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Doença da Urina preta: o que diz o Ministério da Agricultura

Brasília - A tradição de comer peixe na sexta-feira Santa, leva consumidores aos mercados de peixe na capital (José Cruz/Agência Brasil)

Por Antônio Neves

As preocupações em torno da doença foram levantadas por esta coluna, quando pessoas ligadas ao setor produtivo e de comercialização do pescado, falaram sobre suas dúvidas em torno dos riscos de se consumir a carne de peixe, após a descoberta da síndrome de “Haff”. A enfermidade é conhecida popularmente como a doença da urina preta.

O setor da cadeia produtiva vive dia de apreensão, por causa de informações falsas divulgadas em massa nas redes sociais. A consequência é a fuga de consumidores da carne de peixe que buscam alternativas alimentares, o que poderá atingir toda a cadeia produtiva do pescado, desde o pescador, ao criador em cativeiro, o frigorífico e o comerciante.

Diante da problemática, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou uma nota oficial, na qual alerta sobre uma possível relação entre os casos da síndrome de Half, notificados este ano, no Brasil e o consumo de peixes, mariscos e crustáceos sem o selo dos órgãos de inspeção oficiais. No documento, o órgão afirma que todos os casos notificados e em investigação estão sendo acompanhados por epidemiologistas do Mapa, em cooperação com os Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) e o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).

“A doença de Haff apresenta como sintomas a rigidez muscular frequentemente associada ao aparecimento de urina escura, que resulta em insuficiência renal. Ela se constitui em um tipo de rabdomiólise, nome dado para designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e liberam elementos de dentro das fibras – como eletrólitos, mioglobinas e proteínas – no sangue”, pontua a nota.

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Segundo com o biólogo, especialista do setor de peixes, Estevão Guedes Coutinho, “está havendo um sensacionalismo tremendo em relação a essa notícia, assim como a do verme no olho do peixe. Nós, do setor da piscicultura ficamos preocupados com a divulgação em massa de forma irresponsável dessas notícias e esperamos que tudo seja esclarecido pelos meios de comunicação, para que a verdade chegue ao grande público”, disse o especialista, acrescentando que “primeiramente é essencial dizer que isso nunca aconteceu com peixe provindo do cultivo, nunca houve nem se quer um caso no mundo inteiro que seja proveniente dos peixes da piscicultura”.

Ainda segundo Coutinho, “a síndrome de Haff para acontecer requer uma série de requisitos naturais e falhas sanitárias. Ela é causada por uma toxina presente na carne do peixe vindo de águas eutrofizadas (processo de multiplicação excessiva de algas) devido à seca, onde esses animais são capturados e abatidos de forma inadequada. O peixe capturado em ambiente com excesso de matéria orgânica, abatido, limpo e armazenado de formas não adequadas e oferecidos a consumidores, que possivelmente não observaram os padrões mínimos em que o peixe deve estar para poder ser consumido, correm o risco de contaminação”, enfatizou.

“Penso que o extrativismo da forma que ocorre com o pescado é um erro. Hoje temos tecnologias altamente produtivas e uma demanda crescente por peixes de qualidade e pretender suprir essa demanda com peixes do extrativismo é quase como querer atender a demanda de açougues com carne de caça”, finalizou Coutinho.

Vale destacar, que segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), não há notificações, nem casos confirmados da doença em todo o Estado do Tocantins.

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