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Disciplina sobre cultura quilombola é retirada de colégio em Chapada e comunidade se revolta: “quilombo é símbolo de luta”, diz professora

María José Cotrim

Os alunos e professores do Colégio Fulgêncio Nunes em Chapada de Natividade, sudeste do Tocantins, foram pegos de surpresa pela retirada sem nenhum aviso prévio ou justificativa da grade curricular da escola.

A comunidade acadêmica e até a sociedade em geral se revoltou com a medida. Uma abaixo assinado e medidas serão tomadas para restabelecer a disciplina que é importante para o resgate da identidade quilomba da cidade que tem origem nos remanescentes.

Nossa equipe tentou ouvir a direção do Colégio sobre o impasse porém não obteve sucesso.

Uma das professoras da escola, a historiadora Roberta Tam que trabalha a temática da cultura afro e quilombola na escola repudiou o fato e se manifestou nas redes contra a retirada da disciplina.

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Desde 2005 existe uma lei que obriga o ensino da cultura afro nas salas de aula. Integrantes do movimento negro de todo Estado também se manifestaram e pediram que a comunidade escolar resista na luta pela disciplina que é uma importante ferramenta de conscientização.

Veja a íntegra da nota de uma das professoras sobre o fato:

Vivemos tempos sombrios, sem respeito a diversidade, a regionalidade, a cultura de um povo!!
Hoje me sinto bastante indignada ao receber a noticia que foi retirada da estrutura curricular do colégio Estadual Fulgêncio Nunes a disciplina de Cultura Quilombola. Disciplina essa de grande relevância para o conhecimento de sua identidade, ancestralidade, sua cultura para que possam valorizar seus costumes, suas vivências! É revoltante o desrespeito aos direitos dos povos quilombolas que a nossa Carta Magna – a Constituição Brasileira de 1988 assegura o direito a educação quilombola dessas comunidades! É preciso quilombolas Chapadenses que nos mobilizemos por nossos direitos! Cada disciplina tem sua importância! A disciplina de Cultura quilombola é importante para a nossa comunidade quilombola. Os argumentos utilizados para retirar essa disciplina do currículo escolar não é justificável! Não aceitamos retirada de direitos!! Só a disciplina Saberes e Fazeres não é suficiente para se trabalhar de forma integral os diversos aspectos da comunidade quilombola, além de ser ministrada uma vez por semana! Queremos de volta a disciplina Cultura Quilombola!
Não houve diálogo com a escola, decidiram sem ter ouvido a comunidade!! E fomos pego de surpresa, pois trabalhamos o primeiro bimestre sem saber dessa alteração absurda!
Iremos em busca dos nossos direitos, pois o Quilombo é símbolo de luta!! #indignada

 

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