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Hospital municipal faz história ao realizar cirurgia inédita de marcapasso em bebê de dois meses no norte do TO

A atuação 100% em Pediatria do HMA permitiu à equipe um diagnóstico mais efetivo e com procedimentos mais organizados e ágeis, além do benefício de o tratamento estar disponível mais perto da casa da família – Foto –  Thiago Santos/Prefeitura de Araguaína

O HMA (Hospital Municipal de Araguaína) mais uma vez fez história na cidade e em toda a região norte do Tocantins. Hoje, a pequena Maria Júlia, de apenas dois meses de vida, se recupera bem na UTI da unidade depois de uma cirurgia inédita para implantação de um marcapasso pediátrico, realizada no último dia 27. Mas a luta de Maria Júlia e da família começou ainda durante a gestação na cidade de Angico, norte do estado.

Na barriga da mãe, Mariana Cardoso dos Santos Miranda, de 35 anos, Maria Júlia precisou de uma atenção especial e os exames de pré-natal foram fundamentais para a vida da bebê.

“As consultas de rotina e os ultrassons detectaram a alteração nos batimentos cardíacos da minha filha. Ficamos assustados no começo, mas minha família, amigos, colegas de trabalho e as equipes de saúde de Angico, Araguaína e Palmas estiveram ao meu lado o tempo todo, acompanhando de perto e me orientaram para fazer o tratamento correto para preservar a vida da minha filha”.

Assim que nasceu, na maternidade de Palmas, Mariana foi estabilizada e transferida para o HMA. “Fiquei feliz que trouxeram a gente para Araguaína, porque é mais perto da minha cidade, e fomos muito bem acolhidos pelos profissionais do hospital. Eu estava aflita, mas uma equipe bem grande veio falar comigo e me dar mais segurança”.

Mariana também lembra de um detalhe que fez muita diferença antes do procedimento. “Na sala de cirurgia, o anestesista veio falar comigo e meu esposo para saber se tínhamos alguma dúvida e ele disse que levaria minha filha bem e que a traria bem. E assim aconteceu. Eu só tenho a agradecer a todos que cuidaram da minha filha”.

Mais perto de casa

A cirurgia de implante do marcapasso pediátrico em Maria Júlia foi feita pela equipe de cirurgia cardíaca do HMA e com um equipamento específico para crianças. A diretora técnica da unidade, Elena Medrado, explica que a atuação 100% em Pediatria do hospital municipal permitiu à equipe um diagnóstico mais efetivo e com procedimentos mais organizados e ágeis, fundamentais para casos de doenças cardíacas congênitas, quando a criança já nasce com ela. Outro ponto bastante benéfico para a família, segundo a médica, é o tratamento estar disponível mais perto de casa.

“Contamos com um cardiopediatra, cirurgião cardiovascular de alta capacidade técnica e compromissado para ofertar o melhor procedimento cirúrgico de acordo com a cardiopatia da criança, mantendo a qualidade de um pós-operatório eficiente com menor risco. O serviço que oferecemos hoje evita o deslocamento para fora de domicílio, o que geraria maior risco para o bebê e um desgaste financeiro, emocional e físico para a família”, informa Elena.

O prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues, celebrou a cirurgia inédita na unidade. “A gente não tem palavras para descrever a alegria em salvar mais uma vida, em dar um novo futuro para a pequena Maria Júlia e toda sua família. Mais uma vez, sinto orgulho em ver o recurso público tão bem aplicado, principalmente no nosso HMA, que já é referência em tudo o que oferece”.

Equipamento específico

A implantação do marcapasso definitivo foi feita pelo cirurgião chefe Pabllo Namorato e sua equipe, em uma cirurgia bem-sucedida de cerca de três horas. “Implantes de dispositivos em pacientes com menos de 18 anos de idade correspondem a menos de 1% do total dos procedimentos realizados no país. A partir de agora a criança terá uma vida normal. Se ela não fizesse a cirurgia, talvez não chegasse à idade adulta”.

O dispositivo passará a fazer a estimulação cardíaca artificial na bebê para manter a regularidade dos batimentos do coração.

Por ser raro, o implante de dispositivos cardíacos eletrônicos em crianças tem grandes diferenças do que ocorre em adultos, seja pela forma de apresentação das doenças, mas, principalmente, pelo fenômeno do crescimento. Por isso, a diretora técnica do HMA ressalta que foi usado um equipamento específico para a pediatria.

“Estes dispositivos menores têm alto valor de custo em comparação aos tradicionais implantados em adultos não são usados com frequência na rede pública de saúde. Mas o ISAC, Prefeitura e Governo do Estado trabalharam em conjunto para buscar o que há de melhor no mercado para a cirurgia da Maria Júlia. Podemos dizer que Araguaína sai na frente neste quesito”, reforça a médica.

O bloqueio atrioventricular total (BAVT), da mesma forma que ocorre na população adulta, é a principal causa de implante de marcapassos em crianças, ocorrendo em cerca de 80% dos casos.

HMA

A unidade faz parte da rede pública do SUS (Sistema Único de Saúde) e é custeada pela Prefeitura de Araguaína e Governo do Tocantins, recebendo também recursos da União para as cirurgias cardíacas infantis. Desde 2018, o HMA, que é referência para o atendimento gratuito de crianças no estado, já realizou 3.064 procedimentos, sendo mais de 200 cirurgias cardiovasculares pediátricas.

Administrada pelo ISAC (Instituto Saúde e Cidadania), o hospital é o único do Tocantins a possuir condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação desse tipo de serviço.

Em junho de 2023, o HMA recebeu do Ministério da Saúde a habilitação na assistência de alta complexidade cardiovascular e na realização de cirurgias cardíacas pediátricas. Com isso, a unidade tornou-se uma referência nacional para o procedimento.

Em 2021, a unidade conquistou o selo Acreditação Qmentum Internacional, nível de excelência Diamante, o mais alto do programa com sede no Canadá, que tem como foco o atendimento humanizado, boas práticas assistenciais e a governança clínica.

Além disso, o HMA é o único do Estado do Tocantins e o segundo da região Norte do Brasil contemplado com o prêmio “Melhores Hospitais Públicos do Brasil” do IBross (Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde).
Fonte – Secom Araguaína

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