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Entrevista Especial: como será o pós-pandemia na Educação do Tocantins? Secretária revela perspectivas e faz reflexões

A pandemia gerada pelo Novo Coronavírus trouxe muitas mudanças em todas  as áreas. Não tem mais como pensar  no futuro sem pensar em todas as alterações e reinvenções que esse período que ainda não passou levou todos os segmentos sociais a aderir. Não diferente de todas as outras áreas, a Educação também foi impactada por esse momento difícil e que requer muita cautela.

No Tocantins, os alunos estão há cinco meses fora da sala de aula, alguns conseguem estudar em casa e todos em compasso de espera para quando tudo isso passar poder retomar as aulas e o convívio escolar.

Quais os rumos da educação na rede estadual no pós-pandemia no Tocantins? A secretária de Educação Adriana Aguiar conversou com nossa equipe sobre os gargalos e a busca pela reinvenção digital.

 

Veja a íntegra da entrevista:

Gazeta do Cerrado –  Secretária, qual seu sentimento neste momento como gestora da educação do Estado com relação ao efeito da pandemia na educação?

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Adriana – Meu sentimento diante desse cenário desafiador é de preocupação com a situação epidemiológica e, ao mesmo tempo, de gratidão em perceber a união entre os nossos servidores e a comunidade escolar. É realmente tempo de unirmos esforços pela segurança de todos, sem deixar de garantir que nossos alunos continuem a aprender.

Para tanto, temos atuado em várias frentes e adotado estratégias de enfrentamento a essa realidade, o que nos levou a refletir sobre as nossas práticas educacionais. As ações da Seduc vão além do campo pedagógico e buscam cumprir, para além da oferta do ensino básico de qualidade, este importante papel social, que é a formação cidadã dos nossos estudantes.

O mundo passa constantemente por mudanças e na educação não é diferente. Neste período de pandemia, temos buscado encarar essa nova situação como uma possibilidade de nos reinventar mais uma vez e com a esperança de que tudo isso nos fortalecerá, bem como o vínculo com a comunidade escolar.

 

Gazeta do Cerrado – Já estamos em agosto, e os dados ainda mostram um cenário preocupante da Covid: há alguma alternativa em estudo para retorno de toda a rede estadual?

Adriana – No dia 29 de junho, retomamos as aulas para os estudantes da 3ª série do ensino médio no formato não presencial. Nesse modelo, os alunos recebem material didático, roteiros de estudo e listas de atividades para poderem manter os estudos mesmo com as aulas presenciais suspensas.

Já no início de agosto, quando estava previsto o retorno presencial das aulas, a situação pandêmica no Estado nos obrigou a mudar o nosso planejamento. Desta forma, a partir do dia 10 deste mês, iniciamos as atividades não presenciais, no mesmo formato, para os alunos matriculados na 1ª e 2ª séries do ensino médio, atendendo, assim, a toda essa etapa de ensino. Ao todo são mais de 69 mil estudantes matriculados no ensino médio regular, técnico, integral e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Seguimos avaliando a situação da pandemia no nosso Estado para podermos avançar nas medidas de retomada das aulas. Assim, para o ensino fundamental, estamos levando em consideração todos os dados e orientações dos órgãos de saúde e do Comitê de Crise para a Prevenção à Covid-19, para podermos traçar a melhor estratégia de retorno das atividades, sejam presenciais, ou não presenciais.

 

Gazeta do Cerrado – Na sua avaliação, o Ministério da Educação tem coordenado e orientado o estado neste momento?

Adriana Aguiar – Todas as medidas tomadas pela Educação do Tocantins seguiram as orientações das autoridades educacionais e de saúde, o que possibilita que o nosso planejamento seja efetivo e atenda à necessidade e diversidade da nossa rede.

A exemplo da MP 934, que foi sancionada como a Lei 14.040, no último dia 18, que estabelece as normas educacionais excepcionais em razão da pandemia. Desde a sua publicação, ainda no mês de abril, passamos a pensar o nosso planejamento não mais a partir dos 200 dias letivos, mas levando em conta o número mínimo de 800 horas/aula.

Todas as nossas ações estão amparadas pelas medidas editadas pelo Conselho Nacional da Educação (CNE), homologadas pelo Ministério da Educação (MEC) e, consecutivamente, por entidades em outras esferas.

 

Gazeta do Cerrado – Para os servidores da Educação: como tem sido o trabalho da pasta com relação a eles neste momento?

Adriana Aguiar – Garantir a segurança dos profissionais da educação e dos estudantes é o primeiro dos cinco pilares da nossa proposta de retomada do ano letivo. Temos plena consciência de que os nossos servidores, tanto nas escolas, como nos órgãos de gestão da Seduc (sede e Diretorias Regionais) são peças fundamentais para fazer a educação acontecer.

Assim, dentro deste cenário complexo em que vivemos, buscamos alternativas para prevenir o contágio, ao mesmo tempo em que damos suporte para que todos possamos superar essa situação tão atípica em que vivemos.

