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Estudo mostra as 10 ações que mais destroem o mundo. Confira:

(Divulgação)

Mãe, esposa e designer, Babette Porcelijn tem conquistado o mundo – mesmo evitando viajar, já que só a compensação para a sua vinda ao Brasil exigiu da pesquisadora o plantio de nada menos do que 720 árvores (que ela fará com orgulho).  O motivo de tanto sucesso? Um olhar criativo, personificado e pragmático sobre um dos maiores problemas de nossa época: nosso impacto no meio ambiente.

Como quem analisa os problemas a serem resolvidos por um novo produto de design, Babette se voltou para a sustentabilidade sem medo de contestar até as verdades mais óbvias -e o resultado não poderia ser mais surpreendente. Com base em números e sem medo de analisar a cadeia de ponta a ponta, a designer desenvolveu uma fórmula que ajuda cada pessoa a calcular o seu impacto pessoal no ambiente, fez o primeiro top 10 do mundo de atitudes que mais impactam um meio ambiente e, o melhor de tudo, explicou tudo em um lindo livro que detalha cada passo e descoberta de sua análise.

A coluna Feito por Elas conversou com a designer durante o evento “What Design Can Do” e compartilha aqui um pouco da vida, das descobertas e dos ensinamentos de uma mulher que que não só pode, mas já está desenhando um mundo eco positivo.

Feito por elas: Como você passou a viver sua vida desde a pesquisa

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Babette Porcelijn:
Em primeiro lugar, sigo o top 10. Faço as coisas grandes primeiro, porque, atualmente, precisamos de grandes passos. Uma pessoa holandesa, por exemplo, precisa reduzir 75% do seu impacto no mundo. Um brasileiro, pelo o que pesquisei, deve reduzir cerca de 50%. Por isso, só funciona se começarmos a reduzir os maiores impactos primeiro.
Por isso, hoje, raramente compro qualquer coisa e quanto preciso prefiro comprar de segunda mão ou emprestar. Também parei de comer carne, esta é a atitude mais fácil que você pode tomar, você pode começar hoje, agora.

Também vivo em uma casa pequena, com um bom isolamento térmico e fornecimento de energia verde. Abri mão do carro, o que, surpreendentemente também foi fácil. Parecia uma coisa assustadora, mas não foi um problema. Como comida local, de acordo com a sazonalidade e, sempre que posso, escolho orgânicos. E parei de voar, pelo menos por diversão. Só entro em um avião quando acho que a viagem vai trazer mais benefícios do que malefícios.

Feito por elas: E como se sente desde então?

Babette Porcelijn:
Essa é a minha vida e eu adoro. Sou mais saudável, há menos coisas na minha casa e é mais barato, o que me dá liberdade para fazer o que acho que é importante. Posso seguir minha paixão e fazer o bem pelo mundo. E, você sabe que, porque não voamos, começamos a fazer belas e longas viagens caminhando e andando de bicicleta e é maravilhoso, porque viajando assim você vê o meio ambiente e se aproxima como família.

Feito por elas: E as pessoas ao seu redor, como elas reagiram a tanta mudança?

Babette Porcelijn:
As vezes elas se sentem um pouco intimidadas, porque acham que deveriam fazer mais. Mas eu nunca julgo as pessoas pelo que fazem. É sempre sua decisão. Mas, se você quer fazer uma mudança, eu posso mostrar a você a melhor maneira de fazê-lo. E desta forma, o que eu mais vejo, é que eu realmente inspiro as pessoas.

Feito por elas: E você acha que é difícil mudar? Por quê?

Babette Porcelijn:
O que descobri durante a pesquisa é que é muito difícil encontrar as informações que eu estava procurando. O top 10, por exemplo, não estava lá. Nunca tinha sido feito no mundo! Foi um choque, porque a primeira coisa que você precisa saber é qual impacto você tem e onde estão as coisas grandes. Sem isso, de fato, fica difícil para as pessoas fazerem alguma coisa a respeito da sustentabilidade.

Também há muita informação desencontrada e que confunde as pessoas. Por exemplo, tirar aparelhos da tomada é uma coisa boa, mas é preciso saber que a redução do impacto é muito pequena. Por isso acho que é importante mostrar as grandes coisas. Por que é assim que o que você faz realmente faz a diferença.

Feito por elas: Como seria o seu mundo ideal?

Babette Porcelijn:
Bom, este será o meu próximo livro. Eu quero saber como o mundo seria em 2050 se começarmos a fazer o que é certo agora. Ainda não fiz toda a investigação. É uma grande questão. Mas acredito que podemos ir muito longe se reduzimos o consumo de coisas e também se começarmos a adotar uma dieta vegetarianos ou vegana, ao menos na maioria das vezes.

Feito por elas: E você acha que isso é possível?

Babette Porcelijn:
Se os benefícios de ser sustentável forem maiores do que as desvantagens, as pessoas vão agir em interesse próprio. Então, temos que descobrir como fazer o interesse do meio ambiente se tornar uma vantagem pessoal também.

Feito por elas: E como o designer pode ajudar?

Babette Porcelijn:
Primeiro é preciso saber o que não podemos fazer. Despois vem a questão: O que devemos fazer? Como podemos criar um mundo eco positivo? Como podemos alcançar 2050 de forma segura, saudável e divertida para qualquer um no mundo? É a criar essa visão que alguns designers podem ajudar. Podemos pensar em modelos econômicos eco positivos. Como podemos ganhar dinheiro com o a despoluição do ar? Ou com o plantio de árvores? Os designers de interiores e designers industriais, podem pensar como criamos um produto eco positivo, um design que não só compense o impacto causado por sua fabricação, mas também traga um impacto positivo para o mundo.

Por Giovanna Maradei 

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