O Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado nesta quinta-feira, 21 de março, foi marcado por um seminário no Senado. O encontro, no Auditório Petrônio Portella, teve a presença de autoridades como o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffolli, e representantes de associações e instituições de ensino direcionadas a pessoas com síndrome de Down.
Promovido pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) por iniciativa do presidente da colegiado, o senador Romário (Pode-RJ), o evento se repete há oito anos no Senado. Desta vez, contou com a colaboração dos senadores Eduardo Girão (Pode-CE) e Flávio Arns (Rede-PR) e do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis).
O senador do Tocantins, Eduardo Gomes (MDB) participou da sessão. Ele que é defensor da bandeira e que articula para viabilizar o Cris Down no Tocantins. Ao lado da esposa, Arlinda Carla ele prestigiou a sessão e reafirmou o trabalho diário na defesa das pessoas especiais através de políticas e projetos. Gomes é um defensor da causa.
Romário disse que poucos dias no ano são tão importantes como essa data. Pai de Ivy Faria, de 13 anos, que tem síndrome de Down, o senador ressaltou que continuará empenhado nas causas das pessoas com doenças raras nos próximos anos de mandato.
— Aqui, onde centenas de pessoas se reúnem, eu vejo o futuro que eu desejo: o de cidadãos com toda a diversidade humana convivendo perfeitamente em harmonia. Podem contar com todo o meu empenho — destacou Romário, na abertura do seminário.
Já Dias Toffoli fez um discurso emocionado e citou a relação com seu irmão mais novo, José Eduardo, que completa 50 anos de idade neste ano e também tem síndrome de Down. O ministro disse que trabalhará para que a magistratura tenha leis exclusivas sobre essa temática, a fim de beneficiar juízes que têm filhos com Down.
— Vamos atuar para que o juiz, ou a juíza, possa ter preferência de escolha do local onde vai exercer a magistratura e, assim, dar o devido apoio a seu filho.
Alteração genética
A síndrome de Down é uma alteração genética na divisão celular do óvulo, resultando em um par a mais no cromossomo 21, chamado trissomia. Há cerca de 300 mil pessoas com Down no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Dia Internacional da Síndrome de Down está incluído no calendário da Organização das Nações Unidas (ONU) e é comemorado pelos 193 países-membros.
Intitulado Ninguém Fica para Trás, o seminário teve exposição de palestras, peça teatral, dança e música com integrantes do projeto Inclusive Danço, do Centro de Ensino Especial 01 de Brasília, além de homenagens e do lançamento de um vídeo produzido pela TV Senado que traduz em Libras a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146, de 2015). De acordo com Romário, o tema do evento deste ano traz uma reflexão sobre como garantir autonomia para crianças, jovens e adultos com a síndrome de Down, tendo sido inspirado no tema da Agenda 2030 da ONU, Leave No One Behind (“Não deixe ninguém para trás”, em tradução livre).
Amanda Áurea Albuquerque Marques, de 40 anos, tem síndrome de Down e foi homenageada no seminário. Ela disse que se expressa bem com a dança, mas que também adora nadar. Já são 68 medalhas de ouro conquistadas nessa modalidade.
Impressões
Para a coordenadora geral da Associação Pestalozzi em Brasília, Luciana Pinho, eventos como o seminário no Senado ajudam a dar visibilidade às pessoas com Down, deixando mais claro para a sociedade que eles têm a mesma capacidade de desenvolvimento de outras pessoas.
— A gente fica muito feliz com essa ação, em que fica claro o quão satisfeitos nossos alunos se mostram por serem valorizados e reconhecidos nas pessoas que são.
A professora Ana Cíntia Rezende, do Centro de Ensino Especial 01 de Brasília, explicou que a dança auxilia na busca pela autonomia dos alunos com Down. No seminário, os alunos se apresentaram ao som de É Preciso Saber Viver, composta por Roberto e Erasmo Carlos. As coreografias foram desenvolvidas pelos próprios alunos.
— A gente tem essa preocupação de que eles não sejam meros reprodutores de movimentos. Eles fazem parte de todo esse desenvolvimento coreográfico, com movimentos deles, e a gente estimula, dá possibilidades para que eles descubram as possibilidades que têm.
Já a professora Joelma Capiberibe apontou a junção da educação física, da pedagogia e da música como uma das ferramentas para o desenvolvimento de pessoas com Down. Segundo ela, a dinâmica e a interação proporcionadas por essa atividade auxilia na socialização, no desenvolvimento cognitivo e no estímulo à criatividade.
— A gente trabalha também com músicas de autoria dos próprios alunos. A gente cria as músicas, trabalha com elas e apresenta ao final de cada ano.
Joelma também ressaltou a importância do seminário no Senado dizendo que o evento ajuda a demonstrar o potencial das pessoas com Down. Ela elogiou os alunos, destacando que são “determinados, perseverantes e disciplinados”.
— Neste ano o tema da nossa escola é “Fazer o bem sem olhar a quem”. Trabalhamos virtudes como o amor, o respeito e a tolerância. E é impressionante como eles sabem o momento certo de brincar e de levar suas atividades a sério.
Fotografia
Paralelamente ao seminário, uma exposição de fotos dos principais pontos turísticos de Brasília feitas por pessoas com Down foi inaugurada no Espaço Cultural Senador Ivandro Cunha Lima e permanecerá aberta à visitação até 28 de março. Intitulado “Um olhar especial para a natureza”, o trabalho faz parte do projeto Galera do DIS — Diário da Inclusão Social.
Uma das idealizadoras, Thalita Damião explicou que a missão do grupo é preparar jovens e adultos com síndrome de Down para que se tornem fotógrafos profissionais.
— A exposição tem 55 fotos, 5 fotos de cada fotógrafo do projeto. A gente inaugurou neste mês por ser mais significativo para a causa, mas vale lembrar que todo tipo de deficiência precisa ter visibilidade, a fim de mostrar que eles têm capacidade como qualquer outra pessoa.
Um dos autores das imagens, Carlos Henrique, de 23 anos, disse que gosta de fotografar animais, como elefantes, e flores, além do melhor amigo, Mateus. Outro integrante do Galera do DIS presente no seminário foi Wagner Rodrigo, de 25 anos, que gosta de registrar palmeiras.