Na manhã desta quarta-feira, 22, a Jornalista e editora Geral da Gazeta do Cerrado, Maria José Cotrim foi homenageada na Assembleia Legislativa do Tocantins pelos trabalhos sociais contra o racismo no Tocantins nos últimos 10 anos.
A sessão homenageou outros ativistas negros do Tocantins que contribuíram para o combate ao racismo no Estado. A sessão foi uma iniciativa do deputado Paulo Mourão.
Em seu discurso a jornalista fez um panorama da falta de representatividade dos negros no Tocantins e cobrou políticas públicas de reparação social.
Em seu discurso, a editora geral da gazeta do Cerrado, questiona. “Quem somos nós negros aqui no Tocantins? Quem somos nós no Brasil? E para o Brasil? Nós somos mais de 74% da população do Tocantins”. E afirma. “Não somos pardos. Pardo é papel. Somos negros. Vamos discutir a nossa identidade. Tentam nos maquiar o tempo todo: ah, você é uma Negra de traços brancos! Nossa, para uma Negra até que você é bonita, hein. Como se estivessem nos elogiando. A necessidade de autoafirmação e conscientização de quem somos e da formação da nossa identidade étnico-social”, declara.
Maria José também mostra, baseada em dados que, o Tocantins é um dos quatro estados com a maioria de trabalhadores resgatados na situação análoga de trabalho escravo. “São mais de três mil pessoas libertadas nos últimos anos no Tocantins. E a maioria são negros”, diz a jornalista.
“Vocês sabiam que dos 139 prefeitos do Tocantins, apenas 4% se declara negro? Dos 24 deputados daqui da assembleia. Quantos são negros? Na Câmara Municipal, apenas 8% se identificam com negros. Dos 513 deputados federais 80% são brancos”, relata.
“Muitos dizem que racismo é vitimismo, está nos olhos de quem vê. Não! Somos negros com muito orgulho sem ter que maquiar nossa cor”, declara Maria.
O deputado Paulo Mourão (PT) citou que maioria da população do Brasil é negra e que no Tocantins ainda precisa avançar. ” Se no Brasil o processo ja é grave imagina no Tocantins”, disse.
Ele questionou ainda quais deputados colocam de fato emendas para diminuir a igualdade racial.
A sessão contou com representantes de religiões matriz africana, movimentos negros do Estado e ativistas de vários movimentos.