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Em três anos, cerca de 1.000 pessoas desaparecem no Tocantins

Em três anos, cerca de 1.000 pessoas desapareceram no Tocantins. Isso quer dizer que em cada anos 300 sumiram. Dessas, mais da metade são crianças e adolescentes. Para a família que espera uma notícia, é um sofrimento. Algumas mães procuram pelos filhos há mais de 20 anos. A esperança é de encontrá-los vivos.

O filho de Zumira Cardoso tinha um ano quando desapareceu, enquanto brincava na porta de casa, há 29 anos. Desde então ela faz uma busca incansável. “Eu passo a noite pesquisando, eu tenho contato com alguns jovens do exterior, Israel, Holanda, Itália, França. O meu sonho é chegar no computador e falar assim: ‘Eu estou à sua procura’.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, entre 2013 e 2015, quase 1.000 pessoas desapareceram no Tocantins. Desse total, pelo menos 423 continuam desaparecidas. Isso significa que, por ano, cerca 300 pessoas desaparecem. Levando em consideração só as crianças, nesses três anos, foram 184 desaparecidos, uma média de 61 por ano. A maior parte, meninas.

Muitas dessas meninas, acabam se tornando prisioneiras em casas de prostituição. Foi o que aconteceu com a filha de Glayds Rodrigues de 14 anos, que sumiu em Porto Nacional em 2012. No ano passado, ela identificou a menina em um vídeo.

“A ansiedade é muito grande, é muito desesperador. Você não sabe o que está acontecendo, o que estão fazendo com ela. Mas foi muito bom eu ver o vídeo porque ergueu a esperança, de que ela está viva”.

A polícia admite que os números são altos e diz que os desaparecimentos são investigados individualmente. “Quando há indícios de crimes, é aberto um inquérito policial para apurar o que ocorreu. E mesmo que não tenha havido indícios de crimes, a investigação continua, buscas em cadastros nacionais de pessoas desaparecidas e todas as informações que podem levar a encontrar aquela pessoa”, explicou o delegado Vinicius Mendes.

Diante do problema, uma audiência pública foi realizada para discutir o assunto na Assembleia Legislativa. Políticos, representantes do setor de segurança pública, dos direitos humanos e famílias de desaparecidos participaram do debate, nesta quinta-feira (4).

“Que se crie uma delegacia específica para que se aparelhe com mecanismos específicos para tratar desse caso. Falta interesse, investimento e compreensão da gravidade da situação. Só escutando o relato das famílias, a gente compreende o quanto é necessário”, disse o presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Romero Feix.

A avó da menina Laura, de 9 anos, desaparecida em Palmas, aguarda há um ano e quatro meses por uma notícia da neta. Esse vai ser o segundo ano, que Jussara Pereira passa o dia das mães sem a menina, que ela criava como filha. “Eu não quero presente, o único presente que eu quero, é aquele que eu sempre peço para Deus, a minha filha que está perdida. Não quero justiça, só quero minha filha de volta”.

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