Nossa primeira ação, assim que foi publicado o primeiro decreto pelo Governo do Tocantins, com medidas de segurança e distanciamento, foi identificar os servidores que faziam parte do grupo de risco, definido pelos órgãos de saúde e autorizamos o trabalho remoto. Assim, esses profissionais garantiram o isolamento, ao mesmo tempo em que diminuímos a circulação de pessoas nos ambientes de trabalho.

Seguindo os direcionamentos apontados pelo Comitê de Crise para a Prevenção, Monitoramento e Controle da Covid-19, orientamos a todos quanto às medidas de segurança e uso de equipamentos de proteção pessoal e higiene. Além disso, as escolas também estão passando por rigorosa sanitização.

Paralelamente a isso, lançamos o programa Olhar Atento, que foi pensado para oferecer a educadores e estudantes da rede estadual apoio socioemocional. A iniciativa tem como objetivo dar acesso à assistência psicológica, cursos on-line com certificação gratuita, palestras, e outras ferramentas que proporcionam o apoio necessário neste período e após a pandemia. O Programa é desenvolvido em parceria com diversas instituições e entidades, tais como a Universidade Federal do Tocantins, o Instituto Península, por intermédio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), o Instituto Natura, o Instituto Eduardo Shinyashiki e o Instituto Ayrton Senna.

Recentemente, autorizamos a confecção e compra de máscaras de tecido que atenderão a todos os estudantes da rede estadual, bem como servidores das unidades de ensino, Diretorias Regionais de Educação e sede da Seduc.

Além disso, como medida de segurança, tanto para os nossos professores, equipes técnicas das escolas e estudantes da rede estadual, autorizamos a sanitização de todas as 493 unidades de ensino da rede. O procedimento ocorre simultaneamente nas 13 Diretorias Regionais de Educação e deve contemplar 100% das escolas até o início de setembro.

 

Gazeta do Cerrado – Como está sendo a coordenação e orientação aos municípios?

Nós entendemos que a educação básica é uma ferramenta de transformação social que vem desde a etapa da educação infantil. Por isso, decidimos dar suporte para que os municípios, que são os responsáveis pela iniciação de nossas crianças no mundo escolar, pudessem atuar mesmo em um período como este em que estamos. Para se ter uma ideia, desde que assumimos a gestão, elevamos o status da antiga Gerência de Apoio aos Municípios, à Assessoria, agora ligada diretamente ao gabinete da Seduc. Assim, todas as ações voltadas diretamente aos municípios são decididas e autorizadas com maior agilidade, pois sabemos que a educação é realizada na ponta.

A Assessoria de Apoio aos Municípios tem trabalhado na produção de material pedagógico para Orientação Organizacional e Curricular para a Educação Infantil no Tocantins, que tem como objetivo subsidiar os profissionais que atuam na educação infantil. Atualmente esse material se encontra disponibilizado on-line no site da Seduc.

Implementamos, ainda, capacitação profissional para os educadores das redes municipais. Os cursos são ofertados digitalmente via plataforma Moodle nos mesmos moldes de formação oferecida para a rede estadual, com vagas para até 12 mil professores das redes municipais.

Além disso, temos aproveitado ao máximo as ferramentas digitais para podermos manter o nosso trabalho direto com os municípios. Por meio de aplicativos de mensagens, webconferências e vídeos na internet, temos orientado as redes municipais quanto a questões importantes como as inscrições no Prêmio Gestão Escolar 2020, a reorganização do atendimento educacional e as ações do Programa Bolsa Família na Educação.

Dentro do contexto do Prêmio Gestão Escolar, gostaria de parabenizar e agradecer aos diretores das escolas municipais pela participação nesta edição especial do prêmio, que irá reconhecer as ações adotadas durante este período de pandemia e suspensão de atividades presenciais nas escolas. Como coordenadora nacional do Prêmio, preciso destacar a participação das escolas municipais no PGE 2020, que tem sido bastante expressiva.

Entendendo a importância da alimentação escolar para as famílias dos estudantes tocantinenses, o governador Mauro Carlesse decidiu ampliar a ação de distribuição de kits de alimentos também para as redes municipais do Tocantins. Milhares de alunos matriculados em escolas municipais já receberam os mantimentos que reforçam a segurança alimentar de suas famílias. Desta forma, a parceria com os dirigentes municipais de Educação, por meio da representação no Tocantins da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), tem sido fundamental para que esse importante benefício chegue até quem mais precisa, que são os nossos estudantes das redes municipais.

Na rede estadual, a primeira etapa de entrega dos kits alimentares foi concluída e a segunda etapa já está em andamento levando alimentos a todos os 139 municípios tocantinenses.

Importante ressaltar que cada Prefeitura tem total autonomia para gerenciar suas redes de ensino. Por isso, nosso trabalho tem sido no sentido de oferecer ferramentas e orientações de forma colaborativa para que programas importantes e políticas públicas educacionais não sejam paralisados.

Nota: nossa equipe agradece a Assessoria de Comunicação da Seduc pela intermediação e ajuda na entrevista.

Por Maju Cotrim

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