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Dnit identificou “vibrações excessivas” 5 anos antes de ponte desabar

Reprodução/Dnit

 

Termo de referência do Dnit apontou fissuras, danificações e irregularidades na estrutura da ponte

Um documento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) obtido pela coluna já apontava, em janeiro de 2020, “vibrações excessivas” da Ponte Juscelino Kubistchek, que desabou nesse domingo (22/12) e deixou ao menos dois mortos e 12 desaparecidos. A estrutura ligava as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).

A análise do Dnit identificou também danificações no balanço lateral da ponte e irregularidades na geometria das lâminas (os pilares achatados que sustentavam a estrutura estavam tortos, o que era possível ver a olho nu). Além disso, expôs que as armaduras (ferragens) se encontravam expostas e corroídas. Havia fissuras em todos os pilares.

“As condições atuais da OEA [Obra de Arte Especial] merecem atenção, pois verificam-se vibrações excessivas e desgaste visual de suas estruturas e do seu pavimento”, diz o termo de referência, que tem por base o memorial de 2020.
“Tais manifestações patológicas e deficiências funcionais podem ser consideradas típicas para estruturas que datam daquela época de construção, tendo em vista sua utilização e suas intervenções ao longo dos anos em serviço, apresentando, conforme pode ser observado nas inspeções realizadas, que indicam a necessidade de reabilitação”, prossegue.

O termo de referência e o memorial foram anexados a um edital de R$ 13 milhões lançado em maio deste ano, pelo Dnit, para a contratação de empresa a fim de fornecer estudos preliminares e executar as obras de reabilitação da ponte. A licitação, no entanto, foi fracassada, sem que nenhuma empresa tenha vencido.

 

O edital fez parte do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), do Dnit.

 

Ponte que desabou entre Tocantins e Maranhão

 

No termo de referência, o Dnit apontou ainda que a reabilitação da ponte se fazia necessária para que “sua integridade e segurança passem a ser compatíveis com as normas atuais”.

“A contratação que por ora é proposta tem como objetivo dar melhores condições de segurança e trafegabilidade na rodovia BR-226/230, que interliga os estados do Maranhão e Tocantins, e reabilitar e aumentar a sobrevida desse importante e histórico patrimônio público da infraestrutura rodoviária federal”, acrescentou o órgão.

 

O que diz o Dnit

 

Em nota, o Dnit informou que técnicos da autarquia atuam emergencialmente desde o primeiro momento e já foram enviados ao local do desabamento para fazer uma avaliação e apontar as possíveis causas do acidente.

“Ciente das suas responsabilidades, o Departamento informa que, entre novembro de 2021 e novembro de 2023, manteve vigente um contrato de manutenção desta e de outras Obras de Arte Especiais do Tocantins, por meio do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), no valor de R$ 3,5 milhões. Nesse período, foram realizados em todas as OAEs do contrato diversos serviços de reparos nas vigas, na laje, nos passeios e nos pilares da estrutura”, explicou o órgão.

“Outro contrato de manutenção da BR-226/TO ainda está em vigência, até julho de 2026, que prevê a execução de serviços com o objetivo de melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança aos usuários da rodovia”, acrescentou.

 

Ministro anuncia R$ 100 milhões para reconstruir ponte

 

O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou nesta segunda-feira (23/12) que o governo federal vai destinar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões para a reconstrução da ponte.

Renan Filho visitou o local do acidente ao lado dos governadores Carlos Brandão, do Maranhão, e Wanderley Barbosa, de Tocantins, além do diretor do Dnit, Fabrício Galvão. O ministro também informou que haverá um decreto emergencial para acelerar a reconstrução da estrutura.

Além disso, será aberta sindicância para apurar as causas e eventuais responsabilidades relativas ao desastre.

Segundo o ministro, a ponte deve ser entregue em 2025. “Temos todas as condições técnicas para reconstrução e também os recursos financeiros necessários”, ressaltou Filho.

 

(Fonte: Metrópoles)

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