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EXCLUSIVO: Aposentado, Liberato diz ter se livrado de 41 processos e alega “birra pessoal” do relator da Maet

O desembargador afastado, Liberato Póvoa concedeu entrevista exclusiva á Gazeta do Cerrado sobre sua vida atual após a Operação Maet, que o afastou do Tribunal de Justiça do Tocantins e com a aposentadoria. Há mais de seis anos fora do Tribunal, ele agora se dedica á literatura no Estado de Goiás mas ainda demonstra mágoa pela Operação na qual foi acusado, junto com outros desembargadores, de venda de sentenças.

Ele falou da senadora Katia Abreu contra quem faz várias acusações: “O que foi feito não é transitório, mas definitivo. No momento em que a senadora Kátia Abreu, usando de seu poder, articulou com o CNJ e o STJ para me prejudicar, conseguiu me jogar num ostracismo que eu não desejo ao meu pior inimigo, nem mesmo a ela, que usa de todos os artifícios para se manter no poder e agora quer semear a oligarquia dos Abreu para tomar conta do Tocantins”, frisou.

O desembargador aposentado terminou a entrevista com a seguinte frase: “A lei de causa e efeito, também chamada de “lei do retorno”, há de atingir quem sempre usa de todos os expedientes para ficar no poder”, disse.

Veja a íntegra dos principais assuntos da entrevista: 

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Gazeta do Cerrado – Qual o ultimo livro que o senhor lançou e por que não foi lançado no Tocantins?

– Na verdade, lancei dois de uma só vez: “Que saudades de São José do Duro”

e “A medicina popular no Tocantins”. Lancei primeiramente em Goiânia, com boa

participação dos amigos e parentes, quando, inclusive, veio meu irmão, Francisco

Liberato, especialmente de Belo Horizonte para prestigiar o evento. Depois, durante

os festejos de São José, em Brasília, dia 26 de março, lancei em Brasília, com muito

bom público. Não lancei no Tocantins, porque, para ser sincero, não encontrei

ambiente para isto: apesar de membro fundador da Academia de Letras do Estado

do Tocantins (ALET), que presidi por duas vezes, nunca recebi dos confrades um só

gesto de apoio e solidariedade.

Por outro lado, fui colaborador voluntário e gratuito por quase vinte anos do

“Jornal do Tocantins” e inclusive mantive por treze anos, ininterruptamente, a coluna

“Judiciário”, que era a mais lida aos domingos. E logo que fui atirado na cova dos

leões, todos me viraram o rosto e até para publicar um mero artigo sou barrado por

uma censura, que impõe número de linhas, o tema abordado, e sinto que a liberdade

de imprensa no Tocantins infelizmente não existe. Quem ainda me faculta publicar

algum artigo de opinião é “O Jornal” e o “Agora-TO”, que sempre que podem

publicam matéria minha.

Gazeta do Cerrado – Como está a vida de aposentado?

– Já cansado de labutar com Direito, aposentei-me e não pretendo lutar com a

advocacia como único meio de vida, pois a elitização da magistratura, quando

muitos magistrados pensam que são deuses, dificulta a vida do advogado. Vivo uma

vida tranquila, voltada às letras, escrevendo, e se no meu Estado as portas se

fecharam para minha literatura, aqui em Goiânia tenho espaço e escrevo o que

quero e sobre o assunto que me apraz, sem mendigar uma oportunidade. Para se

ter uma ideia, escrevo diariamente, produzindo sete artigos e crônicas por semana,

e em vez de pedir pra publicar, o jornal é que me pede para mandar matéria. Em

dois anos que escrevo no “Diário da Manhã” tenho quase 400 artigos publicados.

Para viabilizar de uma vez por todas minha literatura, criei meu próprio blog

(www.liberatopovoa.com.br), totalmente independente, e facultando espaço a quem

quiser manifestar sua opinião, com a diferença de que não aceitarei de forma

alguma patrocínio de políticos, que pagam certos blogs para burilarem sua imagem.

Qualquer entidade pode escrever, que mando postar: OAB, MP, Judiciário, PGE,

TCE, Assembleia Legislativa, Academias etc, desde que seja matéria assinada.

Gazeta do Cerrado – A quais projetos o senhor tem se dedicado atualmente?

Liberato Póvoa- Basicamente a literatura, pois desliguei-me da Academia de meu Estado, mas sou membro da Associação Goiana de Imprensa (AGI) e à Associação Brasileira de Advogados Criminalistas (ABRACRIM), a convite das próprias entidades.

Gazeta do Cerrado – Quais os próximos passos na literatura?

Liberato Póvoa – Vou continuar escrevendo, e devo ter pelo menos uns três ou quatro livros já prontos, mas não tenho pressa de publicar, mesmo porque não vivo de literatura.

Gazeta do Cerrado – Qual sua atual situação em relação á Operação que o afastou do Tribunal de Justiça?

– Quando fui afastado, sem mesmo saber a razão, senti-me literalmente descartável, pois os que se diziam amigos, centenas que viviam no meu gabinete, sumiram, com raríssimas exceções, levando-me a acreditar naquele velho ditado sertanejo: “Amigos são como aves de arribação: quando o tempo está bom, eles vêm, mas quando o tempo está ruim, eles se vão” E há um outro ditado muito sábio que diz: “Depois da onça morta, todo mundo puxa o rabo dela”. Quando eu estava na ativa, com toda a minha capacidade de decidir e de até influir na vida do Estado, ninguém me incomodou. Mas só foi eu virar as costas, despido do poder de meu cargo, os que me invejavam trataram se vingar-se: no Superior Tribunal de Justiça me jogaram nas costas 17 (dezessete) processos, e no Conselho Nacional de Justiça, 25 (vinte e cinco). Desses quarenta e dois processos, meu advogado, Dr. Nathanael Lacerda, conseguiu provar minha inocência em 41 (quarenta e um), que foram arquivados, e só restou esse da “Operação Maet”, que é birra pessoal do ministro relator João Otávio de Noronha, mancomunado com políticos do Tocantins.

Há anos venho pedindo ao relator para mandar o processo para o primeiro grau, pois o STJ é incompetente, mas, devido a ter compromisso com os políticos do Tocantins, não quer tirar do STJ aquele processo. Recentemente, o Ministério Público Federal, entendeu que o processo contra mim não é da competência do STJ e requereu sua remessa para Palmas, para onde outros já haviam sido remetidos.

 

Texto: Colaborou Nielcem Fernandes

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