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“Eu pensava que o cigarro seria uma saída para algum problema, mas isso é uma ilusão”, diz ex-fumante que perdeu mãe para o tabagismo em Araguaína

A Secretaria da Saúde de Araguaína oferece o tratamento desde 2018 nas UBS do Araguaína Sul, Setor Barros e Distrito Novo horizonte. Também está previsto iniciar mais dois grupos no Setor Couto Magalhães – Foto: Thiago Santos / Secom Araguaína

Às quintas-feiras, na UBS (Unidade Básica de Saúde) do setor Araguaína Sul, dezenas de adultos se reúnem com o mesmo propósito: parar de fumar. Josirene da Silva é uma das 25 integrantes de um grupo de pessoas que, em prol da saúde e das pessoas que amam, tomou a decisão de largar o vício do cigarro.

A servidora pública conta que foi fumante por mais de 20 anos e, em 2017, perdeu a mãe para insuficiência pulmonar causada pelo tabagismo. De lá para cá, pensava e tentava largar o vício, até que no dia 8 de fevereiro deste ano ela conheceu o grupo e iniciou o tratamento.

“Tem sido maravilhoso, porque aqui tenho uma rede de apoio. Desde que iniciou, nunca faltei uma reunião. Antes eu parava de fumar por um tempo e voltava, porque sempre que enfrentava uma situação difícil, eu pensava que o cigarro seria uma saída para algum problema, mas isso é uma ilusão, na verdade é o contrário”, contou Josirene.

Josirene da Silva conta que foi fumante por mais de 20 anos e, em 2017, perdeu a mãe para insuficiência pulmonar causada pelo tabagismo. No dia 8 de fevereiro deste ano, ela conheceu o grupo e iniciou o tratamento – Foto: Thiago Santos / Secom Araguaína

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Várias dependências

O cigarro pode causar três tipos de dependência: química, psicológica e comportamental, além de diversos malefícios para a saúde, conforme explica a médica Lívia Fernandes.

“Além do câncer, o uso da substância pode causar tuberculose, úlcera gastrointestinal, impotência sexual, infertilidade, complicações gestacionais, osteoporose, catarata, doenças cardiovasculares, enfisema, bronquite crônica, redução da capacidade pulmonar, problemas de pele e envelhecimento precoce e entre outros”, informou a médica da Família.

A Secretaria da Saúde de Araguaína oferece o tratamento por meio do Grupo de Tabagismo desde 2018 nas UBS do Araguaína Sul, Setor Barros e Distrito Novo horizonte. Também está previsto iniciar mais dois grupos no Setor Couto Magalhães.
Como funciona o Grupo?

Toda reunião possui uma roda de conversa que permite aos pacientes compartilharem suas experiências e a rotina sem o uso do cigarro. A cada encontro semanal, também é disponibilizado um profissional da equipe e um tema diferente é escolhido para uma palestra. Em seguida, eles são atendidos individualmente pela equipe multidisciplinar e recebem a medicação.

Na última quinta-feira, 29, o tema foi “Alimentação Saudável” e a nutricionista falou sobre a escolha de alimentos mais nutritivos, evitar utilizar a comida como recompensa durante o tratamento, ingerir mais água e assim minimizar o ganho de peso ou o desenvolvimento de outros problemas de saúde.

Precisa de ajuda?

A porta de entrada para o grupo é qualquer UBS da cidade. O morador interessado precisa procurar a unidade mais próxima da sua residência e relatar durante a consulta médica o interesse em parar de fumar.

Depois disso, o paciente passa por uma entrevista e entra para a fila do grupo, que inicia uma nova turma a cada seis meses. O serviço gratuito dispõe de uma equipe composta por farmacêutico, nutricionista, psicólogo, médico, psiquiatra, enfermeiros e educador físico.

Nágila Alves, enfermeira responsável pelo grupo na UBS Araguaína Sul, conta que a procura é voluntária e tem aumentado nos últimos três anos. “Antes tínhamos uma média de 15 pessoas, atualmente contamos com 25 pacientes e uma lista de espera, o que é muito bom, significa que as pessoas estão se conscientizando mais sobre os malefícios do tabaco para a saúde”.

A abstinência é temporária, persista!

Os remédios disponibilizados no Grupo de Tabagismo ajudam a reduzir os sintomas de abstinência provocados pela ausência de nicotina, princípio ativo encontrado no tabaco. A médica ainda ressalta que os sintomas costumam melhorar ao longo do tempo à medida que o corpo se adapta à ausência da nicotina. “Tem duração média de duas a oito semanas e a intensidade está relacionada ao grau de dependência”, explica Lívia.

“Durante o período de abstinência é comum sentir irritabilidade, ansiedade, impulsividade, depressão, redução da concentração, tonturas, cefaleia, inquietação, insônia ou hipersonia, aumento do apetite, formigamentos e/ou tremores, redução da frequência cardíaca e da pressão arterial”, complementou a profissional.

Os integrantes presentes na reunião do último dia 29 também acompanharam o depoimento da dona de casa Carmem Oliveira, que fumou durante 40 anos e depois de concluir as reuniões do Grupo de Tabagismo, está há 11 meses sem fumar. Segundo ela, a decisão trouxe benefícios para a sua vida.

“Dia 28 de março do ano passado foi o meu último cigarro, eu ganhei mais saúde e economizei o meu dinheiro, porque cigarro não é barato. Não é fácil parar, não se sintam envergonhados se não conseguirem da primeira vez, mas não desistam!”, contou Carmem.

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