O técnico de manutenção Waloar Pereira Magalhães e seus irmãos descobriram uma quantia impressionante deixada pelo pai, Paulo Abreu, após seu falecimento em 2012. Em uma garrafa e uma mala, guardados há mais de 30 anos, estavam 32 milhões de Cruzados, que, corrigidos pela inflação acumulada, poderiam representar R$ 23,6 milhões em 2024. Contudo, a fortuna perdeu o valor financeiro oficial e não pode mais ser trocada por reais.
A estimativa foi realizada pelo conselheiro Eduardo Araújo, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), sem incluir rendimentos como juros, o que reflete um valor mais conservador. “O valor atualizado mostra quanto seria necessário hoje para manter o poder de compra da época, considerando apenas a inflação acumulada”, esclareceu Araújo.
A quantia encontrada teria permitido adquirir aproximadamente oito casas em 1988, segundo o colecionador Rafael Augusto, membro da Sociedade Numismática Brasileira. Ele explicou que, no fim do plano Cruzado, uma casa de madeira simples custava cerca de 3,8 milhões de Cruzados. Além disso, os 32 milhões de Cruzados equivaliam a mais de 791 salários mínimos da época, um montante significativo que o pai de Waloar, ex-garimpeiro e pequeno investidor, preferiu guardar em casa, temendo pela segurança dos bancos.
Com o fim da circulação dos Cruzados em 1989 e a troca de moedas sucessivas até o Real, a oportunidade de converter a quantia foi perdida. Hoje, as notas e moedas não têm mais valor legal, mas, segundo especialistas, poderiam atrair o interesse de colecionadores. No entanto, o valor no mercado de colecionismo é baixo devido à grande quantidade de cédulas emitidas no período de alta inflação, com cada nota valendo centavos e as moedas sendo negociadas por peso, em torno de R$ 10 a R$ 20 o quilo.