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Empresários de Palmas protestam contra jornada de 6 horas

Representantes da classe empresarial do Estado se reuniram nesta terça-feira, 4, na sede da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa). O assunto em pauta foi o impacto negativo que a redução da jornada de trabalho dos servidores do Executivo deverá causar no comércio. Segundo argumentos dos empresários, no passado a medida prejudicou as vendas, por isso um relatório sobre o cenário comercial desse período será feito e levado ao Palácio Araguaia na próxima semana, para tentar reverter a situação.

Numa outra perspectiva, Cleiton Pinheiro, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins (Sisepe), vê a carga horária de seis horas como benéfica para as duas categorias. “O servidor sai do trabalho e já vai logo comer em um restaurante, depois consome no comércio local, porque ele tem outras atividades para desenvolver ali no dia-a-dia. E vai ter mais tempo para comprar”, avaliou o sindicalista.

Presidente da Acipa, Kariello de Sousa destacou que a redução em governo anterior não deu certo e não será favorável nesse momento de crise porque faz com que a quantidade de pessoas circulando na cidade também seja reduzida, bem como os serviços ofertados pelo governo.

“Isso já ocorreu no passado e depois houve um clamor popular para que voltasse as 6 horas, porque o comércio precisa ter movimento. E as nossas empresas também utilizam serviço público e você vai ter um período inteiro sem atendimento que vai deixar mais moroso o serviço”, pontuou o empresário.

Para Kariello, a medida paliativa não vai resolver a situação financeira do Estado. Pelo contrário, segundo avalia o representante da Acipa, ela irá impactar, “mais ainda”, a iniciativa privada.

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O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Palmas, Davi Gouveia, acredita que a situação pode ser revertida. “Basta termos o diálogo”, disse. “São medidas que o governo tomou, mas nada impede da gente levar dados e provar para ele que é uma atitude que vai trazer prejuízo tanto para o comércio, quanto para o governo, com a diminuição da arrecadação. Porque se diminuir as vendas, logicamente reflete no Estado”, completou.

As entidades representativas do comércio vão fazer levantamento de dados dos impactos negativos causados pela redução da jornada dos servidores ainda esta semana. Esses números serão descritos em relatório e levados ao governador Marcelo Miranda (PMDB).

Sem Direitos
Em relação a experiência de redução de jornada no governo passado em que os empresários alegam ter tido queda no faturamento, o presidente do Sisepe, Cleiton Pinheiro, afirma que isso se deu não em razão da mudança, mas porque o governo não teria cumprido alguns direitos dos servidores, na época.

“O servidor tinha o seu compromisso retraído. Ele tinha receio de gastar”, alegou o presidente do Sisepe. “A gente tem essa convicção de que o servidor com seus direitos garantidos gasta mais, mesmo estando em casa ou no ambiente de trabalho”, ressaltou.

Reunião com sindicato
Nesta quinta-feira, 6, Sisepe e classe empresarial se reunirão para discutir esse assunto. “A gente tem que debater para poder entender os dois lados. Se a gente conversar, eu acho que a gente chega sim a um entendimento”, ponderou Cleiton Pinheiro, ao acrescentar que é importante para a população que sindicatos e empresários trabalhem em conjunto.

Por fim, Kariello também disse entender a posição do sindicato, mas mencionou que todos perdem com a redução de jornada de trabalho dos servidores. “O empresário também emprega e precisa pagar os seus funcionários. Se você diminui metade do dia, praticamente, de faturamento você também reduz a mão-de-obra, ou seja, quem vai sair perdendo? Todo mundo”, enfatizou o dirigente.

Reivindicação antiga
Há um bom tempo os sindicatos reivindicam, junto ao Executivo, a redução da jornada – que é de 8 horas com intervalo de duas horas de almoço – para as 6 horas ininterruptas. O entendimento dos sindicatos, conforme pontua Cleiton, é que com essa medida os servidores terão melhor rendimento. “Os servidores produzirão mais e eles produzindo mais, a população ganha mais com isso”, concluiu.

Sem data definida, a previsão anunciada pelo governo é que a mudança na carga horária deve entrar em vigor ainda este mês.

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