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IML diz que não houve lesão corporal em caso de homem negro agredido por PRFs; Advogada sugere que legista tenha conduta investigada

Agressões aconteceram em um posto de combustível no Jardim Aureny I – Foto – Arquivo Pessoal/Divulgação

Lucas Eurilio

O laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre as agressões sofridas pelo pintor de carros, Jairon Pereira Sousa da Silva, de 36 anos, concluiu que não houve lesão corporal da vítima, mesmo com as marcas ainda pelo corpo.  O documento é do dia 9 e assinado pelo médico legista Sérgio de Moraes, mas a Gazeta do Cerrado teve acesso ao laudo nesta quarta-feira, 25.

As agressões de agentes da Polícia Rodoviária Federal contra Jairon, que é um homem negro, aconteceram no último dia 6 e só foi descoberto porque um motorista que passava no local, na hora da abordagem violenta conseguiu filmar e jogou os vídeo nas rede sociais.

Na época das agressões, a PRF afastou os agentes envolvidos na abordagem violenta e afirmou que os a fatos seriam investigados, inclusive com especialistas em Direitos Humanos.

Por outro lado, Jairon foi indiciado pela Polícia Civil por embriaguez ao volante. Ele mesmo contou que havia ingerido bebida alcoólica.

Nesta terça-feira, nossa equipe de reportagem falou com Jairon. Ele disse que o sentimento dele é de revolta.

“Meu sentimento é de revolta. Você sendo espancando, humilhado, chamado de vagabundo. Tem vídeo mostrando que estão me batendo, aí fala que não houve agressão”, contou.

Jairon mostra sinais da violência sofrida – Foto – Divulgação

A advogada da vítima, Dra Fátima Dourado disse que a conclusão do laudo é mais um fato gravíssimo de violações dos direitos fundamentais de Jairon.

“Com relação ao laudo, trata-se de mais um fato gravíssimo no conjunto de violações dos direitos fundamentais do Jairon, que foi brutalmente agredido com chutes e socos, as imagens do vídeo amplamente divulgado e as fotos das hematomas no corpo da vítima não deixam dúvidas de que Jairon sofreu agressões física”, explicou.

Dra Fátima lembrou sobre a tentativa de fraude quando os PRFs voltaram à delegacia para tentar alterar o depoimento. Ela sugeriu que se deve investigar a conduta do médico legista.

“As informações do laudo estão prejudicadas e inclusive deve-se investigar a conduta do legista. Uma vez que, neste caso, já há acusação de tentativa de fraude processual, quando os policiais rodoviários envolvidos tentaram mudar o depoimento na delegacia. O resultado deste laudo pode ser mais uma tentativa de fraudar as investigações e se configura em mais uma violação de direitos humanos”, ressaltou.

A advogada ainda disse que está estudando quais serão as medidas seguintes a serem tomadas.

“Estou estudando quais as medidas a gente vai tomar em relação ao laudo. Por que o quê que acontece? Pedir outro laudo agora, já vai ficar ineficaz, porque já não tem mais as manchas, já passou muito tempo. Daí eu preciso verificar se a gente vai pedir a anulação desse laudo, pra que ele não seja considerado. Então assim, são questões que precisam ser estudadas. De qualquer maneira, a gente vai utilizar como provas, vamos solicitar pra que seja utilizada as provas testemunhais e as fotografias e vídeos das violências que ele sofreu”, concluiu.

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