Desembargadores, juízes, servidores, advogados, promotores, amigos e familiares compareceram ao velório do desembargador aposentado José Maria das Neves no Pleno do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), sede que ajudou a virar realidade e que, na tarde nesta quarta-feira (23/10), ficou marcada por orações, emoção e reconhecimento ao legado de conquistas deixado pelo magistrado para o Judiciário tocantinense e também para o estado do Tocantins.
Representando o presidente do TJ, Helvécio de Brito Maia Neto, que estava em viagem e só conseguiu chegar após o encerramento da cerimônia, o desembargador Marco Villas Boas sintetizou o clima de consternação de todos. “Essa a ausência, esse sentimento de perda que a família sente, nós, que somos colegas de trabalho, compartilhamos com vocês. É momento difícil, evidentemente, mas estamos unidos em oração, lembrando histórias e pessoas que trabalharam com ele, um juiz muito sério, muito ciente das suas obrigações e leal.”
O desembargador Villas Boas lembrou que, como presidente do TJTO e do TRE, Neves ajudou a construir a sede do Judiciário e iniciou os projetos de construção dos fóruns municipais e tornou a Justiça Eleitoral do Tocantins a mais notada do Brasil. “Era um homem apegado ao que é justo. Com a formação militar que teve, muito organizado, muito sensato e duro na queda, tinha a grandeza da instituição que ele representava e sonhava em prospectá-la para frente”, ressaltou.
Emocionado, Villas Boas encerrou sem esconder as lágrimas: “A notícia já esperávamos dado a situação de saúde que ele passava, mas é uma notícia muito triste que mexe com a gente. Desculpa pela emoção, que tira um pouco da oralidade, mas essa é uma homenagem a você, José Neves, que labutou por essa instituição, vai em paz, tenha um descanso dos justos e que Deus te receba no lar eterno”.
Emoção em família
“Acredito que todos que estão aqui nesse momento de despedida e de apoio à família já conhecem as qualidades do meu pai, que foi um guerreiro desde pequeno, começou a trabalhar com 7 anos, brigou pela vida e, no finalzinho, também brigou pela vida”, afirmou, igualmente emocionado, o juiz e diretor do Foro da Comarca de Goiânia, Paulo Cézar, mais velho dos 5 filhos de José Maria das Neves, acompanhado pelos irmãos – Adriano das Neves, promotor de Justiça no Tocantins; Marcelo das Neves, advogado; Ana Carolina, advogada; e Victor Otávio, engenheiro mecânico.
“Foram 52 dias internado em um hospital em Brasília, mas como disse o pastor, todo mundo tem sua hora. Ele está sendo velado no prédio que ajudou a construir. Amava o Tocantins, trabalhou com todas as forças para fortalecer o Judiciário e para o Judiciário prestar jurisdição com excelência”, revelou o juiz, ressaltando que ele era fiel aos amigos e companheiros de luta e que, mesmo aposentado, continuou em Palmas. “Meu pai amava o que fazia, amava sua família e se dedicava em tudo o que fazia. Acho que é por isso que as pessoas gostavam dele.” O corpo do desembargador Neves foi sepultado não final da tarde, no Cemitério Jardim das Acácias, em Palmas.
Companheiros de magistratura
Contemporâneos de José Maria das Neves na magistratura tocantinense, os desembargadores aposentados Daniel Negry e João Alves foram ao TJTO dar o último adeus ao amigo. “Durante o tempo que militamos juntos, pude ver que ele foi um grande homem, batalhador da causa tocantinense. Está deixando uma lacuna, vai fazer falta. Tenho certeza que ele foi um grande magistrado aqui no Tocantins, ajudou a organizar o Poder Judiciário”, ressaltou Negry.
“Nós nos dávamos muito bem, era meu amigo pessoal. Foi uma peça da história da magistratura tocantinense. Ele foi o primeiro presidente do TRE. Perdemos um grande companheiro hoje, mas é a vida, todos temos a nossa hora. Só nos resta lamentar e pedir a Deus que ele esteja bem na nova morada dele”, frisou Alves.
Presenças dos magistrados
Afastado para tratamento de saúde, o desembargador Luiz Gadotti também foi ao velório se despedir do desembargador José Maria das Neves, acompanhados dos desembargadores Eurípedes Lamonier, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO), Ronaldo Eurípedes, e das desembargadoras Ângela Prudente, vice-presidente do TJTO, Etelvina Maria Sampaio Felipe, e Maysa Vendramini Rosal.
Depoimentos
“O desembargador José Neves foi um grande homem e exerceu com plenitude o cargo de magistrado nesse Estado, contribuiu muito para o fortalecimento do Poder Judiciário e para o Tocantins. É uma perda lamentável! Tive a oportunidade de trabalhar ao lado dele por vários anos, enquanto procurador de Justiça, e foi um grande aprendizado para mim. Só tenho a lamentar esta perda irreparável para nós”
José Omar de Almeida Júnior, procurador-geral de Justiça.
“José Maria é uma referência no próprio sistema de Justiça, não só na magistratura, não só no Ministério Público, não só no Tribunal ou no TRE. Era desembargador do Estado, foi o primeiro presidente do Tribunal Regional Eleitoral e agora, exercendo a advocacia mais recentemente. Ele remonta à história de todo o sistema de justiça no Estado do Tocantins. A Ordem dos Advogados do Brasil está de luto pelo legado e pela ausência do desembargador, juiz, advogado, José Neves, que fará falta para todos nós”
Gedeon Pitaluga, presidente da OAB Tocantins.
“O desembargador José Neves, na carreira da magistratura, é um dos mais antigos do Estado. Foi juiz em Goiás e, quando o Estado foi criado, já era um dos mais antigos, já tinha tempo para ascender à carreira de desembargador lá, mas optou pelo Tocantins, por causa das suas raízes. Foi presidente do Tribunal, responsável pela criação de diversas comarcas, teve uma gestão pioneira responsável até pela construção do prédio do Tribunal de Justiça. Sempre foi um julgador muito duro, não transigia, e esse é o principal legado dele: ser uma pessoa de boa índole. Seu nome no Estado sempre vai ser símbolo disso”
Rubens Dario Lima Câmara, advogado.
Texto: Marcelo Santos Cardoso e Jéssica Iane