Dois dos nove filhotes nasceram pregados pelo abdômen – Foto – Ênio Barbosa Dias/Divulgação
Uma ninhada com integrantes diferentes surpreendeu um criador de suínos de Tocantinópolis, na região do Bico do Papagaio. Dois dos nove filhotes de uma porca nasceram com o abdômen colado no sábado (12), mas viveram apenas por cerca de 24 horas e morreram na tarde de domingo (13).
O caso aconteceu na Chácara Bom Jesus, localizada no Povoado Ribeirão Grande Cai N’água, na zona rural da cidade. Ênio Barbosa Dias, de 40 anos, é o dono do local e contou sobre a surpresa que foi quando viu os filhotes colados.
O criador explicou que chegou a procurar ajuda médica para os porquinhos, mas que já foi informado que provavelmente eles não vingariam.
“Isso aconteceu umas 2h da tarde, nasceram eles, siameses, grudados um no outro. Levei em um veterinário e ele disse que não tinha como fazer a cirurgia porque eles morreriam. Aí voltei com eles para casa”, explicou.
Ênio disse que até tentou alimentar os bebês, mas eles não resistiram. “Dei mamadeira para eles, mas não teve jeito, eles morreram no outro dia. É complicado”, lamentou o criador.
Condição causada na geração
Os seres vivos nascem com essa condição possivelmente por genética e ficam unidos geralmente em algum processo da geração dos embriões, conforme explicou a veterinária Fernanda Luiza Rosa Vieira. “Pode ocorrer na mudança de fase de embrião para se diferenciar em um feto e eles ficam grudadinhos. Em vez de fazer dois, com genes idênticos, eles ficam grudados”, explicou sobre a fase de formação.
A veterinária também afirmou que a depender da forma como os animais estão colados, pode ser feita uma cirurgia de separação. Para isso seriam necessários diversos exames como tomografias e ressonâncias para saber como os animais estão por dentro, se os dois corpos compartilham os órgãos ou cada um tem os seus independentes. Em alguns casos, pode ocorrer de ter que salvar apenas um dos indivíduos.
No caso dos porcos siameses de Tocantinópolis, Fernanda ressaltou que é perceptível que eles estão ligados pelo abdômen. “A gente não sabe se estão dividindo o mesmo coração ou não, mas se estivessem sobrevivido poderiam sim ser passível de cirurgia de separação porque são dois fetos bem diferenciados”.
Um dos problemas é que a cirurgia para esse tipo de caso é muito cara e profissionais que fazem geralmente são de fora do estado. Outra condição que seria enfrentada é a falta de equipamentos para exames mais complexos e conforme a profissional, só existe uma máquina de tomografia para animais e está em Araguaína. Por isso a sobrevivência seria um desafio para os leitões.
“Como a gente não tem certeza de quantos ou quais órgãos eles estão dividindo, fica muito difícil falar de sobrevida e de prognóstico de cirurgia. A gente não tem uma tomografia, uma ressonância para ver como a divisão desses órgãos por dentro para dar um prognóstico. Mas a gente não pode afirmar nada com certeza, porque tudo é mutável. Conforme for a divisão, sem sobrecarregar um órgão, pode sim haver um que sobrevivia”, disse a veterinária.
Ela também lamentou que os animais sobreviveram por tão pouco tempo, já que esse tipo de caso pode ser importante para os estudos da medicina veterinária.
“Seria um excelente caso para tentar uma cirurgia. Ver um desses porquinhos ou os dois crescerem, serem estudados, ver o comportamento ao longo da vida seria interessante”, pontuou a veterinária.
Por Patrícia Lauris, g1 to