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Mães em jornada dupla: Policiais Militares os desafios de conciliar profissão com a maternidade

As mulheres, realmente, precisam ter um dia para comemorar essa função tão especial. Afinal, ser mãe é um papel significativo para sociedade, pois não é apenas colocar no mundo, mas ensinar, educar os filhos ao ponto de determinar a maneira como o indivíduo vai agir diante de outras pessoas. Ser policial é um trabalho que envolve riscos, é cuidar e proteger também outras famílias.

Quando a mulher é policial militar e mãe, o cuidado com a sociedade e com a família se torna uma dupla jornada. E com muita dedicação e planejamento, elas conseguem conciliar as duas funções com sucesso.

A relevância de um relacionamento entre mães e filhos é tão importante, que tem um dia para comemorar essa função. O dia das mães é celebrado no segundo domingo do mês de maio, e neste ano de 2022 comemorado no dia 08. E para homenagear as mães militares, a Polícia Militar do Tocantins vai contar histórias de mães policiais que conciliam a carreira militar com a maternidade.

Orgulho de ter mãe policial – “Minha mãe é policial, ela pega bandido – Coronel PM Wéllere

Ser mãe já é uma responsabilidade muito grande e sendo policial militar isso só aumenta. Ser PM é ter que sair de casa todos os dias para manter a segurança da sociedade e voltar bem, para o lar, para dar atenção à família. É o caso da Coronel PM Wéllere Gomes Barbosa, Diretora de Ensino, Instrução e Pesquisa (DEIP), da Polícia Militar do Tocantins.

A Coronel Wéllere ingressou na Polícia Militar em 2003, por meio do concurso público da época, Curso de Formação de Oficiais (CFO). Hoje está com Pós-doutorado em “Territorialização em Saúde: Desfechos de Saúde em Profissionais de Segurança Pública do Estado do Tocantins”, em andamento.

Ocupando um posto de grande importância na PMTO e conciliando com uma vida acadêmica, poderia ser desculpa para não ter tempo para a família, mas para a Coronel Wéllere não. Momentos de qualidade com sua filha, Maria Sarah de 8 anos, são essenciais para a militar. “ O meu trabalho não é só no horário de expediente, tenho que estar o tempo todo disponível e ainda tenho que corresponder também a minha vida acadêmica. Porém, eu tiro tempo de qualidade com minha filha, parte do meu dia, em todos os dias, é só eu e ela. Quando ela chega da escola, ajudo nas tarefas escolares, brincamos…me divirto com ela”, conta.

A Coronel Wéllere explica que para alinhar o papel de mãe, ser PM e acadêmica, só foi possível graças a uma rede de apoio em casa: sua mãe. “O maior desafio da maternidade foi conseguir atender ao meu trabalho e cuidar da minha filha, como realmente ela precisava e ainda não deixar minha vida acadêmica parar. Se eu não tivesse uma mãe que me desse um apoio, dificilmente eu iria conseguir fazer tudo isso. A minha mãe fez a diferença, ela é minha principal base e é nela que me inspiro para cuidar da minha filha”, explica.

Ser mãe é ser exemplo e para a filha da Coronel, Maria Sarah, a mãe é um exemplo e orgulho de profissional, que trabalha no combate à criminalidade. “Eu gosto de falar para minha filha que ela pode contar comigo, que ela tem alguém que confia nela. E ela sempre fala: ‘Minha mãe é policial, ela pega bandido’, fala toda orgulhosa”, conta a Coronel.

Coronel Wéllere e sua filha Maria Sarah – Foto: Arquivo Pessoal

Cuidar dos filhos de outras mães – Sargento PM Nayara

“Proerd é o programa, Proerd é a solução, lutando contra as drogas, ensinando a dizer não”. Quem já ouviu essa canção sabe o tanto que o Programa Educacional de resistência às Drogas e à Violência (Proerd) é importante na vida de jovens e adolescentes. Quem sabe disso muito bem é a 2º Sargento Nayara Gomes Costa Amorim, que trabalha na Coordenação Estadual do programa, onde tem contato com filhos de outras mães. O resultado que o Proerd traz na vida das pessoas que participam, se deve ao trabalho em conjunto da Polícia Militar, escola e família.

