Brener Nunes – Especial para Gazeta do Cerrado
Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, 22, na Secretaria de Segurança Pública (SSP), o delegado da Dracma, Guilherme Martins, apresentou dados da primeira etapa da Operação Espectro, que investiga o esquema de funcionários fantasma na Administração Estadual e Municipal. Martins revelou que o ex-diretor geral da Assembleia Legislativa, Antônio Ianovich, é chefe do esquema, e está sendo acusado de concussão, peculato, falsidade ideológica , supressão de documentos, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
“Em 2016, Antônio nomeou Danilo Parente Barros como diretor de modernização tecnológica. Após a imprensa divulgar que havia funcionário fantasma na AL, o próprio Danilo, com pressão social e da família, se apresentou ao Ministério Público”, esclarece o delegado.
“O próprio Danilo esclarece que não tem habilidade nenhuma com informática”, informou Guilherme.
Após Danilo revelar a existência do esquema, seu celular foi apreendido pela Polícia Civil, que extraiu informações de total importância para a investigação, como conversas de WhatsApp entre Danilo e Flávio Negreiros, atual coordenador de almoxarifado da AL. Nas conversas foram encontrados detalhes de arranjos, negociações, e de como eles iriam se explicar para a imprensa. “Eles ainda tentaram dizer que a nomeação de Danilo foi um erro administrativo”.
Segundo Guilherme, Ianovich alegou que protocolou o documento declarando que a nomeação foi um erro e seria em 1º de novembro.
O delegado geral informou que extratos bancários de Danilo ajudaram na investigações, pois foi feito o depósito de dinheiro oriundos da assembleia, cerca de R$ 90 mil.
Martins diz que foi constatado que eles pretendiam suprimir documentos para atrapalhar as investigações, como folhas de ponto, por exemplo. Pois, Danilo foi contratado no dia 1º de janeiro, sendo este dia feriado. “Como alguém começa a trabalhar em um feriado”, indaga o delegado.
O delegado revela que Flávio Negreiros, coordenador de almoxarifado da AL, será acusado de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.
No inquérito, a polícia informa que pediu a prisão preventiva e temporária, busca e apreensão, suspensão de função pública, bloqueio de bens e condução coercitiva – quando os investigados são levados para depor – mas todos os pedidos foram negados pela Justiça.
Áudios comprovam que os suspeitos tentaram criar uma versão para justificar a situação. “Vai ter que fazer um ofício informando para a Assembleia que caiu dinheiro na sua conta, que foi mais que o esperado e que está com o dinheiro guardado na conta para devolver. Coloca a data dia 5 de janeiro porque foi nomeado dia 1º de novembro. Não com quantidade que caiu. Passou a mais e você quer devolver”, Flávio Negreiros orienta Danilo Parente.
O Operação Espectro é resultado de uma requisição do Ministério Público.
Com este esquema, a assembleia teve um rombo de R$ 170 mil, com auxílio alimentação, impostos e encargos, informou o delegado.
Danilo terá reduções, atenuantes devido à colaboração na investigação, porém ainda será acusado de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.