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Fragmentos do crânio de Luzia são encontrados no Museu Nacional

Encontrados fragmentos do crânio de Luiza, o fóssil mais antigo já encontrado no continente americano, nos escombros do Museu Nacional - Léo Rodrigues/Agência Brasil/Agência Brasil

O Museu Nacional anunciou ontem (19) que o crânio de Luzia foi encontrado em fragmentos em meio a escombros do edifício que pegou fogo no dia 2 de setembro. Trata-se do fóssil mais antigo já encontrado no continente americano, considerado uma das principais relíquias que a instituição guardava.

O crânio ficava armazenado em uma caixa de metal, dentro de um armário. Essa caixa também foi encontrada parcialmente destruída. Cerca de 80% dos fragmentos encontrados já foram identificados. A expectativa é de que o crânio seja quase totalmente reconstituído, mas a extensão dos danos e das perdas ainda precisará ser avaliada. Também foram encontradas outras partes de Luzia que o Museu Nacional guardava, incluindo um fêmur.

De acordo com a arqueóloga Cláudia Carvalho, chefe da equipe de resgate do acervo, o esqueleto era frágil, razão pela qual ele não ficava em exposição permanente. “Parte do crânio que estava reconstituído perdeu a cola, então tivemos a liberação de fragmentos que estavam unidos. E alguma parte também foi afetada pelo fogo”, contou. O que estava em exposição na ocasião do incêndio ainda não foi encontrada. Isso inclui fragmentos da bacia e ossos das pernas e dos braços.

Cláudia explica que a reconstituição do crânio será um trabalho de quebra-cabeça, mas lembra que há etapas preliminares a serem cumpridas. “Num primeiro momento, precisamos acabar a higienização do material. E daí é importante estabilizar para garantir que nenhum processo de decomposição ou de deterioração esteja em curso”.

Encontrados fragmentos do crânio de Luzia, o fóssil mais antigo já encontrado no continente americano, nos escombros do Museu Nacional – Léo Rodrigues/Agência Brasil

Segundo o diretor de Museu Nacional, o paleontólogo Alexander Kellner, a reconstrução do crânio não será um processo rápido e será preciso primeiro ter um novo laboratório. Para tanto, ele estima que serão necessários pelo menos entre R$10 milhões e R$15 milhões. O diretor afirma que há algumas negociações em curso e já existe uma perspectiva de local para o novo laboratório, mas não deu detalhes.

Salvamento

Kellner ressaltou também que as atividades de salvamento do acervo ainda não tiveram início. Nesse momento, estão em curso a implementação das medidas necessárias para dar segurança ao edifício, o que permitirá que os técnicos possam entrar e trabalhar. Para este fim, foram liberados R$8,9 milhões pelo Ministério da Educação (MEC). Estas medidas deverão ser concluídas em pouco mais de 150 dias e envolvem, por exemplo, o escoramento de paredes e a retirada de parte do material que esteja criando obstáculos.

“Nós não iniciamos ainda as atividades de salvamento do material que está nos escombros. Mas a medida que vamos avançando nesse trabalho de escoramento, nós acabamos fazendo alguns achados. A expectativa é de encontrar muitos outros tesouros importantes”, explicou Kellner.

O diretor do Museu Nacional disse ainda que está pleiteando junto ao Congresso Nacional uma emenda parlamentar que garanta R$56 milhões para iniciar a primeira fase de reconstrução do edifício, que inclui a parte mais histórica, incluindo a fachada, a sala do trono e alguns outros ambientes. A demanda foi apresentada através de uma carta pública.

Segundo ele, a bancada de deputados do Rio de Janeiro demonstrou sensibilidade e está estudando a questão orçamentária. Uma audiência pública para discutir a situação do Museu Nacional, que comemora nesse ano seus 200 anos de existência, foi agendada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. O evento ocorrerá no dia 30 de outubro.

“Precisamos devolver o Museu Nacional para a sociedade. Estamos falando de um prédio ligado à história do país. E há uma pressão externa muito grande sobre nós. Temos vários museus no mundo que manifestaram interesse em nos doar material raro. Mas precisamos ter as condições adequadas. Precisamos dar segurança para as pessoas, os visitantes e os técnicos, e para o acervo”, disse o diretor.

A carta pública é endereçada aos dois candidatos que disputam o segundo turno da eleição presidencial Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) e pede um compromisso com a reconstrução do Museu Nacional. Nenhum dos dois respondeu até o momento. Kellner já tem uma estimativa do custo total de reconstrução do Museu Nacional. “Eu tenho a minha estimativa pessoal pela minha experiência, mas que talvez não seja a mais correta. Para recuperar o Museu Nacional e termos um museu de primeira linha, calculo em R$300 milhões. Mas não adianta nos dar todo esse dinheiro agora. É um processo”.

 

 

 

Fonte: Agência Brasil

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