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Depressão: falta de compreensão dos mais próximos pode contribuir para agravamento do quadro

“A minha cabeça estava um turbilhão de coisas, eu já havia perdido o ânimo para viver, para sair e me divertir. O meu mundo era somente ficar na minha casa, trancada, sem fazer nada”, recorda Renata Mendes, estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT), ao contar que a depressão a fez perder muitas coisas, além de afastar pessoas do seu convívio.

“Comecei a me isolar e a me trancar. A minha ansiedade aumentou depois que me fechei para o mundo e já não conseguia estudar e trabalhar. E nisso me vi perdendo todas as coisas que tinha adquirido, além de engordar muito, pois comia bem mais por ficar ansiosa”, revela Renata na primeira da série de três matérias especiais que serão publicadas no site do TJTO ao longo do mês de setembro.

Ansiedade, angústia, alterações de humor, baixa autoestima, cansaço fácil, culpa, desânimo, desespero, desinteresse, falta de motivação, insônia, insegurança, medo, pessimismo, tudo associado à constante sensação de fracasso, incapacidade, vazio e a falta de sentido na vida. Esses são alguns dos sintomas da depressão, doença rotulada de mal do século, e resultado de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades no mundo. No Brasil, a estimativa é que 5,8% da população seja afetada pela doença. E é exatamente por isso que o Poder Judiciário do Tocantins adere à campanha do Setembro Amarelo, o mês de prevenção ao suicídio, e ainda convida a todos para uma reflexão sobre a relevância do cuidado com o outro.

Suporte sociofamiliar é imprescindível

 “As pessoas não entendiam. Eu mesma não entendia o que estava acontecendo. Foi muito complicado, porque várias pessoas falavam que era falta de Deus, preguiça e frescura.” Esses comentários reforçam a mensagem de que o sofrimento da pessoa com depressão não é tão importante e podem fazer com elas se sintam ainda mais desamparadas e incompreendidas.

Os profissionais de saúde mental defendem que quem está enfrentando transtornos psicológicos pode não conseguir contar com o apoio, já que problemas de ordem emocional e psicológica sofrem constante preconceito da sociedade. Segundo eles, os fenômenos mentais não recebem a importância que merecem e não são tratados como doença.

Para a psicóloga, especialista em saúde mental e atenção psicossocial e mestre em Ciências da Saúde Izabella Ferreira dos Santos, a falta de acolhimento e compreensão dos mais próximos pode contribuir para o agravamento do quadro de saúde psíquica. “O respeito pelo sofrimento do outro é o primeiro passo. É tentar se colocar no lugar e buscar entender o sofrimento sem julgamentos. É necessário que as pessoas se conscientizem sobre os transtornos mentais, buscando entender que o sofrimento psíquico não deve ser menosprezado e sim, acolhido.”

A psicóloga também explica que o suicídio não é apenas um transtorno mental em si, e que pode ser o resultado do agravamento de transtornos como ansiedade, depressão, por exemplo, que não foram, ou não estão sendo tratados. “Então, ouvir e acolher o sofrimento de familiares e amigos, ajudando-os a procurar e se engajar em tratamento psicoterapêutico e psiquiátrico quando necessário, já configura como uma contribuição inestimável e até como uma forma de prevenção ao suicídio”, alerta.

“Se eu não tivesse procurado ajuda dos meus amigos e da minha família na época, não teria conseguido vencer aquela fase tão ruim. Então, procure apoio, que com certeza vocês irão conseguir superar estes momentos difíceis” concluiu Renata.

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.

Texto: Natália Rezende / Foto e Arte: Henryque Cerqueira

FONTE: Comunicação TJTO

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