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“Dor que não passa”: Com júri marcado para março de 2022, família do médico Pedro Caldas espera justiça

_Médico triatleta morreu após ser atropelado por Iolanda Costa Fregonesi em novembro de 2017; inquérito policial concluiu que a jovem estava embriagada e dirigia sem habilitação_

Quatro anos depois da perda irreparável do médico e triatleta Pedro Caldas aos 40 anos de vida, a família espera que o dia 14 de março de 2022, data marcada para o julgamento do júri do caso, finalmente comece a trazer um pouco de justiça e sentimento de conforto. Inicialmente, o julgamento ocorreria em agosto de 2020, mas foi adiado por causa da pandemia do novo coronavírus.

Após ficar mais de um mês em coma lutando pela vida, Pedro Caldas morreu no dia 16 de dezembro de 2017, em consequência das complicações do grave traumatismo craniano ocasionado pelo atropelamento sofrido no dia 12 de novembro daquele ano.

Pai de três filhos, o médico e o colega Moacir Naoyuk Itoum corriam na Marginal Leste, se preparando para competições, quando foram violentamente atropelados por um Ford Fiesta conduzido por Iolanda Costa Fregonesi, hoje com 25 anos. Moacir Itoum se recuperou do acidente, mas Pedro Caldas, atingindo diretamente, não.

Conforme a conclusão do inquérito policial do caso e a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) recebida pela justiça, Iolanda estava alcoolizada e não tinha sequer carteira de habilitação. Ela se negou a fazer teste do bafômetro, foi detida no momento, mas acabou liberada após pagar fiança de R$ 3 mil.

A Polícia Civil indiciou Iolanda pela prática dos crimes de homicídio qualificado na direção de veículo automotor, tentativa de homicídio qualificado, embriaguez ao volante e por dirigir sem a devida habilitação. Na Justiça, o MPE, que respaldou as conclusões da Polícia, acusa a jovem de homicídio qualificado, tentativa de homicídio em concurso formal, embriaguez ao volante e direção inabilitada.

*Uma dor que não passa*

Pai do médico, Luciano Caldas lembra com carinho do filho e ressalta que a dor nunca cicatrizou. A demora para o julgamento do caso, portanto, trata de deixar as coisas mais difíceis para toda a família.
“Pedro era um profissional exemplar, exercia a medicina com muita ética, precisão e atenção aos pacientes. Ele também cuidava muito bem dos três filhos. Neste momento vamos completar o quarto ano sem ele conosco e sinto uma dor no peito muito forte, ainda mais quando lembro que os meus netos perderam a chance de ter um convívio grande com o pai”, lamenta Luciano.

Especializado em reprodução humana e ginecologia, Pedro Caldas tinha uma atuação reconhecida em Palmas.


*Polícia lembra de outra ocorrência de trânsito envolvendo Iolanda*
Responsável por concluir o inquérito do caso em janeiro de 2018, o delegado Hudson Guimarães ressaltou, na época, que Iolanda já havia se envolvido em um ocorrência de trânsito semelhante, com vítimas, no ano de 2016. Na ocasião, a então estudante conduzia um veículo Honda Civic e colidiu com um casal que trafegava em uma motocicleta, em uma Avenida Tocantins, trecho próximo ao Jardim Taquari, região Sul da Capital.

“Na ocasião ela agiu da mesma forma que no caso do Pedro Caldas. Estava alterada e se recusou a fazer o teste do bafômetro. As vítimas estavam em uma motocicleta e tiveram fratura exposta. Na época, elas decidiram não representar criminalmente”, disse o delegado Hudson Guimarães Leite, durante as investigações.

*Boate Kiss e dolo eventual*
Na semana passada, no Rio grande do Sul, a Justiça concluiu o julgamento do caso da Boate Kiss, de Santa Maria. A tragédia matou 242 pessoas, após um incêndio na casa noturna.

Os sócios do estabelecimento e outros réus foram condenados por homicídio, sob a tese do dolo eventual. Isso ocorre os acusados – embora não tivessem a intenção de matar – assumiram o risco de forma deliberada, causando a situação extrema.

Esse tipo de discussão deve se repetir no julgamento de Iolanda em março.

*Embriaguez potencializa risco de mortes no trânsito*
Levantamentos do Programa Respeite a Vida pelo Trânsito, de São Paulo, mostra que o risco de morte em qualquer ocorrência de trânsito no qual tem envolvimento de pessoa embriagada é até três vezes maior.

Além disso, no Brasil em dezembro de 2012 foi sancionada a Lei 12.760 que estabeleceu tolerância zero ao álcool no volante e reforçou instrumentos de cumprimento da Lei Seca: provas testemunhais, vídeos e fotografias passaram a ser aceitos como prova que o motorista dirige sob efeito de álcool.

“Infelizmente, ainda vemos muita gente sem qualquer responsabilidade, consumindo grandes quantidade de bebida e pegando um carro. Quem faz isso assume o risco de matar, porém, mais do que isso, pode destroçar uma família como aconteceu conosco”, afirma Luciano Caldas.

 

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