É extremamente difícil prever quanto os oceanos vão aumentar devido ao aquecimento global até o final do século, mas, em um estudo divulgado esta semana, 22 especialistas fazem suas estimativas e algumas são piores do que o atual consenso científico.
A estimativa de base mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) de 2014 estimava que o pior cenário era de quase um metro de elevação do nível dos oceanos no final do século XXI, em comparação com o período 1986-2005.
O estudo publicado na segunda-feira pela Academia de Ciências dos Estados Unidos (PNAS) não contradiz este cenário possível, mas adverte que há uma possibilidade que não pode ser descartada de que o aumento seja ainda maior: sua previsão média em um esquema otimista é de 69 cm e de 111 cm se as condições atuais continuarem.
O cenário otimista prevê um aquecimento global de 2°C em relação à era pré-industrial (final do século XIX): esse é o objetivo mínimo do acordo de Paris, assinado em 2015. A Terra já aqueceu cerca de 1°C desde essa época.
O cenário pessimista, por sua vez, aponta um aquecimento de 5°C, o que corresponde a manter a trajetória atual das emissões de gases do efeito estufa pelas atividades humanas.
Mas a margem de elevação dos oceanos, segundo os especialistas envolvidos no estudo, é muito maior: embora o aumento da temperatura global possa ser limitado a 2°C, o aumento no nível do mar pode variar entre 36 e 126 cm; e no caso de um aumento de 5°C existe um risco de 5% que o aumento dos oceanos passe dos 238 cm.
O estudo combina as estimativas de 22 especialistas nas calotas polares da Groenlândia e da Antártida. O derretimento dessas áreas é um dos fatores de risco fundamentais para o aumento do nível das águas, juntamente com os glaciares e o aumento do volume de água quente nos oceanos, embora seja também o mais imprevisível.
“Constatamos que é plausível que o aumento no nível dos mares possa ultrapassar dois metros até 2100 num cenário de altas temperaturas”, escreveram os autores.
Isso resultaria na perda de 1,79 milhão de quilômetros quadrados de terras e no deslocamento de até 187 milhões de pessoas, de acordo com os especialistas.
“Um aumento dessa magnitude teria consequências profundas para a humanidade”, disse Jonathan Bamber, professor da Universidade de Bristol.
Fonte: G1
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