Cento e cinquenta indígenas de seis aldeias estão bloqueando parcialmente a estrada de acesso à Usina Hidrelétrica de Belo Monte, na Bacia do Rio Xingú, no centro do Pará, próxima a Altamira. O bloqueio é feito com quatro ônibus do consórcio Norte Energia, responsável pela usina.
De acordo com cacique Leo Xitaya, o bloqueio começou às 17 horas de sexta-feira (26). Segundo ele, a cada 30 minutos, carros particulares, ônibus e caminhões têm a barreira liberada. Ambulâncias têm passe livre constante. Apenas os veículos identificados com o consórcio estão com a circulação impedida.
O bloqueio ocorre devido à insatisfação dos índios com as novas empresas contratadas pela Norte Energia para executar atividades produtivas descritas no Plano Básico Ambiental – Componente Indígena (PBA-CI), estabelecido como compensação ao impacto ambiental da hidrelétrica.
Segundo Xitaya, os indígenas não foram consultados durante a contratação das empresas e desejam a volta dos antigos prestadores de serviço. De acordo com ele, apesar terem manifestado a insatisfação junto à Norte Energia não obtiveram nenhum retorno da empresa.
“Estamos cansados de ouvir promessas e eles não resolverem”, reclamou o cacique, que prevê a possibilidade de bloqueio total caso não venham a ser atendidos.
A Agência Brasil fez contato com a empresa por meio da central de atendimento da usina (0800 091 2810), mas não obteve resposta dos responsáveis ou nota da assessoria de imprensa sobre o bloqueio e o andamento do PBA-CI.
A Norte Energia é formada com o capital da estatal Eletrobrás (49,98%), mais seis empresas e dois fundos de pensão.
O ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, e o presidente da Funai, Franklimberg de Freitas, visitaram em março as obras de compensação da Norte Energia em Altamira (PA). Segundo o site da Funai, a visita se deu a pedido das lideranças indígenas.