Ícone do site Gazeta do Cerrado

Geisel e Figueiredo foram coautores de mortes, diz ex-ministro da Justiça em entrevista

Carlos Dias afirma que x-presidentes foram coautores de mortes da ditadura - Foto - Jovem Pan

O ex-ministro da Justiça (1999-2000) José Carlos Dias, integrante da Comissão da Verdade (CNV), que apurou crimes cometidos pelo Estado brasileiro na Ditadura Militar (1964-1985), não se surpreendeu documentos recém-revelados da CIA que apontam que os ex-presidentes Ernesto Geisel (1974-1979) e João Baptista Figueiredo (este ainda como diretor do Serviço Nacional de Informações, SNI) autorizaram execuções de opositores políticos.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, Dias lembrou que a Comissão já mostrava que “a tortura, a morte e a execução de opositores do regime era uma política de Estado”.

“As mortes não eram praticadas pelo exercício de um ou outro militar ou policial que quisesse fazer isso. Não, era uma política de Estado, a ordem vinha de cima, vinha do chefe, do comandante-chefe das forças armadas, do presidente da República”, afirmou o ex-ministro.

“Não tenho a menor dúvida em afirmar que o presidente Geisel, assim como o presidente Figueiredo foram coautores dos homicídios praticados contra essas pessoas”, apontou.

José Carlos Dias disse que mudou de posicionamento e hoje defende a revisão da lei da Anistia para que agentes governamentais sejam responsabilizados pelos crimes cometidos no regime de exceção. O Conselho da Comissão da Verdade aprovou a recomendação com apenas um voto contrário.

O ex-ministro entende também que documentos brasileiros sobre o período foram destruídos, mas não consegue precisar quando isso aconteceu.

Para Dias, “depoimentos até mesmo de militares na comissão nacional da verdade” mostram que “realmente as execuções praticadas contra os opositores do regime militar foram determinadas de cima para baixo”.

“A função maior da Comissão da Verdade foi justamente mostrar à geração de hoje que nós vivemos uma ditadura que não pode se repetir”, disse o ex-ministro.

“Nós corremos o risco de termos uma ditadura pelo voto, Deus me livre”, afirmou Dias.

“Não podemos permitir que a democracia seja apagada da história do Brasil”, concluiu.

Fone: Jovem Pan

Sair da versão mobile