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“Essa não era minha intenção”, diz prefeito do campus de Arraias da UFT

Texto: Nielcem Fernandes

Edição: Brener Nunes

(Divulgação/UFT)

“Eu queria dizer e ainda me retratar perante aos que se sentiram ofendidos, justificando que essa não era a minha intenção. Essa parte do debate foi omitida por quem divulgou as declarações que motivaram a referida nota de repúdio”, disse o prefeito do campus de Arraias da UFT, Luiz Paulo, à Gazeta do Cerrado, nesta segunda-feira, 30. 

Segundo assessoria da instituição, as declarações de Luiz foram mal interpretadas e que os trechos que integram a nota de repúdio foram retirados de um debate feito dentro das redes sociais. Portanto, fora do contexto representado na nota assinada pelos movimentos estudantis e alunos quilombolas que alegaram irresponsabilidade moral e disseminação de ódio por parte do servidor.

Em nota de repúdio, os alunos afirmam que Luiz disse sem nenhuma responsabilidade moral que, “qualquer carniça entra na federal”,  “quem menos sabe são os que entram” e “se um quilombola for selecionado ganha uma bolsa de aproximadamente R$ 950,00. Alguma coisa em troca? Quero saber! Pura doutrinação lulopetista”.

Confira nota de repúdio:

O movimento estudantil da UFT campus Arraias, juntamente com alguns alunos(as) quilombolas, manifesta o seu repúdio às declarações afrontosas e desrespeitosas proferidas  pelo  então prefeito do campus Luiz Paulo aos acadêmicos desta unidade. O mesmo disse, sem nenhuma responsabilidade moral, que “qualquer carniça entra  na federal”,  “quem menos sabe são os que entram” e “se um quilombola for selecionado ganha uma bolsa de aproximadamente R$ 950,00. Alguma coisa em troca? Quero saber! Pura doutrinação lulopetista”
Declarações como essas violam, de maneira lamentável, uma das mais importantes conquistas das lutas estudantis , que é a democratização do acesso às universidades públicas. Além disso, tais declarações penalizam todos os estudantes negros e pobres das nossas universidades, que mesmo estando  no ensino superior  e tirando notas iguais ou superiores à dos não cotistas, continuam sendo vítimas de preconceito, racismo e discriminação nos campis país a fora.
Com relação específica aos termos proferidos pelo mencionado servidor, no que se refere aos programas de auxílios aos quilombolas, ressaltamos o dever das universidades de garantir a permanência desses estudantes, devendo, inclusive, proporcionar apoio financeiro a esses discentes.

É inadmissível que um servidor desta unidade, em que pese sua liberdade de expressão, fomente, totalitária e reiteradamente, o ódio contra a inclusão das classes menos favorecidas nas universidades públicas . O movimento estudantil deste campus, portanto, firma seu descontentamento na reprodução de afirmações que afrontam políticas de democratização do acesso às universidades públicas, que, como bem sabemos, foram conquistadas mediante a duras lutas.
Defendemos veementemente os direitos conquistados pelos estudantes quilombolas e, por isso, esperamos que a direção desse campus tome ciência do ocorrido e, no final, caso entenda cabível, adote providências para a situação que repudiamos.

Resposta da UFT

O servidor, Luiz Paulo, esclarece a respeito da nota de repúdio. De acordo com o servidor, as informações que compõem a nota foram retiradas de trechos de um debate feito em uma rede social e estão fora de contexto, sendo assim esclarece as seguintes questões:

O debate era acerca da situação econômica e política atual do país. Ao longo da discussão quis, nesse cenário, demonstrar a situação atual das universidades federais e nesse contexto também exemplificar a forma de ingresso nas instituições públicas de ensino e como o uso político, de determinadas políticas públicas, tem sido usadas por parte dos últimos governos, momento em que as bolsas quilombolas foram mencionadas;

Para Luiz Paulo, ele não foi compreendido ao longo da discussão e algumas pessoas se ofenderam com suas colocações e por isso se retrata. “Eu queria dizer e ainda me retratar perante aos que se sentiram ofendidos, justificando que essa não era a minha intenção. Essa parte do debate foi omitida por quem divulgou as declarações que motivaram a referida nota de repúdio”, esclareceu.

Luiz Paulo afirma ainda que não tem nenhum ódio, nem nada contra a inclusão das classes menos favorecidas nas universidades públicas. Tampouco tive a intenção atacar, desrespeitar ou afrontar quem quer que seja, conforme dito na referida nota de repúdio. Reitero meu respeito a todos.

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