“Você é tão linda, mas está gorda. Por que não emagrece? É pela sua saúde! Essa roupa não é para você, pois gente gorda não pode usar roupa curta.” Esses “conselhos” são parte da rotina diária enfrentada pela farmacêutica Carolinne Macedo, que só conseguiu enfrentar o preconceito ao decidir que não era ela quem tinha que mudar para se encaixar no mundo.
Todo preconceito é o construto de uma violência – ideia ou teoria construída a partir de elementos conceituais ou subjetivos não baseados em evidencias empíricas – e realizados contra uma pessoa ou grupo social. Na última matéria da série “Não à Violência Cotidiana”, o Judiciário tocantinense convida as pessoas a refletirem sobre preconceitos que geram consequências danosas, entre os quais a que vitimou Caroline, mais conhecido como gordofobia.
O termo é usado para identificar os preconceitos que atingem a vida das pessoas gordas em todas as áreas, seja afetiva, social e profissional. Mas toda e qualquer pessoa pode ter atitudes positivas e lutar contra esse tipo de violência. É exatamente o que Carolinne resolveu fazer ao utilizar as redes sociais para promover informações sobre a gordofobia.
Ela ensina que as pessoas devem ter o cuidado para não usar palavras de forma pejorativa. E que se devem evitar palavras, expressões e piadas gordofóbicas. Além disso, segundo ela, é possível reconhecer os privilégios existentes ao possuir um corpo dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade e, ao mesmo tempo, batalhar para promover a inclusão e a acessibilidade das pessoas gordas, seja no círculo social ou profissional.
“Eu luto para que o corpo gordo seja aceito e normalizado. Para que as pessoas entendam que todo corpo é bonito. Eu tento dar voz e visibilidade às pessoas que convivem com esse preconceito. E se a gente tomar essas atitudes pequenas, a gente pode minimizar o sofrimento delas e construir um mundo em que caibam todos os tipos de corpos. Para isso, é necessário se olhar e ver os outros com mais gentileza”, ressaltou a farmacêutica.
Viva a liberdade do seu corpo
O trabalho nas redes sociais de Carolinne ainda inclui experiências como modelo, inclusive com fotografia selecionada para uma exposição. Denominada “Sereia Gorda”, a imagem, feita pelo fotógrafo Eduardo Lago, fez parte da “Mostra de Multilinguagens Corpos Visíveis: arte e diversidade”, na qual diversos artistas fotografaram as pessoas que estão à margem da sociedade.
“Viver a liberdade com o seu corpo é o melhor presente que uma mulher pode dar a si mesma, e é essa mensagem que eu tento passar. A foto foi um divisor de águas no meu processo de aceitação, e entendi a importância da representatividade. Eu não posei apenas por mim, eu estava lá por todas as mulheres gordas que não são representadas”, ressaltou Carolinne.
Confira o trabalho realizado pela Carolinne.
Fonte: TJ-TO