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James Webb: supertelescópio flagra novas imagens de ‘galáxia fantasma’

A 'galáxia fantasma' M74, flagrada pelo supertelescópio James Webb. — Foto: ESA/Divulgação

O telescópio espacial internacional James Webb capturou novas fotos de uma galáxia curiosa, a Messier 74, também conhecida como NGC 628 ou “galáxia fantasma”, apelido dado por causa do fato de que o sistema é bastante díficil de ser observado sem um equipamento profissional.

As imagens foram divulgadas pela ESA, a agência espacial europeia, na manhã desta segunda-feira (29).

Os mistérios da galáxia em espiral já haviam sido divulgados por um astrônomo espanhol, mas desta vez, o enorme sistema estelar foi visto pelo Webb com uma riqueza ainda maior de detalhes.

E, desta vez, duas novas imagens foram reveladas: uma feita apenas com instrumentos do supertelescópio e uma composição de dados tanto do Webb como do seu “primo mais velho”, o telescópio Hubble, que mostra a galáxia perfeitamente simétrica a 32 milhões de anos-luz de distância da Terra.

Composição de dados do Webb e do Hubble mostra a M74. — Foto: ESA/Divulgação

Segundo a ESA, justamente por causa dessas suas características peculiares, como seus braços espirais bem definidos, a galáxia é um alvo favorito para os astrônomos que estudam a origem e a estrutura dessas formações galácticas.

“A visão nítida do Webb revelou delicados filamentos de gás e poeira nos grandiosos braços espirais da M74, que se estendem para fora do centro da imagem”, afirmou a agência.

 

A agência explica ainda que, ao combinar dados de telescópios, os cientistas podem obter mais informações e detalhes nunca antes vistos sobre objetos astronômicos, aumentando o poder de observação de até mesmo um supertelescópio como o Webb.

Imagem da mesma galáxia feita pelo telescópio Hubble. — Foto: NASA/Divulgação

Como a M74 é perfeitamente simétrica, estrelas, gases e toda a poeira que a formam estão alinhados em braços espirais que se espalham para fora desse sistema.

Gabriel Brammer, astrônomo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca que divulgou o primeiro flagra da galáxia fantasma com o Webb explicou que se pudéssemos observar a nossa própria Via Láctea “de uma espaçonave a milhares de anos-luz da Terra”, teríamos uma visão semelhante.

Cores são falsas, mas revelam estruturas nunca vistas

 

Como também explicou o astrofísico brasileiro Rogemar Riffel, que não teve relação com esses trabalhos, todas as imagens astronômicas são de “cor falsa”: uma vez que não conseguimos atribuir diretamente um cor para esse tipo de imagem, determinadas colorações são escolhidas para realçar as estruturas de uma foto astronômica.

“E isso aconteceu inclusive nas imagens anteriores do James Webb, ou até mesmo do Hubble. Não é algo que a gente observaria a olho nu. São utilizados filtros que mostram, por exemplo, a emissão de gases, de poeira. Aí depois se criam imagens coloridas, em RGB, por exemplo. Mas a cor é sempre falsa. Lamento decepcionar”, conta Riffel, aos risos.

 

E são justamente esses gases e nuvens de poeiras que aparecem em roxo na imagem abaixo que dão uma característica singular a essa galáxia tão distante de nós.

Composição da galáxia em espiral M74 feita pelo astrônomo Gabriel Brammer com dados do James Webb. — Foto: Composição a cores: Gabriel Brammer (Cosmic Dawn Center, Instituto Niels Bohr, Universidade de Copenhague); dados brutos: Janice Lee et al. and the PHANGS-JWST collaboration.

Mas como toda essa poeira é um problema para telescópios que observam a luz visível [como na imagem do Hubble], a novidade que essas imagens do Webb trazem é que agora conseguimos observar regiões mais empoeiradas e todas as estruturas escondidas dentro dessas nuvens cósmicas.

“Por isso, a imagem é tão diferente da anterior, feita com o Hubble. Como o Hubble opera com luz visível, o que mais aparece são as estrelas. E a poeira são as faixas mais escuras nos braços da galáxia, porque a poeira absorve a luz visível”, explica Marina Bianchin, doutoranda em Física pela Universidade Federal de Santa Maria.

 

 

Imagem da M74 feita pelo telescópio Spitzer. — Foto: NASA/JPL-Caltech/B.E.K. Sugerman (STScI)

“A gente consegue ver uma riqueza de detalhes na imagem do Webb. Uma assinatura dos braços espirais muito bem definida. E são justamente nesses braços onde as estrelas se formam”, diz Riffel.

Riffel explica ainda que embora o Webb não tenha sido o primeiro observatório espacial da Nasa que conseguiu enxergar em infravermelho essa galáxia em específico, visto que o Spitzer, aposentado em janeiro do ano passado também fez um registro (veja imagem acima), o supertelescópio vai ser muito útil para a ciência entender como as estrelas se formam em regiões do Universo escondidas por essas camadas de poeira.

“E entender como as estrelas se formam, implica também em entender como o nosso próprio sistema planetário e o nosso próprio Sol se formou”, diz.

Como o Webb consegue enxergar o passado? Veja no infográfico abaixo

Por que enxergamos o passado quando olhamos para as estrelas? — Foto: Arte g1

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