A Sargento Nayara é mãe da Alice e do Pedro, de 7 e 3 anos, ingressou na Polícia Militar em 2003, por meio do concurso público. São 16 anos na PMTO e ela conta que a motivação em participar do Proerd foi a curiosidade, por sempre ouvir falar do trabalho nas escolas. Após fazer o curso, descobriu que é um estilo de vida, um propósito de estar no Proerd, onde ela pode exercer sua profissão e ainda contribuir na formação de crianças e adolescentes.

Como policial que faz parte do Proerd, Nayara sabe que a família é essencial para o crescimento em todas as áreas do cidadão. Isso fica mais evidente quando ela tem acesso a esses jovens. Fazer parte dos ensinamentos sobre drogas e violência na vida dos filhos já é desafiador, e de outras crianças que não são suas é ainda maior o desafio. “Como instrutora do Proerd, temos o carinho pelas crianças, não olhamos apenas como alunos, mas como filhos”, explica a Sargento.

A Sargento entrou para o Proerd antes de ser mãe, então ela sabe que ser mãe muda a vida das mulheres e ainda ser instrutora de um curso que ajuda no desenvolvimento do caráter do indivíduo, é uma grande tarefa. “Acredito que depois que me tornei mãe o meu olhar para as crianças ficou diferente. Antes eu olhava para os alunos como pessoas que precisavam de uma direção, mas agora, sendo mãe olho e penso como se fosse meu filho, oriento, quero ajudar, mostro quais os caminhos corretos com o coração de uma mulher que agora é mãe. Quando eu olho para aquelas crianças eu quero dar o meu melhor”, conta a Sargento que há 13 anos é instrutora do programa.

“Acredito que depois que me tornei mãe o meu olhar para as crianças ficou diferente”, Sargento Nayara – Foto: Arquivo Pessoal

Ser Policial Militar é trabalhar para que outras famílias tenham paz em casa – Major PM Marlene

A Major PM Marlene Alves Borges Machado está na Polícia Militar desde 2005, tem quatro filhos, dois homens e duas mulheres. Ela está em um cargo de grande destaque na PMTO, é comandante do 1º Batalhão, na capital Palmas, primeira mulher a comandar uma Unidade Operacional em Palmas.

Já é difícil ser mãe trabalhando em um serviço comum, e trabalhando como militar e no comando de um Batalhão, o compromisso com a sociedade só cresce. Mesmo sabendo das responsabilidades como militar, a Major sabe que ser mãe também requer uma atenção especial. “O coração fica pequeno quando deixo eles em casa e vou exercer minha profissão, mas fica alegre quando consigo retornar para casa em paz e com sensação de dever cumprido”, conta.

Mesmo que tendo que deixar os filhos em casa para arriscar a vida servindo o povo, lidando todos os dias com a criminalidade, a Major sabe que outras famílias também vão poder usufruir da paz no lar. E se a sociedade está bem protegida, isso também chega a sua casa. “Toda vez que saio de casa, olho para os meus filhos e penso que estou indo trabalhar, para que de alguma forma, eles tenham paz agora e no futuro também”, comenta a major.

“Fico alegre quando consigo retornar para casa em paz e com sensação de dever cumprido”, Major Marlene – Foto: Arquivo Pessoal

Ser mãe é desafiador, mais um bom planejamento ajuda – Sargento PM Flávia

Tornar-se policial militar não é uma tarefa simples, assim como ser mãe. Essas duas funções precisam ser desempenhadas com dedicação e amor. E o que vemos nessas guerreiras é que além dessas duas funções, algumas possuem uma terceira missão.

A 2° sargento Flávia Dayane Pereira da Silva é mãe de dois filhos, Maria Eduarda de Davi Lucas, 16 e 2 anos. Além de ter essas duas responsabilidades, ser policial e mãe, ainda tem um papel fundamental na educação de outras crianças, isso porque ela é diretora de ensino do Colégio Militar Jacy Alves de Barros, em Arraias.

A sargento é pedagoga e entende que a educação é a base para o desenvolvimento do ser humano e levar os ensinamentos de uma educadora a outros jovens é essencial para a transformação de uma nação. “O nosso foco no Colégio Militar é formar estudantes com pensamentos críticos e reflexivos, buscando resolver os problemas do cotidiano com autonomia”, diz.

