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Cotado para disputar Presidência em 2022, Luciano Huck diz que tomou decisão de contribuir na política

Divulgação/Porto Digital

Apontado como possível candidato à presidência da República em 2022, o apresentador Luciano Huck fez uma palestra no Recife nesta quarta-feira (2). Ele foi convidado a falar sobre empreendedorismo em um evento do Porto Digital, o maior parque de tecnologia do Nordeste. E aproveitou a ocasião para fazer críticas ao estado brasileiro, dizer o que acha ser correto em temas sensíveis ao país e contar como entrou na política. “Decidi contribuir”, afirmou, dizendo que a outra opção era continuar sendo um “peixinho dourado” no Projac.

Luciano Huck começou a apresentação falando da relação sentimental com o Recife. Contou que visitou a cidade com a esposa Angélica e elogiou as escolas de tempo integral de Pernambuco. Neste ponto, começou a adotar um tom político, dizendo que a educação deveria ser a solução para os problemas do Brasil. É por conta desse entendimento, por sinal, que disse estar passando por uma fase de dúvidas, em que tem feito muitas perguntas para tentar encontrar uma solução para os problemas do Brasil. “E tem solução. É isso que me deixa maluco”, disse.

“De tudo que vi nesse Brasil, fiquei procurando o assunto que mais me incomoda hoje em dia. E o que mais me incomoda é o quanto esse Brasil é desigual. Eu sou muito bem remunerado no meu trabalho. Mas estou vendo tanta coisa. E se a gente não se preocupar com a redução da desigualdade, se não chegar em um momento em que a qualidade da escola do pobre seja igual à do rico, que o hospital esteja a mesma coisa, que não pense em alimentar o filho dos que têm menos com descartes e sim com a mesma qualidade que alimentamos nossos filhos, esse país não vai dar certo. Este assunto é o que mais me incomoda, o que me traz ao palco, me faz pensar, refletir e tem orbitado todas as minhas movimentações”, declarou Huck.

Citando dados oficiais da desigualdade brasileira, o apresentador disse que decidiu contribuir com o trabalho de mudança dessa realidade. E admitiu que essa decisão provocou “um tsunami” político na sua vida nos últimos dois anos e meio. “Eu tinha dois caminhos: podia seguir sendo um peixinho dourado, protegido e bem alimentado no aquário do Projac. Ou não, poderia tentar contribuir”, enfatizou.

Huck ainda disse que encontrou duas formas de contribuir com essa situação: “convocar a minha geração e a próxima e deixar claro que, se não botarmos a mão na massa, as coisas não vão se resolver de forma espontânea, ninguém vai fazer por nós” e também “qualificar os políticos”. Foi com este propósito que ajudou a fundar o Movimento Agora – movimento que busca construir um plano de desenvolvimento sustentável para o Brasil e aproximou Huck de deputados como Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES). “Só quem tem poder de fato para atacar esse problema é o estado e o estado é gerido pela política e a política é feita pelos políticos. Então, a gente tem que qualificar os políticos. Foi nesse caminho que tentei entrar nos últimos dois anos”, explicou

O apresentador contou ainda que, desde então, tem conversado com muita gente e observado o que países como França, Canadá e Coreia do Sul têm feito em prol do desenvolvimento sustentável. Ele citou, inclusive, os nomes do presidente francês Emmanuel Macron e do premiê canadense Justin Trudeau, que recentemente entraram em atrito com o presidente Jair Bolsonaro. A partir daí, começou a apresentar algumas das suas opiniões sobre a condução política do Brasil.

Além de cobrar a redução da desigualdade social e uma solução para o aumento das favelas, Luciano Huck falou muito sobre eficiência e empreendedorismo, já que estava em um evento de tecnologia e economia criativa. Ele afirmou que, além de corrupto, hoje o estado é “um elefante, pesado, lento e velho”, além de “muito incompetente” na administração de certas empresas. Por fim, concluiu que um país eficiente precisa criar condições favoráveis ao empreendedorismo e disse que a tecnologia deve fazer parte da solução deste e de outros problemas, relacionados a transparência, saúde e educação.

“Nossa geração tem que lutar com as duas pernas. Não pode se prender só com a esquerda ou só com a direita. Vejo a importância do pensamento liberal sob o ponto de vista de que o Estado tem que ter o tamanho necessário, nem grande nem pequeno; tem que ter uma sociedade aberta e um pensamento globalizado; o mercado tem que se regular e crescer sozinho. Do outro lado, tem que ter uma agenda social e um olhar social importante. O estado é muito incompetente na maioria das vezes em que tenta gerir qualquer tipo de empresa, não deve se comparar com a iniciativa privada. Então, tem que dar condições para a sociedade civil empreender. Isso envolve um estado mais eficiente, com regulação clara, desburocratizado, que dê crédito e acesso, independentemente do lugar que você tenha nascido”, concluiu Huck, que foi muito aplaudido pela plateia de jovens empreendedores que assistiram à palestra, de quase uma hora, no Recife.

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