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Cultura: Final de semana tem Festival Ópera na Tela

Festival Ópera na Tela

Data: 01/04

Horário: 19h30

Cine Cultura Palmas

Lucia de Lammermoor (1835) de Gaetano Donizetti(1797-1848)

Grand Teatro Liceu de Barcelona

Maestro: Marco Armiliato

Direção: Damiano Michieletto

Orquestra Sinfônica e Coro do Gran Teatre del Liceu

3 Atos – duração: 2h15

Elenco: Juan Diego Flórez, Elena Mosuc, Marco Caria, Simón Orfila, Albert Casals, Jorge Rodríguez Norton

Sinopse: Na Escócia, Lucia de Lammermorr vive um romance secreto com Edgardo, de uma família inimiga. Os amantes trocam alianças secretamente e Edgardo viaja. Uma armação faz Lucia crer que o amado tem outra e aceita um casamento arranjado. Edgardo retorna e amaldiçoa a noiva. Lucia pira, mata Arturo e morre, com a promessa de encontrar Edgardo no paraíso. Vendo a morte da amada, Edgardo apunhala-se.

Trailer: https://youtu.be/IdGTGUdmr7c

Site do Festival: http://www.operanatela.com/2016/opera/lucia-de-lamermoor/

Ingressos: Valor dos Ingressos: R$ 20,00 Inteira e R$ 10,00 Meia

Vendas a partir das 18h, no Cine Cultura.

Sobre a o bra:

Quando escreveu Lucia di Lammermoor parecia que o destino conspirava para que Gaetano Donizetti ocupasse o posto de maior compositor da ópera italiana. Aqueles que poderiam concorrer com ele estavam fora da disputa: Rossini se aposentara e Bellini morrera pouco antes da estreia de Lucia. E Verdi só viria mais tarde, com o incentivo de Donizetti, responsável pela estreia de sua primeira ópera em Viena, Nabuco.

Donizetti estava consagrado por toda Europa, depois que Anna Bolena em 1830, deu a ele a alegria de não ser mais considerado um autor apenas de comédia. E se o Elixir do Amor, em 1832, trouxe a comédia de volta à sua produção, lhe deu também o contentamento de ser um sucesso inédito: ela foi a ópera mais executada em toda a Itália de 1838 a 1848. Era o triunfo!

A cultura da Escócia estava na moda naquele momento, e o livro de Walter Scott, A Noiva de Lammermoor – com toda a violência das disputas entre os clãs – foi usado em várias obras musicais, inclusive para o libreto desta Lucia, criado por Salvadore Cammarano.

O amor proibido é tema recorrente, mas aqui ele ganha contornos próprios. A fragilidade emocional de Lucia não suporta as manipulações e o casamento imposto por seu irmão Enrico, chefe do clã. Ela mata o noivo e se suicida. E seu amor, Edgardo, mata-se para reencontrá-la. O que então justifica todo o sucesso desta ópera? A música. Tanto por sua beleza quanto pelos desafios vocais que Donizetti, um mestre do bel canto, impõe.

Lucia é considerada, o que se costuma chamar, de “ópera de soprano e tenor”. A protagonista é interpretada por uma soprano, mas com a morte de Lucia no segundo ato, o tenor ganha muito espaço para desenvolver-se. As dificuldades técnicas e as exigências da plateia são bem maiores para ela, mas o papel de Edgardo não é um desafio menor. Grandes nomes da tradição lírica se consagraram com esta interpretação que desafia a região média da voz, e o tenor peruano Juan Diego Flórez decidiu fazer sua estreia neste personagem no Teatro del Liceu, em Barcelona. Aclamado nos papéis agudos das óperas de Rossini e talvez seu sucesso – que o obriga a repetir as mesmas obras por temporadas consecutivas há mais de uma década – se traz as alegrias do sucesso impõe também uma repetição enfadonha, uma espécie de permanente competição consigo mesmo capaz de exaurir um artista inteligente como Flórez. Havia, ainda, o desafio adicional do imenso palco do Liceu a exigir um esforço ainda maior de sua voz. O resultado foi triunfal.

Já o primeiro duo com a soprano resultou-se antológico pela pureza. Seu fraseado limpo demonstra a qualidade de músico a dirigir a beleza da voz do canto: não, senhoras e senhores, nem sempre bons cantores são ótimos músicos!

Numa entrevista coletiva durante os ensaios, ele recordou como ficou marcado pelo personagem: “Foi a primeira ópera que assisti fora do meu país, quando era estudante em Nova York. Alfredo Kraus (o grande tenor espanhol) cantava no Met e eu não tinha nem os dez dólares que custava o ingresso mais barato. Me plantei na porta do teatro esperando um milagre. E ocorreu! Quando a função já havia começado, veio um guarda e me deu a entrada de uma pessoa que não havia chegado. Pude ver o meu herói numa poltrona que custava 180 dólares! Aquilo me impactou muito, e jamais esquecerei aquele guarda”.

Lúcia é um personagem lendário do repertório do bel canto, e foi entregue à Elena Mosuc, brilhante representante da escola romena. Ela tem as chaves de cada uma das notas mais difíceis desse papel tão arriscado, conhece intimamente seu estilo e permanece intensa nas sequências de cenas do primeiro e segundo atos, onde não há quase interrupção para ela se

refazer. Sua interpretação da famosa “Cena da Loucura” consegue articular a intensidade do sofrimento de Lucia com os sinais de seu enlouquecimento. Os elementos, além de cênicos, demonstram sua desestruturação psíquica por coloraturas de um virtuosismo vocal extremo que ela realiza sem, nem por um momento, sacrificar a teatralidade da personagem. A produção se baseia numa enorme torre em ruínas agudamente inclinada. Não bastasse tantos desafios, Elena canta o final de sua derradeira cena subindo as escadas da torre, sacrifício dificílimo para um estilo vocal que requer técnicas vocais e respiratórias perfeitas. O resultado final vale todo o seu esforço na cena. A mais intensa e impactante desta montagem.

O terceiro ato pertence a Juan Diego Flórez, onde a beleza de sua voz justificaria esta produção.

Bom espetáculo!

 

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