Flávia conta que o papel de mãe, policial e diretora de uma escola é desafiador, mas é ajustando a rotina, conciliando cada função no seu tempo, que dá certo. Ela ainda afirma que ser mulher é isso, é ser multitarefas, sem perder a essência.  “Procuro buscar inovações todos os dias, para obter os melhores resultados possíveis. Porque ser mulher é ser versátil é ser profissional, mãe, esposa, filha, amiga e jamais se esquecer de ser mulher”, conta.

Para gerir todas essas funções a sargento entendeu que planejamento é uma ferramenta que tem que ser usada durante a rotina. Mãe, policial, esposa…atividades que requerem não só tempo, mas qualidade. “Quando estou no trabalho sempre monitoro a rotina dos meus filhos em casa, para que não haja possibilidade de emergência. Busco planejar e organizar as minhas atividades profissionais de forma que não prejudiquem a minha relação com meus filhos. Ao chegar em casa, me dedico a eles e nos afazeres do lar. São nesses momentos que podemos fortalecer nossa relação, mãe e filhos”, explica Flávia.

“Ser mulher é ser multitarefas, sem perder a essência”, Sargento Flávia Dayane – Foto: Arquivo Pessoal

Mãe, PM e estudante de Medicina – jornada mais que dupla – Tenente-Coronel PM Alessandra

Se ser policial militar e mãe já é algo difícil, estudar medicina se torna mais uma jornada dura. A Tenente-Coronel PM Alessandra Fernandes Bragança viveu na pele a trajetória de estudar medicina, exercer a profissão e ser mãe.  Há 17 anos na Polícia Militar do Tocantins, ela é mãe da Marina e Melissa, 15 e 8 anos, é formada em fisioterapia. Quando estava com quatro anos na corporação, TC Alessandra iniciou o curso de medicina.

Na faculdade, feita em Porto Nacional, ela conseguiu conciliar bem a vida de mãe e policial, mas foi durante a residência que o coração apertou. “Durante a faculdade, apesar de ter cursado em outra cidade, consegui equivalência de algumas disciplinas, então tinha muitos horários vagos, era mais tranquilo.  Mas durante a residência, eu tinha pouco tempo para ficar com minhas filhas. Saía de casa bem cedinho e só voltava tarde da noite, eu trabalhava no turno da noite no Quartel do Comando Geral (QGC)”, relata.

Conciliando a PM, com os horários das aulas e o tempo para estudar, só sobrava os dias de folga para ficar com a família. Mas todo esse esforço da mãe guerreira, da profissional dedicada e aluna exemplar valeram a pena. Era um sonho sendo conquistado, que contou com uma rede de apoio que foi essencial nesses momentos. “Estava realizando um sonho e, com certeza, o apoio do meu marido foi crucial para que tudo desse certo. Meu esposo é quem estava nos bastidores, levando e buscando as crianças na escola e dando todo o suporte necessário”, diz a Tenente-Coronel.

Há 17 anos na PM, a Tenente-Coronel Alessandra é mãe da Marina e Melissa, 15 e 8 anos – Foto: Arquivo Pessoal

18 anos de PM e ser mãe também é desafiador – Sargento PM Millena

São tantas mulheres que precisam se adaptar na atividade profissional, em todas as profissões existem desafios e as policiais militares sabem disso. Elas também vivem uma rotina intensa, na qual têm que se preocupar não apenas com a segurança da família, mas também com a da sociedade.  E mesmo vivendo uma rotina intensa, as mulheres sabem que se tornar mãe é bem mais desafiador do que qualquer profissão.

“Não é fácil, pois tenho que me desdobrar entre as tarefas de mãe, esposa, dona de casa, filha, serva de Deus e Policial Militar”, conta a Sargento PM Millena, que responde sobre como conseguir alinhar.

A 2º sargento Millena Venâncio dos Santos Pereira ingressou na Polícia Militar com 19 anos, em 2004. Foi na PM que ela se tornou mais confiante e determinada, qualidades essenciais para o ser humano que pretende romper todas as adversidades que surgem na vida.

