A Odebrecht anunciou nesta terça-feira (25) que fechou uma série de acordos, incluindo a conclusão da venda da unidade de saneamento do grupo, a Odebrecht Ambiental, que garantem um reforço de caixa de cerca de R$ 2,5 bilhões.
Em comunicado, a empresa afirmou que os recursos “são suficientes para atender às necessidades de caixa por aproximadamente dois anos”.
A venda da participação de 70% na Odebrecht Ambiental para a canadense Brookfield Business Partners foi anunciada em outubro do ano passado por um preço estimado em US$ 768 milhões. O fundo de investimento FI-FGTS permanece com os 30% restantes do capital da empresa.
A unidade foi fundada em 2008 e se transformou na maior companhia privada de saneamento do Brasil, atendendo a mais de 17 milhões de pessoas em 12 estados. com serviços de fornecimento de água e tratamento de esgoto.
No comunicado desta terça-feira, a empresa não informou do valor de conclusão do negócio.
Acordo com bancos
A Odebrecht informou que também fechou um acordo com um grupo composto pelos “maiores bancos brasileiros”, o qual permite que os recursos da venda da unidade ambiental não sejam utilizados para pagamento antecipado de dívidas.
“Não vamos esquecer o passado. Estamos pagando caro por nossos erros. Mas estes acordos nos permitem investir na liquidez e na retomada dos negócios de construção e infraestrutura, sempre com ética, integridade e transparência, e dentro de um novo modelo empresarial que conjuga duas características: qualidade de governança igual à das empresas de capital aberto e Sistema de Conformidade tão ágil e rigoroso quanto o das maiores, mais eficientes e mais respeitadas empresas do mundo”, disse o Diretor Presidente do grupo Odebrecht, Newton de Souza.
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Impactos da Lava Jato
O envolvimento da Odebrecht na Operação Lava Jato refletiu nos seus negócios e a obrigou a revisar sua estratégia. A prisão do então presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, em junho de 2016 trouxe uma crise institucional e financeira ao grupo Odebrecht.
Sem capital para tocar todos os seus projetos e com uma dívida elevada, a empresa começou a vender ativos. A lógica é se desfazer de negócios não prioritários para obter recursos para investir em projetos mais interessantes, reduzir sua dívida e evitar seguir ficar sem capital e ter de seguir o mesmo caminho de outras construtoras citadas na Lava Jato. A OAS e a Galvão Engenharia não resistiram à crise e pediram recuperação judicial.
Em 2015, a Odebrecht anunciou um plano de venda de R$ 12 bilhões em ativos. Além da participação na Odebrecht Ambiental, o grupo se desfez de concessões de rodovias no Peru e na Colômbia e de um complexo eólico no Rio Grande do Sul.
A Odebrecht também negocia a venda da sua participação na concessionária que administra o aeroporto do Galeão. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, afirmou na segunda-feira (24) que o grupo chinês HNA fechou acordo para comprar a parte da Odebrecht e entrar na concessionária. O negócio, entretanto, ainda não foi confirmado pela Odebrecht.
Confira a íntegra do comunicado divulgado pela Odebrecht:
“A Odebrecht S.A., holding do Grupo Odebrecht, acaba de assinar acordos que darão tranquilidade para a execução do plano de reestruturação empresarial do grupo e a retomada progressiva de todos os seus negócios. Como resultado dos acordos, o grupo receberá reforço de aproximadamente R$ 2,5 bilhões, suficientes para atender às necessidades de caixa por aproximadamente dois anos.
“Os contratos agora assinados nos ajudam a olhar para o futuro” – disse o Diretor Presidente do grupo Odebrecht, Newton de Souza. “Não vamos esquecer o passado. Estamos pagando caro por nossos erros. Mas estes acordos nos permitem investir na liquidez e na retomada dos negócios de construção e infraestrutura, sempre com ética, integridade e transparência, e dentro de um novo modelo empresarial que conjuga duas características: qualidade de governança igual à das empresas de capital aberto e Sistema de Conformidade tão ágil e rigoroso quanto o das maiores, mais eficientes e mais respeitadas empresas do mundo”, acrescentou Newton.
Um dos acordos assinados pela Odebrecht é o da conclusão da venda da Odebrecht Ambiental. Esta empresa foi fundada pela Odebrecht em 2008 e se transformou na maior companhia privada de saneamento do Brasil, atendendo a mais de 17 milhões de pessoas em 12 estados com serviços de fornecimento de água e tratamento de esgoto. Os 70% de participação da Odebrecht na Ambiental foram adquiridos pela Brookfield Business Partners LP, em conjunto com outros parceiros institucionais. O fundo de investimento FI-FGTS detém os 30% restantes do capital da empresa.
A Odebrecht fechou também acordo com um grupo composto pelos maiores bancos brasileiros, parceiros de longa data da companhia. Esse acordo permite que os recursos da venda da Ambiental não sejam utilizados para pagamento antecipado de dívidas aos mesmos bancos. Ou seja, serão usados pela Odebrecht para prover liquidez aos seus negócios e honrar compromissos.
Os movimentos agora anunciados pela Odebrecht fazem parte de um plano estratégico mais amplo do grupo, desenvolvido desde o ano passado. O primeiro foco foi em liquidez, diante do cenário de restrição de crédito iniciado com a crise econômica e agravado com a Lava Jato. Em cada Negócio e no âmbito da Holding, ainda está em andamento um programa de desmobilização de ativos. A venda da Odebrecht Ambiental é parte desse programa.
Ao mesmo tempo, a Odebrecht redesenhou o seu modelo de governança. Ampliou o número de conselheiros independentes nas empresas. Criou Comitês de Conformidade no Conselho de Administração de cada um dos seus Negócios e no de suas empresas subsidiárias. Há hoje em todo o grupo 9 CCOs (Chief Compliance Officers), autônomos em relação aos gestores dos negócios, com equipe de mais de 50 pessoas implantando uma nova política e um novo Sistema de Conformidade.
A “colaboração definitiva com a Justiça”, como foi anunciada há um ano, levou 77 executivos e ex-executivos do grupo a fazer as revelações divulgadas amplamente em vídeo nos últimos dias. Os relatos, feitos através de acordo com o Ministério Público Federal, descrevem em detalhes e com provas dezenas de casos de corrupção, passando a limpo as relações de mais de uma década da empresa com governos, instituições públicas, políticos e partidos.
A partir daí, a Odebrecht assinou com o Ministério Público Federal do Brasil e autoridades dos Estados Unidos e da Suíça um Acordo de Leniência que impõe a aplicação de multa e outras sanções, e permite à empresa voltar a participar de licitações e financiamentos públicos. Também como decorrência da Leniência, desde março deste ano dois monitores externos independentes acompanham o dia a dia da empresa para assegurar que ela de fato mudou de atitude.
“Depois do impacto que sofremos, damos agora um passo que estabiliza o grupo e cria condições para a volta do crescimento assim que a economia do país melhorar. Já temos instrumentos para dar tratamento adequado e resposta rápida a qualquer insinuação ou ameaça de corrupção ou desvio de conduta. Nossa relação com o poder público não será mais a mesma. Estamos virando esta página”, disse o Diretor Presidente da Odebrecht S.A., Newton de Souza.”