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Efeito “estrela cadente”: astrônomos descobrem fenômeno inédito no Sol

Astrônomos observaram a primeira evidência de uma estrela semelhante ao Sol absorvendo um planeta International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/M. Garlick/M. Zamani

Um fenômeno inédito no Sol chamou atenção de uma equipe de astrônomos liderados pela Universidade de Northumbria, em Newcastle, no Reino Unido.

Por meio da sonda Solar Orbiter, produzida pela Agência Espacial Europeia (ESA) em cooperação com a Nasa, foram capturadas cenas que se assemelham a uma “chuva” de meteoros ou estrelas cadentes, como as que podem ser vistas na Terra. No entanto, as exibições de plasma ocorrem na atmosfera externa do Sol, conhecida como coroa ou corona.

O efeito pôde ser observado devido à sonda ter ficado a uma distância de “apenas” 49 milhões de quilômetros do Sol, um terço da distância entre a estrela e a Terra, permitindo a melhor resolução espacial já obtida da atmosfera externa solar.

Chuva coronal é o termo utilizado para descrever a queda de partículas na coroa solar. Esses elementos são acelerados ao longo de linhas de campo magnético e, posteriormente, caem em direção à superfície solar, emitindo radiação eletromagnética.

Sendo a coroa formada por gases a temperaturas de milhões de graus, quedas rápidas de temperatura produzem aglomerados superdensos de plasma que atingem até 250 quilômetros de largura. Essas bolas de fogo despencam em direção ao Sol à medida que a gravidade as atraem.

Na Terra, chamamos de estrelas cadentes os objetos que entram em nossa atmosfera em altas velocidades, sendo que muitos não alcançam o solo terrestre e acabam se desintegrando. O rastro característico do astro, considerado místico para os humanos, é um processo chamado de ablação.

Por outro lado, a coroa solar é fina e de baixa densidade, o que contribui para que essas formações possam chegar quase intactas à superfície do Sol. Até o momento, esses impactos não haviam sido registrados e, agora, a sonda da ESA revelou que o processo pode produzir um breve e forte brilho.

No entanto, não ocorre a ablação na atmosfera solar, por conta da compressão e do calor que impedem que os aglomerados produzam caudas. Por isso, o fenômeno é muito mais difícil de ser capturado no Sol.

A descoberta será apresentada esta semana por Patrick Antolin, professor assistente da Universidade Northumbria e um dos autores do projeto, no National Astronomy Meeting 2023. Em seu estudo, Antolin diz: “A coroa solar é tão quente que talvez nunca possamos sondá-la com uma espaçonave. No entanto, a Solar Orbiter está perto o suficiente do Sol para se detectar fenômenos de pequena escala que ocorrem dentro da coroa, como o efeito da chuva, permitindo-nos entender sua composição e termodinâmica. Apenas detectar a chuva coronal é um grande passo para a física solar, porque nos dá pistas importantes sobre os principais mistérios solares.”

Fonte: CNN

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