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Filhotes de animais silvestres correm risco de morte sem cuidados especializados, alerta Naturatins

Foto: Cefau

As chances de sobrevivência de filhotes de animais silvestres são mínimas sob os cuidados de pessoas que não possua conhecimento especializado. Mesmo com todos os esforços, na primeira fase de vida, os filhotes extraídos dos pais, muitas vezes exigem o auxílio de equipamentos de alta tecnologia, além do acompanhamento médico-veterinário e dieta nutricional específica a cada três horas e até mesmo a internação em incubadoras.

Nesta quinta-feira, 10, completa um mês, que um bebê da  espécie Macaco prego foi entregue aos cuidados do Centro de Fauna (Cefau) unidade de reabilitação de animais silvestres de responsabilidade do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). A espécie encaminhada pela equipe do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) foi resgatada em uma entrega voluntária realizada por um morador do município de Tupiratins.

O inspetor de Recursos Naturais do Instituto, Gilberto Iris, destacou. “É frequente o recebimento de animais silvestres no Centro de Fauna, entregue por pessoas, que no primeiro momento, tentam criar o animal. Com intuito de reduzir a ocorrência de óbito de animais silvestres e em especial dos filhotes, o Naturatins recomenda a entrega voluntária, o mais rápido possível, aos cuidados dos órgãos ambientais”.

De acordo com a médica-veterinária do Naturatins, Grasiela Pacheco, o filhote de Macaco Prego, de nome científico Sapajus libidinosus, chegou ao Cefau ainda recém-nascido, pesando apenas 160gr e com o cordão umbilical, o filhote era muito pequenino, não estava aquecido e parecia desestruturado emocionalmente.

“Diariamente recebemos pelo menos um filhote de uma espécie silvestre. A criação de animal silvestre é ilegal, configura crime ambiental. A chance de sucesso nessa fase da criação é muito pequena, a saúde do animal é delicada, se debilita em poucas horas e todo o processo é muito caro. Infelizmente muitas pessoas demoram decidir pela entrega ao órgão ambiental e a cada minuto, aumenta os riscos de morte do animal”, relatou Grasiela, ao recomendar a entrega mais breve possível.

“A entrega rápida desse filhote ao BPMA salvou a vida do animal, que precisou ser internado em uma incubadora para manter a temperatura corporal e amamentado a cada 3 horas, inclusive durante a noite, com dosagens e temperaturas da alimentação controladas. Os recém-nascidos são totalmente dependentes de cuidados parentais, o que torna necessário reproduzir alguns cuidados, como estimular a defecção após a mamada”, destacou a médica-veterinária.

“A alimentação é complexa, sendo necessário o leite zero lactose enriquecido com complementos minerais e vitamínicos. No começo foi difícil adaptar ao bico da mamadeira, o que exige muita paciência e dedicação até passar as primeiras horas. Ele mamava no máximo 5 ml de leite, hoje o filhote está mais forte, já se adaptou ao método e à alimentação. Agora ingere entre 20 a 30 ml por mamada, dando os primeiros sinais positivos do processo de reabilitação”, diagnosticou a situação do animal, Grasiela Pacheco.

Reabilitação e Soltura

No Cefau há seis macacos em processo de reabilitação e não tem como precisar o tempo necessário, pois segundo a veterinária, depende de muitos fatores. Como são animais de convivência em grupo, a soltura depende da formação de um conjunto coeso, além de outros fatores como, o tempo que o animal permaneceu em cativeiro domiciliar, a quantidade de machos e fêmeas, as condições de saúde que apresentaram na chegada, se são aceitos no grupo e se possuem algum comportamento estereotipado.

Outras espécies de filhotes silvestres também estão sendo tratadas no Centro de Fauna, entre eles, um veado, uma arara, um cachorro do mato, todos entregues por pessoas que no primeiro momento tentaram criar esses animais; além dos filhotes órfãos de espécies que geralmente são vítimas de atropelamento.

“O ideal é não prender os animais, deixá-los livres para poderem cumprir sua função biológica através da dispersão de sementes, participação na cadeia alimentar. Então assim permitir que a Natureza mantenha um ambiente sadio para todas as espécies. Se reproduzam e completem seu ciclo de vida”, finalizou Grasiela.

Entrega Voluntária

Em média, 99% dos macacos recebidos no Centro de Fauna do Naturatins são oriundos da entrega voluntária realizadas por pessoas, que primeiro tentaram criar em casa. Recentemente houve a soltura de um grupo de primatas. Mas além do longo processo de reabilitação e do custo para que a espécie possa retornar a natureza, é importante sensibilizar a população sobre a possibilidade e o perigo de um repentino ataque que esses animais podem desencadear, ao se sentirem ameaçados.

Constantemente, as equipes dos órgãos ambientais buscam esclarecer que manter um macaco, ou qualquer outro animal silvestre, em casa, não é seguro. Os macacos são animais curiosos e uma espécie de convivência em grupo. Ao levar um animal silvestre pra casa todos os moradores da residência ficam expostos as possíveis transmissões de zoonoses, devido a proximidade, uma situação ainda mais preocupante quando se trata de primatas.

Outro aspecto é o grande potencial de agressividade que esses animais possuem, quando precisam se defender. A convivência com primatas é considerada a mais complexa, pois quando entram na maturidade sexual se tornam perigosos. Eles possuem dentes grandes e potentes, são ágeis, fortes e se defendem em grupo.

Nesta quarta-feira, 9, uma macaca recolhida pela Guarda Metropolitana no bairro Santa Fé e entregue aos cuidados do Cefau se encontra em observação médica. Para realizar a entrega voluntária de um animal silvestre, basta o interessado acionar uma das equipes dos órgãos ambientais do Estado ou solicitar auxílio através do canal Linha Verde pelo telefone 0800 63 1155 ou via internet no site naturatins.to.gov.br.

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