A Gazeta do Cerrado percorreu várias cidades da região do Bico do Papagaio – Foto: Marco Aurélio Jacob
Do Bico do Papagaio – Maju Cotrim
Três dias de imersão no Bico do Papagaio. O mesmo Bico que assim que comecei a trabalhar como jornalista, passei pelos 25 munícipios cobrindo na época uma caravana política.
Uma diferença após anos: a malha asfáltica da região está em sua ampla maioria recuperada, o que permite um bom tráfego.
A percepção geral é de uma região mais exigente porque sabe do potencial que tem. Uma região que quer mais da política e que teve alguns escândalos políticos como a operação da PF, afastamento de políticos e até briga ao vivo em Câmara. A população quer responsabilidade!
Em Augustinópolis, os servidores do hospital regional contaram que a ocupação vem caindo cada dia mais, tendo apenas uma média de três ou quatro internados na ala Covid. Os dados comprovam a queda dos casos e nas ruas as pessoas se sentem mais à vontade para Sair.
Na entrada das aldeias, barreira monitorada pelos guardiões jovens indígena. Dentre as quebradeiras de São Miguel do Tocantins, existe a expectativa de superação com problemas crônicos de apoio e programas.
A Gazeta passou pelas principais cidades da região, conversando com as pessoas e ouvindo setores. O clima político na maioria das cidades ainda está por conta das claques de campanhas e de quem atua diretamente nelas. As pessoas mesmo: querem ter certeza que venceram a guerra contra a Covid.
Na maioria das ruas, poucas pessoas, porém bares lotados, crianças andando de bicicleta. Os tradicionais vendedores nas beiras de rodovias acenavam para nossa equipe em alguns locais.
Quando falávamos que éramos imprensa, os moradores logo aproveitavam para contar como estão vivendo. Poucos aparelhos celulares nas mãos e cadeiras nas áreas das casas.
Muitas movimentações de carreatas e reuniões pelas cidades, mas por outro lado receio até de receber os candidatos em casa.
Carros adesivados e até bandeiras nas ruas, mas as pessoas não estão no clima. Candidatos devem enfrentar uma resistência para chegar até setores da população que estão com o pé atrás e que querem transparência.
Por falar em Transparência, esse foi um pedido recorrente em todas as cidades. A Covid reascendeu o interesse popular por saber como foi usado o dinheiro do combate à doença. Os gestores que aplicaram com qualidade e deram assistência não terão dificuldade em ser reeleitos.
Donos de restaurantes e ambulantes contam que tem trabalhado dobrado para tentar recuperar o que perderam com a pandemia.
Nos postos de gasolina e onde paramos para almoçar ou dormir uma constatação: a população perdeu o medo da pandemia, mas quer ação dos poderes públicos na área da saúde, a mais citada nas conversas com os moradores.
As feiras, pontos importantes de venda dos produtos dos agricultores, estão voltando aos poucos. Quem perdeu os postos de emprego espera que tudo comece a melhorar.
Nos hotéis de Araguatins, capital do Bico, pouco movimento e ainda clima de readequação após meses fechados.
A população não quer comentar política, porém demonstrou preocupação com mudanças bruscas neste momento de retomada econômica. Na região, muitos entrevistados receberam auxílio emergencial, apontado como a maior ajuda neste momento difícil.
Na maior cidade, Araguatins, disputa acirrada dentre os três principais nomes, entretanto a população demonstrou se sentir aliviada com o recuo da Covid.
O turismo na região é uma das perspectivas de desenvolvimento apontadas pela população em Araguatins, por exemplo. Cidades que não tiveram temporada de praia este ano e que com isso a população tem agora aproveitado mais também as águas dos rios.
O Bico quer mais que assistencialismo em todas as áreas e alternativas de um recomeço econômico.
OBS: A Gazeta é vencedora do Fundo Emergencial do Google para jornais on-lines o que permitiu custear a viagem.
Veja as reportagens especiais da passagem da Gazeta pelo Bico do Papagaio
BICO: Os jovens guardiões indígenas que protegem a aldeia e conseguiram impedir a entrada da Covid