Ícone do site Gazeta do Cerrado

Documentário ‘Lendas do Cerrado’ traz as histórias dos povos indígenas do Tocantins

 

Na quarta estapa de gravações do documentário ‘Lendas do Cerrado’, dirigido por Marco Aurelio Jacob (@marcojacobbrasil), a equipe da sequência e intensifica o ritmo de gravações e ouvindo os anciões, mulheres e as lideranças indígenas de quatro grandes povos do Tocantins.

Muito mais que lendas, as histórias fazem parte da cosmologia destes povos e trazem a explicação de como eles surgiram e quem são eles.

As histórias contadas farão parte da obra que deve ser lançada ainda este ano.

A princípio estes povos estão inseridos no primeiro longa metragem do diretor e produtor Marco Jacob, os povos que foram definidos são:

– Apinazêd (Apinajé), de Tocantinópolis
– Krahô, de Goiatins/Itacaja
– Akwê Xerente de Tocantínea
– Karajá da Ilha do Bananal

A obra tem como foco a cosmologia da criação de cada um destes povos. Mas para chegar lá nesta troca de saberes e para produzir material audiovisual para o Portal Gazeta do Cerrado, na qual o diretor do doc é cofundador, e abraçar as causas de jornalismo inclusivo aos povos originários, o dia a dia na aldeia, sua cultura, política, religião e o papel e influência das mulheres em cada uma destas comunidades, são registrados para materiais especiais que serão divulgados no canal TVG Gazeta do Cerrado: https://www.youtube.com/c/GazetadoCerrado-TVG e em suas redes sociais.

O respeito é o fundamento e a garantia que o processo seja conduzido e registrado com o intuito de mostar a riqueza da cultura destes povos para os não indígenas, combatendo o preconceito com a riqueza de suas histórias que contam com personagens como o Sol e o Lua, assim como onças, araras, morcegos e os rios do Tocantins.

O primeiro contato da equipe da Raka Filmes ocorreu com o povo Apinazêd, que habita as terras localizadas no município de Tocantinópolis, no extremo norte do Tocantins, entre os rios Araguaia e Tocantins, na região conhecida como Bico do Papagaio. O povo Apinazêd  ocupa uma área de cento e quarenta mil hectares de terras, demarcadas e homologadas e tem uma população estimada de 1500 indígenas, distribuídos em mais de quarenta aldeias.

O homem que veio do morcego, assim os Apinazêd se definem a partir de sua origem. Foi neste primeiro contato entre a equipe de gravação que o percebeu que os Apinazêd têm uma história rica e que precisa ser difundida.

Os indígenas são apoiadores por entenderem que sua trajetória deve ser registrada e através da troca de conhecimento vem o valor e respeito que eles buscam.

Na etnia são os anciãos os principais detentores da cultura, pela sabedoria e conhecimentos tradicionais, bem como os rituais de batizados e festas. “Atualmente os Apinajés não estão praticando todos os rituais e festividades da cultura, além de não cultivar as roças como antigamente”, explicou a cacique de uma das aldeias, Creuza Apinajé.

A cacique relatou também, que “no meu tempo de mocidade, a festa da Tora Grande – um ritual que marca o fim do luto -, era praticada seguindo todas as etapas: cantos, danças e pinturas. As festas duravam até trinta dias, pois as pessoas cultivavam uma roça extensa para alimentar todas as pessoas que participavam”. Disse Creuza que falou também sobre a importância de manter essa cultura viva, repassando aos mais jovens para que não se perca com o tempo.

Saberes

Os saberes e conhecimentos de plantas e raízes medicinais são mais comuns entre as mulheres anciãs. Quando algum parente está doente recorre ao pajé ou ao ancião. Mas as lideranças indígenas estão percebendo que é tempo de resgatar e valorizar seus saberes, não só em plantas medicinais, mas em outras vivências dentro da aldeia, como o fazer esteiras e colares – artesanato utilizando materiais da natureza – bem como as pinturas corporais em festas que ocorrem no território, como na corrida de tora. Além disso, a educação das crianças é tarefa distribuída entre os homens e mulheres.

O “Lendas do Cerrado”, é uma realização através da Lei Aldir Blanc e traz este levantamento sobre quatro grandes povos indígenas do Tocantins.

Em um registro inédito a produção faz a narrativa sobre a cosmologia, a cultura e a mitologia do povo tradicional da floresta.

Para o diretor da produção, Marco Aurélio Jacob: “este também é um momento para troca de experiências e serve para despertar a curiosidade deste povo protetor do meio em que vivemos, e consequentemente selar o respeito que devemos ter com nossos ancestrais”, destacou.

Jacob afirma ainda, que “o grande intuito deste projeto é poder desmistificar a imagem clássica do indígena brasileiro, mostrando a cultura, e a cosmologia dos povos indígenas, que são as histórias que formam o arcabouço cultural e estrutural de suas nações. Cada povo e cada etnia é como se fosse uma civilização diferente, com línguas, normas, condutas e políticas diferentes. A riqueza cultural brasileira é tão grande e tão vasta se levarmos em consideração todos os povos indígenas, e a gente tem que começar por algum lugar. E esse começo é isso, a cosmologia da criação, ou seja, a história de como cada povo indígena que nós estamos visitando surgiu. Estamos visitando os Apinazêd, os Krahô, os Akwê  Xerente e agora os Karajá”, destacou.

“Com isso a gente pode contribuir com as informações e com as histórias que são tão ricas em detalhes e personagens como o Deus Sol, lua, onça e os animais de nossa fauna brasileira que ajudam a ilustrar e enriquecer ainda mais a nossa cultura. A partir da cosmologia da criação damos início a uma introdução ao conhecimento desses povos que não são conhecidos por nós brasileiros infelizmente. Esse é o nosso papel como comunicador: poder dar à luz, desmistificar e acabar com o preconceito que nós temos ainda sobre os povos”, enfatizou o cineasta.

Sair da versão mobile