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Desigualdade: Sobe o número de pessoas pretas e pardas tocantinenses com menor acesso ao mercado de trabalho

Carteira de trabalho – Foto – Pablo Jacob/ Agência O Globo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma década de informações sobre as desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil. O levantamento mostra que no Tocantins a desocupação, a subutilização e a informalidade continuam atingindo mais pretos e pardos do que os brancos. Em 2021, as taxas de desocupação foram de 10,3% para os brancos, de 14,1% para os pretos e de 15,1% para os pardos. No ano anterior, esses percentuais foram de 8,2%, 11,5% e 12,0%, respectivamente.

O estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil (2ª Edição) dá continuidade à primeira versão, divulgada em 2019, atualizando e propondo novos indicadores, com dados sobre mercado de trabalho e distribuição de rendimento, condições de moradia e patrimônio, educação, violência, representação política e ambiente político dos municípios.

Em 2021, a taxa de subutilização era de 25,3% entre os brancos, enquanto era de 31,7% entre os pretos e 31,8% entre os pardos. “A taxa composta de subutilização considera, além da desocupação, a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas e quem estava na força de trabalho potencial. Entre os brancos, essa taxa era inferior às das populações preta e parda, e isso não muda conforme o nível de instrução”, pontua o analista do IBGE João Hallak.

A informalidade também atinge mais pretos e pardos do que brancos. Em 2021, cerca de 60 mil tocantinenses brancos trabalhavam em ocupações informais, enquanto que pretos e pardos nessa situação eram 279 mil. Já em Palmas, o IBGE estima que 16 mil brancos e 40 mil pretos ou pardos trabalhavam informalmente.

De acordo com o estudo, o rendimento médio real do trabalho principal dos tocantinenses de 14 anos ou mais de idade, ocupados em postos de trabalho formais e informais, em 2021, era de R$ 2.059. Quando observado o recorte por cor ou raça, a desigualdade se torna perceptível. O rendimento dos ocupados brancos era de R$ 2.957, mas para os pretos (R$ 1.764) e pardos (R$ 1.853) o valor era bem menor.

Taxas de pobreza
Em 2021, considerando a linha de U$$ 5,50 diários (ou R$ 486 mensais per capita), a taxa de pobreza dos brancos tocantinenses era de 28,1%. Já entre pretos e pardos o percentual foi de 34,4%. Já na linha da extrema pobreza, (US$ 1,90 diários ou R$ 168 mensais per capita), as taxas foram 7,6% para brancos, contra 7,2% dos pretos e pardos.

No ano passado, no Tocantins, o rendimento médio domiciliar per capita da população branca (R$ 1.483), era bem superior ao verificado para as populações preta (R$ 973) e parda (R$ 947), diferença que se mantém desde o início da série histórica, em 2012. Considerando ainda o recorte de gênero, é notável que tanto os homens brancos (R$ 1.669) quanto os homens pretos ou pardos (R$ 1.029), tem renda maior que das mulheres brancas (R$ 1.296) e das mulheres pretas ou pardas (R$ 870).

Condições de moradia
Conforme o estudo, pretos e pardos enfrentam uma situação de maior insegurança de posse e de informalidade da moradia própria. No Tocantins, entre a população residente em domicílios próprios, 21% das pessoas pardas e 19,5% das pessoas pretas moravam em casas sem documentação da propriedade, enquanto a proporção entre as pessoas brancas era de 16,8%.

Uma das fontes utilizadas no estudo, a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2017-2018 indicou o valor hipotético de aluguel dos domicílios próprios de acordo com avaliação dos moradores. Entre os domicílios com pessoas responsáveis brancas, o valor médio era de R$ 554, enquanto no de pessoas pardas, o valor era de R$ 422 e de pessoas pretas, também R$ 422. “Os domicílios das populações preta e parda têm menos acesso a saneamento e menor número de cômodos, então isso reflete em um valor menor desses domicílios”, explica o analista do IBGE Bruno Perez.

Participação e gestão
Em 2020, no Tocantins, pessoas pretas eram 12,2% da população, 5,8% dos prefeitos e 10,4% dos vereadores. Já os pardos eram 67,2% da população, mas 48,2% dos prefeitos e 65,3% dos vereadores. Quanto à população amarela e indígena, de acordo com dados da Pesquisa Naciona por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), somados, os dois grupos representavam cerca de 1,3% da população, enquanto eram 1,4% dos prefeitos e 1,1% dos vereadores. Embora representassem bem menos da metade (19,3%) da população, os brancos eram 43,2% dos prefeitos e 20,7% dos vereadores.

Cenário nacional
No Brasil, em 2021, as taxas de desocupação foram de 11,3% para os brancos, de 16,5% para os pretos e de 16,2% para os pardos. A taxa de informalidade era 40,1%, mas os brancos tinham uma taxa menor, de 32,7%, e os pretos (43,4%) e pardos (47,0%), maior que a média nacional. O rendimento médio dos trabalhadores brancos (R$3.099) superava muito o de pretos (R$1.764) e pardos (R$1.814). Mais da metade (53,8%) dos trabalhadores do país em 2021 eram pretos ou pardos, mas esses grupos, somados, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais, enquanto os brancos ocupavam 69,0% deles.

Fonte – Ascom IBGE-TO

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