Ícone do site Gazeta do Cerrado

Em 20 anos de Agrotins, Feira trouxe crescimento de 580% na produção de grãos

César Halum

A realização da Feira Agrotecnológica do Tocantins (Agrotins) e a produção agropecuária no Estado seguiram evoluindo juntos ao longo dos últimos 20 anos. Por meio de políticas públicas efetivas, aliadas as oportunidades que a Feira apresenta anualmente, tornou-se possível a formação de um ambiente propício para o crescimento do setor em larga escala.

A primeira edição da Feira aconteceu em 2001, numa época em que o estado tinha apenas 256 mil hectares de área cultivada. Atualmente, quase 20 anos depois, as projeções surpreendem e apontam para mais de 1,5 milhão de hectares de plantio para a safra 2019/2020 – um crescimento superior a 580%.

O projeto de criação da Agrotins coincidiu com o começo da produção de soja no Tocantins, que começou a ganhar fôlego a partir dos anos 2000, conforme destacou o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), César Halum.

Leia: O Campo não para: Carlesse anuncia estrutura e novidades da Agrotins Digital inédita no país

“Os anos iniciais [da Feira] demandavam muito esforço para convencer as empresas a exporem seus produtos, serviços e as tecnologias que estavam surgindo na época. A realidade era bem diferente. Atualmente, temos a necessidade de expansão de novas áreas, pois a quantidade de interessados aumenta a cada ano”, destaca o secretário.

Quando a Feira dava seus primeiros passos em 2001, foram apenas 88 expositores que, juntos, movimentaram cerca de R$ 7 milhões em negócios e operações financeiras. Já em 2019, durante a última edição, os expositores saltaram para 750 e mais de R$ 2,5 bilhões foram movimentados.

Foi por meio de novas tecnologias para o campo e do intenso trabalho de pesquisa feita por instituições que sempre foram parceiras da Agrotins, que a produtividade média de grãos também disparou, saindo de 2.400 kg/ha no início dos anos 2000 para mais de 3.300 kg/ha na safra atual.

Norte do Brasil

A região Norte do Brasil ocupava a última posição na produção piscícola no ano de 2000, quando representava apenas 5,93% da produção nacional. Segundo a última estatística do setor (PeixeBR) com dados da produção de 2018, hoje, a região Norte ocupa o segundo lugar dentre as regiões nacionais (21,18% da produção).

O Estado do Tocantins contribuiu com este crescimento, saindo de uma produção de 1.102 toneladas/ano em 2000 para 14.600 t/ano em 2018, tendo um acréscimo de 1.324%, ocupando o sexto lugar na produção de espécies nativas no país.

Pesquisa

Há 20 anos, praticava-se no Tocantins basicamente o desmatamento, limpeza do terreno, correção do solo e o intenso revolvimento da área cultivada para o plantio, sendo este um processo que acabava contribuindo para o processo de erosão.

Com o passar dos anos, os produtores adotaram novas técnicas, como o plantio direto, que não revolve a área cultivada e adota ainda a rotação de culturas, uma prática que favorece a sustentabilidade produtiva.

Outro modelo de produção que aos poucos ganha espaço no Tocantins, e que é modelo de sustentabilidade no mundo todo, é a integração lavoura, pecuária e floresta, que permite otimizar a utilização da área com vários ciclos produtivos.

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Alexandre Caetano se diz otimista em participar pela primeira vez da Agrotins. Ele apresentará uma ferramenta técnica aos criadores de tambaqui, para saber se as matrizes dos peixes são puras ou híbridas. “Devido a falta de boas ferramentas e processos adequados para o controle genealógico de reprodutores, os produtores de alevinos podem frequentemente efetuar acasalamentos entre peixes aparentados e, consequentemente, gerar animais com deformações e baixo desempenho produtivo”, explica.

Alexandre conta que muitas vezes o produtor pode não estar ciente do prejuízo causado pela falta de desempenho produtivo dos peixes gerados por matrizes aparentadas. “A ferramenta desenvolvida para a certificação de pureza específica do tambaqui é capaz de identificar as introgressões, isto é, contaminações por até 3% do genoma de pacu ou carabina, espécies nativas com características ou aparências semelhantes ao tambaqui, utilizadas frequentemente na produção de híbridos destinados à engorda e consumo”, afirmou o pesquisador da Embrapa.

Raças

O padrão genético das raças encontradas no Tocantins também mudou bastante nos últimos 20 anos. A genética encontrada no Estado era, principalmente, de animais sem padrão racial e sem qualidade quanto aos quesitos zootécnicos. Baseava-se em animais cruzados e raças nativas da região, apresentando baixos índices e direcionado à produção de subsistência dos produtores rurais.

A expansão do rebanho tocantinense nos últimos 10 anos se deveu, principalmente, pela utilização de reprodutores e matrizes melhoradas (com alta carga genética) das raças Zebuínas e Européias. As melhorias foram sentidas quanto à precocidade dos indivíduos, aos índices de produção (peso, carcaça, natalidade, desfrute e outros), a diminuição das enfermidades existentes e pela conquista de um status sanitário que proporcionou abrir mercados para a proteína animal.

Nos dias atuais, encontram-se várias raças com grande expressividade: Nelore (Zebu) e Aberdeen Angus (Europeia) são as mais demandadas nas propriedades.

fonte: Secom TO

Sair da versão mobile