Mesmo com 18 anos na Polícia Militar do Tocantins, Millena sabe que uma das maiores missões que surgiu em sua vida foi ser mãe de dois meninos, um de 15 e o outro de 8 anos.  “Ao tornar-me mãe, percebi que esse seria o meu maior desafio. Me vi responsável por gerar outra pessoa, por conduzir esse novo ser pelo caminho do bem, além de ser a principal responsável em ensinar a eles os princípios e valores morais, para que se tornem homens honrados. Isso para mim, é sem sombra de dúvidas, uma grande e valorosa missão”, relata.

Com 18 anos na PMTO, uma das maiores missões que surgiu em sua vida foi ser mãe de dois meninos, um de 15 e o outro de 8 anos”, Sargento Millena – Foto: Arquivo Pessoal

“Minhas filhas conhecem as peculiaridades da profissão, porque são orientadas a respeito” – Sargento PM Dannyella

Os policiais militares são profissionais que cuidam da segurança da população. E quando uma mãe sai de casa para zelar por outras vidas, ela também sai com o coração apertado, torcendo para que durante o dia tudo ocorre bem.

A Sargento Dannyella Costa Castro Moreira é mãe da Manuella e da Júlia, de 8 e 6 anos. Ingressou na corporação em 2006. Ela faz parte do grupo da Força Tática, do 2º Batalhão da Polícia Militar, onde concluiu o curso com êxito. Nesses 16 anos, recém-completados em 21 de abril, já trabalhou no serviço administrativo, na Patrulha Escolar e outras frentes, conforme era escalada. Atualmente, Sargento PM Dannyella trabalha exclusivamente no serviço operacional.

Com muita experiência na PM, Dannyella entende muito bem que todos os dias são de voltar para casa com a sensação de dever cumprido. “Compondo o serviço operacional, enquanto mulher policial militar e mãe que sou, devo dizer que cada dia de trabalho é de superação e comprometimento, não só com o meu trabalho, onde, juntamente com meus irmãos de farda, devo cumprir a missão de proteger a sociedade, mas comprometida também com a minha família que ficou em casa, com minhas filhas que ficam me esperando voltar com vida e boa saúde”, relata a Sargento.

Os treinamentos durante a formação são intensos, isso permite que o policial volte para o seu lar em paz. A sargento PM Dannyella agradece todos os dias por voltar sã e salva para família. “A missão é árdua, porém as capacitações oferecidas, são necessárias para que voltemos para casa salvos e no meu caso, como no caso de todas as guerreiras mães policiais militares, possamos desfrutar da presença dos nossos filhos e filhas. É gratificante ver a alegria nos olhinhos deles quando estamos juntos”, conta.

As duas filhas da sargento sabem o perigo que envolve o trabalho da mãe, porém entendendo que a mãe cuida também de outras pessoas, faz com que Manuella e Júlia se sintam orgulhosas da mãe que tem. Júlia até quer seguir o exemplo da mãe na profissão. “Minhas filhas admiram a minha profissão, meu esposo é policial militar, ele também trabalha no serviço operacional. Nossas filhas conhecem as peculiaridades do serviço militar, porque nós as orientamos a respeito, porém elas se orgulham muito em dizer que a mãe é policial militar e é da Força Tática. Inclusive, minha filha mais nova diz que vai ser policial militar como a mamãe dela “, fala orgulhosa Dannyella.

“Júlia até quer seguir o exemplo da mãe”, Sargento Dannyella, que atualmente trabalha exclusivamente no serviço operacional da PMTO – Foto: Arquivo Pessoal

Com uma vida repleta de tarefas, elas conseguem cumprir a missão “maternidade”

Todas as policiais militares trabalham para servir o povo, para cuidar da segurança da sociedade. Elas querem proteger não apenas os seus, mas o máximo de famílias possíveis.

Não dá para desprezar os inúmeros desafios que envolvem ser mãe, policial militar e ainda ter outras funções, como ser também estudante, por exemplo. Elas são guerreiras e merecem não apenas um dia, mas todos os dias.

Por meio dessas histórias das mães policiais militares, a Polícia Militar do Tocantins homenageia outras mães militares, civis, mães dos policiais militares, todas que conciliam uma vida repleta de tarefas com a missão da maternidade, papel realizado com muito amor, carinho e ternura.

Feliz dia das mães!

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