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Intolerância religiosa: após invasão em casa de santo, Yalorixa frisa respeito ao direito de crença e culto

Texto: Nielcem Fernandes

Edição: Brener Nunes

(Foto: Emerson Silva)

Em uma publicação no Facebook a Yalorixa Roberta Tum (Ya Ifalorè Efuntolá Ayelabola, Roberta Osoguiã) desabafou depois de ter sua casa invadida na madrugada da última segunda-feira, 30. Segundo relato, a invasão foi fruto de uma falsa denúncia de maus tratos a animais.

De acordo com Roberta, houve uma dupla invasão. Uma por parte de um indivíduo não identificado e outra por parte da Guarda Metropolitana Ambiental, que foi acionada para investigar a suposta denúncia de maus tratos a animais e adentrou o local sem seu consentimento.

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Tum acredita que episódio foi impulsionado por preconceito e intolerância religiosa. “Eu tenho uma cabra de estimação aqui no terreiro, que foi comprada para ofertar ao meu orixá. E na madrugada de domingo (29) para segunda, alguém pulou o muro e destrancou o portão por dentro e fez a denúncia”, relata.

A Yalorixa ainda conta que segundo a Guarda, algumas pessoas procuraram base da Polícia Militar (PM) dizendo que existia na casa um animal sendo maltratado. “A PM acionou a Guarda Metropolitana Ambiental que foi na casa e a encontraram fechada e o portão aberto, mas permaneceram no local. Minha irmã passou na hora e avistou a viatura e a movimentação, e achou que tratava-se de um assalto e foi averiguar”.

De acordo com Roberta, ao chegar no local, sua irmã foi informada que a presença dos agentes era justificada pra fazer um flagrante de maus tratos a animais. Então, a presença do animal foi confirmada pela irmã da jornalista. Assim, a Guarda seguiu com a averiguação da denúncia, mesmo sem a presença da responsável pelo imóvel.

“Quando cheguei em casa eles já tinham ido embora. Só entraram para fazer a vistoria porque minha irmã estava junto e solicitaram a ela para acompanhar, mesmo ela não tendo a chave da casa. Fizeram um relatório e não acharam nada. Mas eu fiquei duplamente ofendida”, desabafa. “Primeiro porque houve uma invasão de uma pessoa que eu desconheço, que pulou o muro e abriu meu portão. E por parte da Guarda Metropolitana que entrou na minha casa sem minha presença ou consentimento. Isso é um desrespeito. É ilegal fazer isso”, ponderou.

Na publicação em seu Facebook, Roberta diz que já comunicou o fato ao prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), e que não acredita que esta gestão será conveniente com tamanha ilegalidade e desrespeito. E destaca, “Respeito à casa, espaço inviolável! Respeito ao direito de crença e de culto! Respeito! Não aceitamos nada menos que isso. E quanto a quem faz denúncia falsa para gerar constrangimento, aguarde que a justiça vem!”.

Roberta é presidente da Federação das Casas de Culto de Matriz Afro Brasileira do Tocantins (Feccanto),fundada em agosto, com os objetivos de fortalecer, preservar e divulgar a Religião Afro-brasileira, visando a manutenção cultural, o respeito e a preservação da essência fundamental da tradição religiosa.

 

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