Há quase um mês morando em Araguaína, um grupo de venezuelanos luta para conseguir emprego e ter uma vida digna longe do país de origem. Na cidade localizada ao norte do Tocantins, eles ficam em casas alugadas e recebem doações de comida e itens de casa. São 10 venezuelanos, incluindo quatro crianças.
José Gonzales está desempregado. Durante o dia, ele vai para as avenidas com mais movimento para pedir uma oportunidade. Nas mãos, segura uma placa de papelão com a seguinte frase: “Preciso de um trabalho ou uma ajuda de você para sustentar minha família. Muito obrigada e Deus abençoe”.
“É muito complicado, mas eu tenho que fazer para dar uma mulher vida para minha família. Na Venezuela não vou dar uma melhor vida para eles”, diz.
Ele deixou no país de origem a mulher e uma filha de 2 anos. Veio pela fronteira com Roraima e pedindo carona escolheu Araguaína para tentar retomar a vida. Com ele, vieram outras famílias que vivem a mesma situação.
Através de um trabalho conjunto de religiosos, Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública, os venezuelanos recebem assistência e principalmente a liberação da carteira de trabalho.
“Se regularizou ou está em vias de se regularizar a situação dos 10 venezuelanos e inclusive a carteira de trabalho deles vai ser expedida o quanto antes. Quatro homens venezuelanos estão em condições de trabalhar e procurando emprego em Araguaína”, comentou o defensor público Pablo Chaer.
A Orcari Gonzales está grávida de oito meses e fugiu da fome que parte da família ainda enfrenta no país vizinho. “É muito ruim, estão passando muita fome, não tem comida, não tem medicamento”.
Os venezuelanos contam com a ajuda de moradores da cidade, como o vendedor Geberson Vale que doou uma cama. “Logo que eu vi a situação deles, eu fiquei sabendo pelas redes sociais que a esposa estava dormindo no chão. Como eu tinha uma cama em casa sobrando, eu falei: ‘Vou fazer essa doação. É bom ajuda o próximo'”.