Em 2004 foi lançado o filme Sideways – Entre Umas e Outras (drama, co-escrito e dirigido por Alexander Payne, Oscar de melhor roteiro adaptado e dois Golden Globes, Globos de Ouro, com melhor filme e roteiro). Sucesso de público e crítica, contava com um elenco pouco conhecido mas de rara competência que incluía a atriz Sandra Oh (Dra. Cristina Young de Grey`s Anatomy), o ator Thomas Haden Church (o vilão do Homem Aranha 3), além do “sempre mal compreendido” Paul Giamatti (ganhador de dois Golden Globes por melhor ator) que além de bom ator também é um entendedor de vinho.
Então você me pergunta: Esta coluna é sobre vinho ou sobre cinema? E logo respondo: o foco é o vinho mas não só o líquido e sim toda a cultura que envolve a sua produção, consumo e afins. Então vamos ao que interessa: O filme conta a história da despedida de solteiro de Church a qual seu melhor amigo (Giamatti) o leva para fazer um tour por suas vinícolas favoritas nos condados de Napa e Sonoma no norte da Califórnia perto de São Francisco.
Durante o percurso acontecem diversos entreveros e desventuras aos quais levam eles a repensar a vida, mas o grande caso que eles causaram foi muito além da telona. Giamatti passa o filme tecendo elogios a uva Pinot Noir e falando mal da Merlot, justamente a variedade mais plantada no nosso país tropical.
Fato é que os produtores brasileiros se irritaram e até cogitaram entrar na justiça americana contra o ator e os produtores do filme, afinal a Pinot Noir é muito cara e difícil de cultivar, nossos custos abusivos tornavam inviável uma produção de qualidade e ainda hoje poucos Pinots saem das nossas parreiras, então involuntariamente causou problemas sérios na imagem de nossos vinhos.
Spoiler alert (Essa expressão serve para avisar ao leitor que uma parte importante da trama será revelada ali, tal como o clímax ou o final), o que os produtores não contaram é que ele termina o filme tomando um vinho que é feito com 80% de Merlot, surpresa, hoje o tempo passou e as mágoas foram esquecidas, mas esta última retratação eu precisava fazer.
Em homenagem a isso vamos conversar sobre uma combinação para o tinto californiano que sempre caíra muito bem com um belíssimo Filé Mignon ou por que não, aquele peixe de sabor intenso como o Pirarucu ou o Bacalhau, boa semana a todos e bons vinhos.
Por Ricardo Pisani: