Ícone do site Gazeta do Cerrado

Encontro sobre as Tendências Agroclimatológicas contou com mais de 200 participantes

Francisco de Assis Diniz - 4 encontro tendencias agroclimatologicas catolica fotoMANOEL JUNIOR

“A Atualização das Normas Climatológicas 1981 – 2010” e “O que esperar da estação chuvosa 2018/2019” foram temas de palestras que abriram o 4º Encontro para Apresentação e Discussão das Tendências Agroclimatológicas Regional e Estadual, realizado na manhã da última quinta-feira, 13, em Palmas pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro). O objetivo foi trazer informações para apoiar tomadas de decisões de produtores rurais e para a construção de políticas públicas voltadas ao setor rural.

Com o tema central “A Interação do clima do manejo e a Produtividade Agrícola”, o público presente obteve informações sobre a Importância do Clima e do Manejo Agrícola na Definição de Altas Produtividades, foram apresentados estudos de Casos para a Cultura da Soja e Clima e Energias Renováveis. Encerramento com Mesa Redonda composta pelos palestrantes e participantes do Encontro.

O evento, que está na sua 4ª edição, teve sucesso garantido com a participação de profissionais da área de renome internacional, atraindo um público de mais de 200 pessoas, graças a uma ampla parceira  com as seguintes instituições: Empresa Brasileira de Pesquisa Aplicada (Embrapa), Universidade do Tocantins (Unitins), Ministério da Agricultura Pecuária (Mapa), Faculdade Católica do Tocantins (FACTO), Fazendão Agronegócio, Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso (Coapa), OCB-SESCOOP, Frísia, Programa ABC, Instituto Nacional de Meteorologia (INMET/MAPA), Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder) e Universidade Federal do Tocantins (UFT).

Paulo Sentelhas – encontro tendencias agroclimatologicas foto MANOEL JUNIOR

Tendências 

Publicidade

Diretor Geral do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET de Brasília (DF), Dr. Francisco de Assis Diniz; apresentou um estudo realizado sobre as normas climatológicas do Brasil que mostra a variação e a precipitação e temperatura no Brasil, especialmente no Tocantins, o que aumentou ou diminuiu, nos últimos 60 anos, onde mostra que está havendo sempre um aumento de temperatura  e uma diminuição na precipitação no inicio das chuva, ou seja, de outubro a dezembro e um aumento na precipitação  no final do período chuvoso, entre fevereiro e maio.  “Isso significa dizer que está havendo uma derivada no atraso das chuvas, tá começando a chover mais a partir de outubro a novembro e levando o final de estiagem mais pra frente. O que é uma tendência, que se deve à própria variabilidade da atmosfera. Nossa variação mais longa no Brasil, medida nesses 50/60 anos, não dá para confirmar se essa variação é cíclica ou veio para ficar”, explica.

Producao

O engenheiro agrônomo e professor de Agrometeorologia da ESALQ/USP-SP, Phd em Agrometeorologia,  Doutor Paulo Cesar Sentelhas, abordou a influência do clima  na produção agrícola, mostrando, claramente, até que ponto é o clima que impacta  na produtividade, e até que ponto é a condição de manejo e como os fatores que  interferem na produtividade vão realmente definir a possibilidade  de se obter  altas produtividades. “Usamos aí os estudos de casos a cultura da soja, com uma abordagem bem ampla,  mostrando a pesquisa que a gente vem realizando, junto com o Comitê  Estratégico de Soja Brasil – Cesb, instituição que mede a competição de produtividade entre os produtores de soja do Brasil”.

O professor acrescentou que om os dados do CESB, conseguiu mostrar, claramente, até que ponto o déficit hídrico  é o causador de perdas na produtividade  e até que ponto  é a questão do manejo. “O índice varia bastante. Para os campeões de produtividade é uma situação, mas quando se olha de maneira geral, hoje, tem muito mais quebra na produtividade por manejo inadequado”, afirmou.

