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Exumação de corpo desvenda morte de funcionário público no interior do TO

Um caso aparentemente de morte natural, ocorrido no mês de junho de 2020, na cidade de Rio dos Bois, e que vitimou o funcionário público Josivam Alves Fidélis, de 28 anos, teve um desfecho surpreendente. Por meio da 66ª Delegacia de Miranorte, a Polícia Civil efetuou nesta quinta-feira, 29, a prisão de um indivíduo de 34 anos, conhecido pelo apelido de “Calango”, que é apontado como sendo o autor do homicídio de Josivan.

Enterrado sem qualquer tipo de procedimento legal

Conforme o delegado, Pedro Henrique Félix Bernardes,  o fato despertou suspeitas de que pudesse se tratar de um crime e não de morte natural, como foi registrado no Boletim de Ocorrência. “Desde o registro do BO, me causou muita estranheza o fato de o corpo ter sido enterrado sem qualquer tipo de procedimento legal, ou seja, não houve atestado de óbito, acionamento do SAMU, Perícia, tampouco o IML foi notificado para fazer o recolhimento do cadáver, sendo que dava a entender que alguém estava tentando esconder a verdadeira causa da morte da vítima, que foi enterrada poucas horas depois de sua morte”, disse o Delegado.

Investigação e exumação

A autoridade policial também relata que a versão contada por testemunhas que estavam com Josivan em uma confraternização, poucas horas antes, de que ele poderia ter morrido em decorrência do consumo excessivo de bebida alcoólica e também por ser portador de algumas comorbidades, não convenceram a Polícia Civil. Dessa maneira, com o aprofundamento das investigações e visando esclarecer as verdadeiras causas da morte, no dia 7 de julho de 2020, uma equipe do Instituto de Medicina Legal (IML) e do Instituto de Criminalística, juntamente com policiais civis da 66ª DP, foram até o cemitério da cidade, onde houve a exumação do corpo de Josivan.

De acordo com os laudos produzidos pelos órgãos, havia claros sinais de que a vítima tinha sido assassinada por esganadura, como mostraram marcas ainda presentes em seu pescoço. Com base nos documentos oficiais, a Polícia Civil intensificou as investigações e passou a tratar o caso como homicídio e, após ouvir testemunhas e coletar mais evidências, ficou comprovado que, de fato, Josivan havia sido assassinado por Calango, em uma confraternização em que ambos participavam.

Assassinato e estupro

Vale ressaltar que autor e vítima trabalhavam juntos como garis na prefeitura de Rio dos Bois, e no dia do crime, houve uma festa, onde havia o consumo de bebidas e também de drogas, na casa de Calango e que Josivan também estava participando do evento. No entanto, a vítima devia R$ 50 reais ao suspeito e, em determinado momento, Calango passou a cobrar Josivan, momento em que se excedeu e passou a golpear a cabeça da vítima com uma garrafa pet cheia de água congelada. Logo em seguida, Calango teria esganado Josivam com as próprias mãos e, logo após teria estuprado a vítima ainda em vida”, ressaltou o Delegado.

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Suspeito ajuda na exumação

Ainda segundo o delegado, no dia da exumação, um detalhe chamou a atenção dos policiais civis e peritos. “Ocorre que para a realização dos trabalhos de retirada do corpo da sepultura e proceder à exumação, uma equipe da Prefeitura da cidade foi acionada para prestar apoio a Polícia Civil e como Calango também no órgão, ele também compareceu ao cemitério e ajudou na ação”, disse o delegado. Contudo, pelo fato de a festa ter sido realizada na casa do homem, o delegado, assim que avistou Calango o interpelou e o conduziu até a sede da 66ª DP para prestar esclarecimentos. Na ocasião, ele foi ouvido, negou participação na morte de Josivam e assim foi liberado.

Após o crime, o autor providenciou para que o corpo fosse rapidamente enterrado e não acionou nem um órgão legal para fazer a verificação da causa da morte. O caso ganhou muita repercussão na cidade, pois havia a suspeita de que morte não tivesse ocorrido de forma natural e, sendo assim, a Polícia Civil conseguiu esclarecer os fatos e prender o homem que é considerado o autor do crime, e que agora está recolhido a Cadeia Pública de Miranorte, onde permanecerá à disposição do Poder Judiciário.

O delegado Pedro Henrique também ressaltou que o homem será indiciado formalmente pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil e também por estupro de vulnerável. “Importante frisar que o indiciamento pelo crime de estupro de vulnerável se deu em virtude do fato de que a vítima, Josivan, estava em completo estado de embriaguez e, portanto, não teve como oferecer nenhum tipo de resistência”, ressaltou a autoridade policial.

Foto: Dennis Tavares – Dicom SSP TO

 

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