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Futebol: Temporada 2019 registra recorde de casos de racismo

Balotelli é consolado por companheiros e adversários em Hellas Verona x Brescia depois de ser vítima de coros racistas — Foto: EFE/Simone Venezia

Apesar de 2019 ter sido o ano em que a Confederação Brasileira de Futebol, sob orientação da FIFA, implantou o Novo Código Disciplinar, dando mais poder aos árbitros na luta contra injúrias discriminatórias, a última temporada registrou o recorde de casos no futebol brasileiro nos últimos seis anos. De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, foram 56 casos de injúria racial em 2019. Doze ocorrências a mais que em 2018, ano que detinha a pior marca até então, com 44. Um aumento de cerca de 27,2%.

Além dos 56 casos registrados no Brasil, o Observatório, que mensura a incidência de casos racistas no futebol brasileiro desde 2014, também aponta outras seis ocorrências em competições Sul-Americanas e mais 14 brasileiros em campeonatos pelo mundo. Como os casos do atacante Taison, do Shakhtar Donestk, que sofreu ofensas racistas durante a partida contra o Dínamo Kiev, e ainda terminou expulso e punido com um jogo de suspensão por reagir. E do zagueiro Marcelo, do Lyon, quando um torcedor invadiu o campo com um cartaz, pela Champions League, mostrando a imagem de um burro pedindo para que o brasileiro deixasse o clube. Na ocasião, o capitão, Memphis Depay, arrancou o cartaz das mãos do torcedor.

Em 2019, ano em que a Fifa adota um protocolo que prevê punições às entidades em caso de atos discriminatórios, o futebol registrou casos emblemáticos de racismo pelo mundo. E passa por torcedores, jornais e até mesmo dirigentes. Nesta quinta-feira, inclusive, três torcedores foram presos por supostos ataques racistas e homofóbicos à torcida, no confronto entre Chelsea e Brighton. No Brasil, porém, não houve prisões nos casos registrados.

Na Itália, em novembro, o presidente do Brescia, clube que Balotelli defende, usou uma frase racista ao falar do jogador, após ele ter sofrido injúrias da torcida do Hellas Verona e reagir ameaçando sair de campo. Uma semana depois, Lukaku e Smalling se pronunciaram repudiando a capa do jornal Corriere dello Sport, que estampava a manchete “Black Friday”, em referência ao confronto entre Inter de Milão e Roma. Até mesmo a Liga do Futebol Italiano, após essa série de episódios racistas nos estádios do país, veiculou uma campanha contra o racismo, que era racista. Cartazes com os dizeres “Não ao racismo” retratavam três macacos com rostos pintados, expostos na sede da Liga Italiana, em Milão.

Vale lembrar que, ainda neste ano, em função dos números registrados e após a orientação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva de punir os clubes em caso de ofensas discriminatórias, as equipes intensificaram campanhas para conscientizar os torcedores. Vasco, Bahia e Grêmio foram os primeiros. Até que, pela 34ª rodada da Série A , em parceria com a CBF, os 20 clubes entraram para os jogos com camisas estampando campanhas contra o racismo. Uma ação em homenagem ao mês da consciência negra.

A notificação do STJD sobre possíveis punições em casos de discriminação aconteceu desde a paralisação para a Copa América, entre 14 de junho a 7 de julho. E seguem para a temporada de 2020. As penas vão desde multa a perda de pontos. Para isso, a entidade utilizou como base o artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que diz:

Art. 243-G. Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Fonte: globoesporte.com
Crédito da Foto – EFE/Simone Venezia

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