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Mãe, servidora e lutadora: Conheça Jaciara Pereira, 1ª mulher do TO a se tornar faixa preta em jiu-jitsu

Fotos – Marcos Sandes

Na segunda reportagem da série Mulheres em Foco, a Prefeitura trouxe a história da moradora Jaciara Pereira, de 43 anos. Atleta desde a adolescência, ela alcançou recentemente lugar de destaque no jiu-jitsu, esporte ainda praticado em sua maioria por homens. A série em comemoração ao Dia da Mulher, celebrado no próximo dia 8 de março, tem como objetivo mostrar histórias reais de araguainenses que enfrentaram e superaram preconceitos ao longo da vida.

Jaciara Pereira é mãe do Pedro, de 9 anos, esposa, servidora pública em um hospital, pós-graduada em Matemática e mestre em jiu-jitsu. Aos 43 anos, a lutadora se tornou a primeira mulher do Tocantins a alcançar a graduação na faixa preta do esporte que pratica há 17 anos.

Amor pela luta

“Me tornei mestre de jiu-jitsu, que é o objetivo de todo e qualquer lutador, meu nome ficou marcado na história do esporte tocantinense. Gosto do que faço e realizo com muita disciplina e honradez, para mim esse dia coroou todos os anos de dedicação, abdicação e de amor ao esporte”, destacou Jaciara.

A atleta contou que o esporte é mais praticado por homens, pois os golpes para serem executados exigem muito contato físico, motivo que pode inibir a participação do público feminino e também, em alguns casos, o preconceito masculino. Sempre decidida pelo que queria, deixou de lado as possibilidades que a impediriam de alcançar seu sonho.

“No tatame, nunca houve comigo uma situação em que eu pudesse me sentir violada na minha intimidade corporal. Nossa filosofia na academia é muito rigorosa quanto a isso, mas muitas mulheres não procuram a luta pelo risco de serem desrespeitadas”, citou a mestre.

Do tatame para o altar

Na academia, Jaciara conheceu o marido, com quem compartilha há 13 anos a vida e divide a mesma paixão pelo esporte, ambos são faixa preta. “Quando ele começou, eu estava na faixa azul, mas ele evoluiu ao ponto de pegar a preta há mais de 3 anos, por ter mais disponibilidade para o treino, enquanto eu agora que conquistei a preta, justamente pelas tantas atribuições que carrego como mulher”.

Luta diária

Para evoluir na modalidade, ela afirma que nunca pensou em desistir, mesmo em meio aos desafios e aos outros papéis que desempenha. “Sempre gostei do esporte, nunca abandonei o jiu-jitsu mesmo quando vieram situações contrárias, conciliei os treinos com minha vida materna, matrimonial, as corridas de rua, trabalho e estudo, mostrando que nós mulheres podemos conquistar novos objetivos, o que a gente não pode é desistir dos sonhos”.

Além de mestre no jiu-jitsu, Jaciara é pentacampeã da Corrida de Rua de Araguaína e terceira colocada na corrida estadual.

Propósito de vida

Natural de Palmeiras do Tocantins, Jaciara mora há 25 anos em Araguaína, saiu da zona rural em busca das suas metas. O olhar para o esporte começou quando ao encontrar um panfleto na rua que falava sobre essa área, decidiu que era o caminho a tomar.

“Sou órfã de mãe, vim para cá aos 17 anos, após dizer para o meu pai que iria embora, porque queria praticar esportes, me tornar uma grande atleta e estudar para ser uma servidora pública. Foi isso que fiz, saí de casa e realizei os meus sonhos”, garantiu.

Ser mulher
Para ela ser mulher e atleta é quebrar barreiras sem perder a feminilidade. “Sou a prova de que a mulher pode ser doce, vaidosa e ao mesmo tempo forte como uma guerreira. Com o jiu-jitsu, aprendi a ser mais disciplinada, focada, segura e livre”.

 “No tatame, nunca houve comigo uma situação em que eu pudesse me sentir violada na minha intimidade corporal, mas muitas mulheres não procuram a luta pelo risco de serem desrespeitadas”.
Jaciara ao lado de Arildo Andrade, mestre de jiu-jitsu, durante a solenidade de graduação da faixa preta.

Fonte – Secom Araguaína

 

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