Importância do clima 

O secretário da Agricultura, Thiago Dourado, abriu o evento falando da importância de falar sobre clima e produção agrícola. “Muitas vezes o pesquisador busca um conhecimento singular e se posiciona no que imagina para o futuro, na perspectiva do clima de uma região. Já tivemos alguns momentos climáticos em que houve enormes perdas de grãos, principalmente de milho, a exemplo da Safra 2015/2016, que exigiu do Estado um posicionamento com relação até a um decreto de calamidade pública. Isso foi um cenário mais forte para o produtor se aproximar mais ainda desse conhecimento”.

O secretário divulgou um trabalho que vem sendo realizado pela Seagro, em parceria com a Universidade do Tocantins – Unitins com informações atualizadas semanalmente sobre o clima “Resenha Agrometeorológica, e que pode ser acessada no Portal da Agrometeorologia no endereço:www.agrometeorologia.seagro.to.gov.br e nas redes sociais da Secretaria de Agricultura.

Thiago Dourado adiantou sobre o lançamento do início do plantio da Safra 2018/2019 que, segundo ele deve acontecer no final de setembro ou início de outubro, juntamente com a associação de produtores de grãos e Associação dos Produtores de Soja – Aprosoja. “O momento do evento de agrometeorologia é oportuno e imprescindível para  que se conheça melhor o assunto antes do lançamento  do plantio, para que  se possa alinhar, gerar conscientização e mitigar  qualquer tipo de efeito negativo  sobre o clima  e utilizar  o recurso  para se sair melhor dentro da atividade”, finalizou.

Clima

O meteorologista e pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE/MCT, Phd  em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin – USA, Doutor Luiz Carlos Baldicero Molion, disse que a ideia é trazer um diagnóstico, dos últimos anos, do que está acontecendo em relação às chuvas  e dar uma olhada nas perspectivas  para a Safra 2018/2019. Antecipou que, ao contrário do que se fala na mídia, a tendência é de um pequeno resfriamento do clima em média 0,2 a 0,3 graus centígrados, principalmente fora das regiões tropicais. Com esse resfriamento no Brasil os estados mais afetados serão os da da região sul. Que esse resfriamento acontecerá devido a baixa atividade do sol e consequente criação de nuvens. Para o Tocantins isso não terá grandes consequências para a agricultura e que o que se observou, usando estações confiáveis, que têm dados diários de chuva, foi que durante um período semelhante a esse, no passado, em que houve uma redução de temperatura, particularmente fora da região tropical, o número de dias com chuva diminuiu, mas o total anual não mudou.

Quando perguntado sobre o que o agricultor tocantinense deve fazer para ter água nos períodos mais secos, o pesquisador disse que um aspecto importante para o agricultor é segurar a água das chuvas, para que ela não infiltre nem escorra, “Então a gente tem que tomar alguns cuidados  pra melhorar a infiltração, conter a água em barragens  e ainda fazer com que a planta  desenvolva um sistema radicular  mais profundo, para ter um volume de solo maior”, orientou.

Perspectivas 

O produtor de soja Milton Sawamura, cultiva soja em uma área de 500 hectares, na Fazenda Buriti, município de Santa Rosa do Tocantins. Para ele o evento foi de fundamental importância porque abriu perspectivas do que vai acontecer durante a safra. “Com isso gente pode programar melhor a data do plantio e ter uma previsão do que pode acontecer. Ter uma perspectiva melhor da colheita, passar os insumos e antecipar se vai precisar de mais máquinas para a colheita”, disse.

Já o secretário de agricultura de Pedro Afonso, Albino Mazola,  falou que assim como nos encontros anteriores o objetivo de participar e de se atualizar e baseado nas informações fará planejamentos e orientação para os agricultores. “O encontro é muito importante  e tem que ser feito todos os anos, não pode parar, porque é uma fonte de informação importantíssima para nós que lidamos no dia-a-dia com a produção agrícola e pecuária”, afirmou.

Sair da versão mobile