Formado por uma equipe multidisciplinar com estrutura que permite a abordagem, captação, preparo e armazenamento de córneas para transplante, o Banco de Olhos do Tocantins (Boto) funciona dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP) e será entregue oficialmente pelo Governo do Estado nesta quinta-feira, 16, às 9 horas.
Desde dezembro de 2016, quando foi habilitado pelo Ministério da Saúde, o Boto já recebeu cinco doações de córneas e realizou 18 transplantes. Atualmente, pessoas 14 pacientes do Estado estão na lista para realização do procedimento.
Dentre as atribuições, o Banco de Olhos identifica os potenciais doadores e aborda familiares na busca do consentimento pela doação, o que segundo a oftalmologista do Boto, Núbia Freitas, é um dos maiores desafios. “Como não se fazia transplante no Estado, não há cultura de doação, no entanto é preciso que as pessoas se sensibilizem e informem em vida aos seus familiares sobre seu desejo de doar órgãos”, destaca.
Qualquer paciente acima de dois anos e abaixo de 70 anos é um potencial doador de córneas, que podem ser retiradas, com autorização expressa dos familiares, até seis horas após o falecimento do doador. A doação passa por avaliação através de exames de sorologia para certificar se o doador não possui doenças transmissíveis, como HIV e hepatites, bem como avaliar a qualidade do tecido, tudo para garantir êxito no transplante. Se as córneas puderem ser transplantadas, a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Tocantins (CNCDO-TO) faz a convocação do paciente da lista de espera do Estado e realiza o procedimento. Após a retirada do tecido do doador, a córnea deve ser transplantada no prazo máximo de 14 dias.
Fluxo de atendimento
A oftalmologista Núbia Freitas explica que para o cidadão entrar na lista de espera de transplante é necessário que realize uma consulta com oftalmologista e que este lhe dê indicação para o procedimento. Com a indicação médica, a pessoa pode procurar a Regulação Estadual, que a encaminhará para o HGP. No ambulatório do hospital, um oftalmologista fará um laudo médico confirmando a necessidade e encaminhando o paciente para avaliação da equipe de transplante, que vai cadastrar o usuário do SUS no Sistema Informatizado de Gerenciamento. A partir daí, ele já está na lista da Central Nacional de Transplante.
Ainda segundo a oftalmologista, a equipe transplantadora pode receber córneas de qualquer Banco de Olhos do Brasil, pois é credenciada pelo Sistema Nacional de Transplante. “Por isso a importância de ter um Banco de Olhos no Estado, pois quanto mais bancos funcionando, maior é a oferta de córneas. A prioridade são os pacientes do Estado e se, por acaso, não tivermos pacientes ou a lista zerar, então a córnea é ofertada para todo o Brasil, através do sistema nacional, que une todas as listas”, explica a oftalmologista.
Captação e Distribuição
Segundo Patrícia Nossal, gerente da CNCDO-TO, a Central de Regulação está identificando os pacientes que foram encaminhados para outros estados, através do setor de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), que está entrando em contato e marcando as consultas no ambulatório do HGP com a equipe transplantadora. “Após a avaliação, confirmação da necessidade do transplante e o interesse do paciente em ser transplantado no Tocantins, a Central de Transplantes fica responsável pela transferência dos pacientes diretamente com a central do estado onde o paciente está inscrito”, esclarece Patrícia.
Banco
Dois hospitais estão habilitados para a realização deste tipo de transplante no Tocantins, o Hospital Geral de Palmas, e um privado. A doação de córneas pode ser realizada através de contato direto com o Banco de Olhos pelos telefones 063 3218-1061 ou 063 99208-9392. Mais informações podem ser obtidas pelos endereços:boto@saude.to.gov.br; www.facebook.com/bancodeolhosdotocantins/.
A córnea
A córnea é um tecido localizado em frente à pupila (menina dos olhos). É fundamental que ela tenha transparência e formato normal para ter uma boa visão. Situações onde ocorrem a perda da transparência (devido a doenças da córnea, úlceras infecciosas ou cicatrizes) ou perda do formato normal (em casos de doenças como ceratocone) podem prejudicar a visão do paciente e impedi-lo de exercer as atividades diárias.