgonha na Franca contra as desconhecidas novidades da costa oeste dos Estados Unidos.

Regiões vinícolas Francesas

Hoje os condados de Napa e Sonoma da Califórnia, EUA, são instituições do vinho reconhecidas mundialmente, e há 40 anos atrás eram ilustres desconhecidos. O cenário de exploradores e aventureiros que víamos nos filmes do Velho Oeste não estava muito longe da realidade. Eram pioneiros que imaginaram que aquele terreno montanhoso e árido poderia ser  propício para plantar uvas viníferas.

Califórnia, EUA

Do outro lado tínhamos plantações seculares , verdadeiras lendas do mundo do vinho, os tintos  como os Château Haut-Brion

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Chateau Haut-Brion

e Château Lafite Rothschild

O centenário Chateau Lafite, este é de 1878

Adega do Chateau Lafite-Rothschild, por Ricardo Bofil

e os clássicos Chardornnays da região oeste Francesa estavam na ponta da língua de pretenciosos mundo afora, não que sejam ruins,

Chardornnay Frances

mas até aquele momento eram considerados inatingíveis, principalmente quando se pensava nos emergentes produtores de vinhos (EUA, Chile, Argentina, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia principalmente) de vez em quando os Italianos, quem sabe um Vega Sicilla espanhol, mas um vinho estadunidense jamais.

Vinho Espanhol Veja-Sicilia

Até que um belo dia, um negociante de vinhos inglês radicado em Paris, resolveu diversificar, pensando mais em Marketing do que em causar uma revolução, viajou ate a Califórnia para escolher 10 vinhos para sua loja, só que acabou se surpreendendo com o que viu e provou, assim, a luta de Davi contra Golias estava marcada e fora iniciada em plena  capital francesa.

Loja de Vinhos em Paris, França

O júri contava com nomes indiscutíveis nesse meio, desde o dono do Domaine de la Romanée-Conti (provavelmente o produtor dos vinhos mais caros do dito pais europeu),

Vinícola Tradicional Francesa, Domaine de la Romanée-Conti

sommeliers de restaurantes 3 estrelas no guia Michelin como Taillevent e Tour d Argent e uma única mulher editora da mais importante revista de vinhos francesa. A degustação as cegas se provou eficiente e surpreendente, os americanos venceram.

Antigo exemplar do Guia Michelin, que atua até os dias de hoje

Entre os brancos o grande vencedor foi o Chateau Montelena 1973 com 132 pontos,

Chateau Montelena 1973

estre os tintos o Stag’s Leap CASK 23 Cabernet Sauvignon (que inclusive quase me fez perder um voo) com 127,5 pontos,

Stag’s Leap CASK 23

a surpresa e a expressão de poucos amigos dos franceses foi marcante, o rei estava deposto e o mundo começava a descobrir que nem sempre o mais caro e necessariamente o melhor. Boa semana e bons vinhos.

Obs.: O filme “O Julgamento de Paris” com Alan Rickman e Chris Pine e o livro são imperdíveis.

 

Ricardo Pisani, Colunista da Coluna Cultura do Vinho é: Publicitário e auto ditada em vinhos e enologia, transformado em produtor de vinho. O conhecimento iniciou em casa e na prática, com dois restaurantes abertos pela família. Anos depois participou da formação da Vinícola Pisani em Santa Catarina onde, presta assessoria hoje.

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